Por Karinne Viana
O Hospital de Apoio de Brasília (HAB), da Secretaria de Saúde (SES-DF), conclui, nesta sexta-feira (18), um treinamento voltado a servidores do Laboratório de Biologia Molecular da unidade. A capacitação faz parte de um projeto-piloto da pasta que implementa sequenciamento de nova geração (NGS) para identificar variantes genéticas associadas aos cânceres hereditários de mama e de ovário. No Brasil, a SES-DF é pioneira na iniciativa de integrar o diagnóstico a uma linha de cuidados.
O programa é completo e constituído pelas etapas de acolhimento, testagem e aconselhamento genético. O treinamento integra as atividades alusivas à campanha Outubro Rosa e envolve médicos geneticistas, biólogos e biomédicos. “O treinamento vai garantir um processo padronizado e eficiente de sequenciamento genético, ajudando a identificar alterações que podem auxiliar na prevenção ou no diagnóstico precoce, garantindo um acompanhamento eficaz dessas mulheres”, explica o médico geneticista da Unidade de Genética (Ugen) do HAB, David Uchoa.
Tecnologia de ponta
O avanço na área de genética é possível graças à aquisição, pela SES-DF, de um sequenciador genético de última geração. O equipamento permite realizar testes com amostras de sangue de pacientes atendidas nos ambulatórios de oncogenética do HAB e do Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB). Neste início do projeto, a previsão é de que, durante um ano, 480 testagens sejam realizadas, incluindo a rotina e padronização da plataforma de análise. O investimento na nova tecnologia foi de, aproximadamente, 500 mil reais.
“Vamos fortalecer a prevenção, utilizando as melhores metodologias para detectar alterações genéticas antes que a doença se manifeste”, afirma o assessor técnico de Genética Molecular Oncológica da Ugen do HAB, Claudiner Oliveira.
O assessor explica ainda que o sequenciamento genético envolve um processo detalhado de análise do DNA que pode levar até 60 dias para ser concluído. “O exame é complexo, pois envolve várias etapas, desde a análise de genes específicos até a emissão de um laudo que combina os dados genéticos e o histórico clínico da paciente”, detalha.
A auxiliar de Patologia Clínica e participante do treinamento, Carolina Amaro, vê o exame como um grande avanço no SUS. “Trabalhar com sequenciamento genético para prevenção do câncer é incrível. Ver essa tecnologia chegar é um progresso enorme para a saúde pública”, disse.
Os testes de mapeamento genético serão realizados pelo Laboratório de Biologia Molecular da Ugen do HAB, em cumprimento à Lei 6.733 de 2020, que assegura a realização do teste de mapeamento genético às mulheres com elevado risco de desenvolver câncer de mama. “Identificar essas alterações patogênicas pode mudar a vida dessas pacientes, que muitas vezes nem sabem que têm o risco. Além disso, o impacto também será significativo para os cofres públicos, evitando judicializações e procedimentos invasivos desnecessários”, conclui o especialista.
Modelo
Inaugurado em 1994, o HAB é referência em reabilitação de doentes com sequelas neurológicas graves e em cuidados paliativos oncológicos e geriátricos. O hospital atende pacientes encaminhados de outras unidades da rede, em regime de internação e/ou ambulatorial.
Localizado no Setor Noroeste, ao lado do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB), o local abriga ainda a sede da Ugen. Esta é responsável pelos exames de triagem neonatal – “Teste do Pezinho” – de todo o DF e Entorno, oferecendo o diagnóstico precoce em recém-nascidos.