Pequeno Ghael morre por falta de leito de UTI no HMIB



Com um ano e quatro meses, Ghael não resistiu à terceira negligência da Saúde de Rollemberg

Por Kleber Karpov

Na segunda-feira (16/Out), após noticiar mais uma negligência do GDF, Política Distrital (PD) recebeu uma triste notícia, que o pequeno Ghael, mesmo após a família obter liminar na Justiça, para ter acesso a um leito de Unidade de Terapia Infantil (UTI) veio a óbito, na unidade semi-intensiva do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB).  O caso foi denunciado por uma médica do hospital, que conheceu por a história de Ghael, em 2016, por meio de matéria publicada por PD.

Publicidade

Primeira negligência

O pequeno Ghael nasceu em maio de 2016, no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), com sequelas como insuficiência respiratória, com fortes convulsões, a ponto de ser medicado com gardenal. Isso em decorrência de negligência médica, segundo a designer, Adriana Correia da Cunha, mão do então recém-nascido.

“Eu tive uma gravidez tranquila, fiz todo o pré-natal direitinho, ele nasceu em uma quarta, e no domingo anterior eu fiz um eletro e deu tudo certo.  No dia anterior eu fiz exame e também estava tudo certo. Mas no dia que ele nasceu, eu estava na casa da minha sogra em Santa Maria não quiseram me atender. A bolsa estourou às 23h, eu fui para o hospital de Santa Maria e me mandaram voltar para casa. Passei a madrugada tentando ser atendida e como eu não tinha dilatação, me mandaram andar por duas horas. E quando o bebê nasceu, ele estava sem batimento cardíaco e sem respirar. Depois conseguiram reanimar ele, teve convulsões, precisou ser amarrado no berço por causa das convulsões seguidas. Foi entubado, entrou em coma. Fiquei 20 dias no hospital. Graças a Deus ele teve uma recuperação rápida, mas eu preciso desse acompanhamento para fazer exames devido a situação dele.”, disse.

Segunda Negligência

Na ocasião em que PD recebeu tais informações, Adriana denunciou a segunda negligência por parte da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF). O pequeno Ghael, então com um mês de nascido, estava sem diagnóstico dos distúrbios neurológicos, supostamente, adquirido durante o parto.

A mãe desesperada tinha em mãos um encaminhamento para marcação de consulta com um neuro-pediatra no Hospital da Criança de Brasília José de Alencar (HCB). Porém, Ghael estava retido no Sistema de Regulação do HCB, regulação essa que mantinham cerca de 15 mil outras crianças.

Meses depois PD voltou a falar com Adriana sobre Ghael. O pequeno só conseguiu atendimento médico, por meio da Rede Sarah, por intermédio de ajuda de uma amiga.

Terceira Negligência

Com complicações de saúde, PD foi procurado por uma médica que pediu sigilo da identidade. Revoltada, a profissional de saúde pediu ajuda ao Blog, para tentar pressionar de alguma forma, a SES-DF ou ainda o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) sobre o caso.

PD voltou a conversar com Adriana que explicou, em desespero que, mesmo com uma liminar obtida na Justiça, Ghael havia estava parando por falta de assistência médica adeaquada. O mais desesperador, o filho dependia da morte de outra criança para ter acesso a um leito de UTI. Isso porque na sentença o juiz concedeu prazo de 48 horas para a SES-DF garantir a internação do pequeno sobrevivente e lutador.

Mas infelizmente, PD foi informado, pela médica que denunciou o caso, que Ghael Davi, com um ano e quatro meses, sucumbiu à luta contra o tempo e veio a óbito, na manhã de segunda-feira (16/Out). Por ter ciência que poderia se tratar de mais uma morte, possívelmente evitável, a profissional de saúde criticou as condições da Saúde do DF.

“É inconcebível. Se a morte dele era para acontecer neste momento, que ao menos tivesse morrido com dignidade. O Ghael, guerreiro, ganhou a sua paz e o descanso; A família perdeu seu único filho. Nós, perdemos a esperança de vermos um Brasil melhor.”, lamentou.

O que diz a SES

Após a publicação da matéria intitulada Estão aguardando outro bebê morrer para liberar uma vaga” afirma a mãe do pequeno Ghael sobre falta de leito de UTI no HMIB’, a SES-DF entrou em contato com PD por meio da Assessoria de Comunicação (ASCOM).

“A Secretaria de Saúde informa que segundo registros do sistema Trakcare, o paciente G.D.C.A. encontra-se internado no Box de Emergência do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) e foi inserido na lista de espera de UTI da Central de Regulação de Internação Hospitalar (CRIH) em 12/10/2017. Contudo, não havia disponibilidade de vaga que atendesse as necessidades do paciente. Em 15/10/2017, foi recebida  na CRIH ordem judicial em favor do paciente. A equipe da CRIH continuou a busca ativa por leitos de UTI na Rede SES, bem como ampliou a busca aos hospitais privados não contratados porém, sem êxito. O paciente segue na lista de espera, aguardando disponibilidade de vaga em UTI Pediátrica (com suporte de hemodiálise) para direcionamento ao leito.”.

Opinião

Infelizmente, chegou tarde, pois à família restará apenas a lembrança do olhar doce e meigo de um batalhador e sobrevivente do descaso com que pseudo-gestores e chefes de estado tratam a saúde pública do Distrito Federal. Força aos pais, Adriana e Alexandro, assim como aos demais familiares do pequeno Ghael. E que se faça Justiça para evitar que outras crianças, na iminência de sucumbirem tenham a chance negada ao Ghael Davi Correia Andrade.



Política Distrital nas redes sociais? Curta e Siga em:
YouTube | Instagram | Facebook | Twitter










Artigo anteriorMPDFT ajuíza ação de improbidade, contra secretário de saúde, por falta equipamentos de ressonância magnética
Próximo artigoGDF é condenado a implementar reajuste e a pagar valores retroativos aos professores