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31 out 2024 02:23


Polícia faz operação contra envolvidos em grampos sobre propina no GDF

Agentes da Decap cumprem mandados de busca e apreensão em secretarias do Governo do DF e residências de servidores comissionados para colher provas no caso de denúncia feita pela sindicalista Marli Rodrigues

Por Maria Eugênia e Mirelle Pinheiro

A Delegacia Especial de Repressão aos Crimes contra a Administração Pública (Decap) cumpre nesta quarta-feira (17/8) oito mandados de busca e apreensão em secretarias instaladas no Palácio do Buriti, na sede da Companhia de Planejamento do DF (Codeplan) e residências de servidores comissionados para colher provas sobre as denúncias de um suposto esquema de pagamento de propina no Governo do DF. A operação, em parceria com o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), tem como alvos as pessoas envolvidas nos grampos feitos pela presidente do SindSaúde, Marli Rodrigues.

O objetivo é apreender documentos, computadores e outros elementos de prova, como e-mails, de cobrança de propina por parte de servidores públicos. A operação é fruto das denúncias apresentadas por Marli Rodrigues, que relatou um esquema de extorsão por parte de servidores para liberar contribuições sindicais.

Estão na mira da Decap o ex-ouvidor da vice-governadoria do DF Valdecir Medeiros; o ex-técnico em políticas públicas e gestão governamental da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag) Edvaldo Simplício da Silva; e Christian Michael Popov, ex-gerente de Cessões, Requisições e Ressarcimentos da Seplag.

Edvaldo aparece nas gravações como suposto intermediador entre a Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag) e o SindSaúde, na tentativa de evitar que o sindicato, por falta de certidões que deveriam ser apresentadas ao governo, perdesse recursos descontados no contracheque de servidores filiados à entidade. Ele foi apresentado a Marli Rodrigues por Valdecir Marques Medeiros, amigo pessoal do vice-governador Renato Santana. Marques, que era funcionário do SindSaúde cedido à Vice-Governadoria como ouvidor, foi exonerado no dia 25 de julho.

Segundo as denúncias, o servidor Edvaldo receberia pagamentos por uma “consultoria”, enquanto o processo seria “paralisado” dentro da secretaria até que as certidões fossem todas entregues. O caso foi denunciado pela sindicalista à Casa Civil no fim do ano passado e entregue para investigação da Decap. Além de agentes e delegados da Polícia Civil, participam da operação promotores de Defesa do Sistema Único de Saúde (ProSus) e de Defesa do Patrimônio Público (Prodep).

Descredenciamento
Em novembro do ano passado, Marli teria gravado um encontro realizado entre ela, Edvaldo e Valdecir, após o SindSaúde receber uma carta convocatória assinada por Christian Michael Popov. O documento exigia novas certidões em um prazo de 30 dias para que a entidade não perdesse o repasse das consignações descontadas em folha de pagamento dos servidores.

Porém, o sindicato tinha pendências em função de dívidas trabalhistas e queria ajuda para regularizar a situação e não ser descredenciado. Segundo as investigações, Valdecir entrou em contato com Edvaldo, que teria proposto uma “consultoria” ao custo de R$ 214 mil. Em troca, os servidores tentariam segurar o processo na Seplag para que o sindicato não fosse descredenciado. Diante da oferta dos servidores, Marli fez a denúncia à Casa Civil.

CPI da Saúde
A operação foi deflagrada no mesmo dia em que a CPI da Saúde ouve, na Câmara Legislativa, o ex-assessor do GDF Caio Barbieri. Foi ele quem primeiro comunicou à Casa Civil sobre a suposta extorsão de integrantes do governo local ao SindSaúde. Antes de assumir a assessoria de imprensa do Turismo, Caio Barbieri, que é jornalista, trabalhava na Casa Civil. Ele também atuou como assessor do SindSaúde. Por isso, a relação muito próxima com Marli Rodrigues. Após a divulgação das gravações, ele também foi exonerado.

Barbieri contou que, em novembro de 2015, foi procurado por Marli e, a partir desse contato, fez a intermediação dela com o chefe da Casa Civil, Sérgio Sampaio, na época seu superior imediato. Foi Barbieri também quem ajudou Marli a conduzir o assunto até o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) desde janeiro deste ano.

Outras gravações
O caso dos grampos, entretanto, extrapola as relações do sindicato com servidores do GDF. Áudios divulgados em 15 de julho, Marli e o vice-governador Renato Santana falam em um esquema de propinas em contratos da Secretaria de Saúde que giraria em torno de 10% e 30%. A gravação teria sido realizada na casa de Valdecir, em Águas Claras. Tanto Edvaldo quanto Valdeci foram exonerados pelo governador Rodrigo Rollemberg.

Fonte: Metrópoles

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