Paralisação de 24h inicia ‘nova temporada’ entre o GDF e os servidores públicos



Categorias prometem greve geral caso GDF não cumpra acordos

Por Priscila Rocha e Kleber Karpov

Na manhã dessa sexta-feira (7/Out), os servidores públicos do GDF ocuparam a Praça do Buriti. Em paralisação de 24 horas, os trabalhadores, ligados Movimento Unificado em Defesa do Serviço Público, que representam 17 entidades sindicais da Saúde, Educação e Administração Direta cobraram o pagamento das incorporações de gratificações de 32 categorias, além de outras pautas de reivindicações.

A paralisação ocorre após o governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), descumprir a promessa de pagamento das incorporações das gratificações, anunciadas em setembro de 2015. Com o novo atraso de pagamento e sem previsão por parte do governo, o funcionalismo público promete parar o DF a partir de 24 de outubro.

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Vale observar que, em 2015, Rollemberg havia anunciado o pagamento para outubro, o que não ocorreu e o governo, nas últimas semanas, alegou que ao anunciar tal mês, o pagamento só deverá ocorrer por ocasião do pagamento em novembro.

Outra paralisação de 24 horas ficou marcada para 17 de outubro, ocasião em que o Movimento Unificado espera ter posição concreta por parte do GDF. Porém, sob argumento de não haver disponibilidade de recursos, esse por sua vez, começou a acenar que só deve honrar com o compromisso em 2017.

Desconfiança

Par vice-presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (Sindate-DF), Jorge Vianna, as ações do governo apontam para mais um atraso no pagamento das incorporações das gratificações.

“Eu não vejo com otimismo a resposta do governo. O governo já soltou nas mídias, por meio de seus interlocutores, que pode passar [o pagamento] para o ano que vem e, onde há fumaça há fogo, se ele começou a falar isso é porque ele já tá querendo empurrar com a barriga por mais uns meses. Se você analisar, esse Decreto assinado pelo governador, apenas corrobora com isso. Com medo do DF parar por causa das graves, ele [Rollemberg] tenta intimidar o trabalhador. Isso é assédio moral, mas os servidores mostraram hoje que não estão intimidados e o movimento vai aumentar.”, afirmou Vianna.

Descobrindo um santo para cobrir outro

Mas, em paralelo a manifestação dos servidores, o secretário de Estado da Casa Civil, Sérgio Sampaio convocou uma entrevista coletiva para anunciar que “tem feito um esforço imenso para garantir esse pagamento, em detrimento, muitas vezes, de serviços que são prestados por fornecedores.”.

Política Distrital questionou Sampaio sobre tal iniciativa, uma vez que ao retirar os recursos destinados a saldar dívidas com os fornecedores, para custear pagamento de pessoal. Isso porque o GDF embora resolva problema, pode atenuar outro. Dentre eles o desabastecimento de medicamentos, insumos, manutenção de equipamentos além da suspensão de serviços a exemplo do fornecimento de refeições, lavagem de roupas, hemodiálise, esterilização de instrumentais e vigilância.

O Secretário de Estado de Saúde do DF (SES-DF), Humberto Fonseca, que também participou da coletiva tentou justificar a alternativa de remanejamento de recursos de pagamento dos fornecedores para o custeio de pessoal.

“Esse é o equilíbrio que precisa ser alcançado, porque o recurso é um só e tem que ser analisado se consegue pagar um aumento em detrimento de outros pagamentos. […] Se gastarmos mais com pessoal, temos menos recursos para gastar com custeio e no custeio entra contrato de terceirização de limpeza, vigilância, alimentação, entra todo o abastecimento da nossa rede, toda manutenção dos equipamentos e manutenção Predial”.

Horas Extras

Fonseca aproveitou a coletiva para fazer um apelo aos servidores para que não entreguem as horas extras (HEs), sob argumento que a população do DF será prejudicada. O Secretário prometeu pagar as HEs de maio e junho, ainda nesse mês.

“Depois de um acordo com a Fazenda e a Casa Civil nós vamos conseguir, na semana que vem, pagar dois meses de horas extras [maio e junho]. A secretaria já enviou também o mês de julho, quando houver a disponibilidade [de recurso] também será pago.”

Vale observar que a SES-DF, por meio da Assessoria de Comunicação, informou ao Política Distrital que as HEs de maio foram pagas ontem (7/Out).

Bipolaridade

Ao mesmo tempo em que o governo demonstra a necessidade de contar com a colaboração dos servidores, em ações questionáveis, o governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), manda um duro recado aos trabalhadores que se mantiverem nas greves, caso sejam decretadas ilegais pela Justiça.

O governador publicou o Decreto nº 37.692 na quarta-feira (6/Out) que tem por finalidade endurecer o jogo com os servidores públicos do DF que promete utilizar a Lei Complementar nº 840 de 2011, que rege o funcionalismo público, para punir os  trabalhadores.

A reação dos servidores surgiu por meio de milhares de declarações de repúdio e indignação dos servidores públicos que prometem resistir o que passaram a chamar de “Decreto da Mordaça”, além de atribuir mais um apelido ao governador: Aprendiz de ditador.



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