Por Júlia Zouain
Os policiais civis do Distrito Federal se veem em uma posição crítica perante os Governos do Distrito Federal (GDF) e Federal (GF): eles fazem parte da única carreira das polícias judiciárias organizadas e mantidas pela União que ainda não tiveram uma mesa de negociação instalada com os entes para discutir a proposta de reajuste da categoria.
Enquanto a Polícia Federal (PF) já finalizou suas negociações, com a sanção da Lei nº 14.875/24, que reajustou os salários das carreiras que integram a corporação, a Polícia Civil do DF (PCDF), custeada pelo Fundo Constitucional do DF (FCDF), aguarda, sem resposta, o início das tratativas com o governo federal via Ministério da Gestão (MGI) para dar andamento ao pleito histórico da categoria.
A PCDF e a PF, com origens normativas semelhantes, historicamente mantiveram paridade salarial devido à relevância e responsabilidade compartilhadas na segurança pública do Distrito Federal e da União. Contudo, ao longo dos anos, uma crescente disparidade salarial surgiu entre as duas categorias.
Hoje, a diferença salarial varia entre 10,3% e 23,12%, dependendo da classe do policial, e aumentará significativamente até 2026, caso os policiais civis não recebam o reajuste, de acordo com o sindicato.
Essa situação, segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol-DF), Enoque Venancio de Freitas, tem causado angústia e impaciência entre a categoria, que reivindica uma proposta de reajuste salarial que restabeleça a simetria entre policiais civis e federais. Freitas afirma que esse sentimento negativo poderá acarretar consequências nos serviços prestados pela PCDF.
“Desde abril, o GDF solicitou ao governo federal a implementação da mesa de negociação. Já passamos da metade do ano e continuamos sem uma ação concreta para isso. Ao mesmo tempo, o GDF também não respondeu à reivindicação da categoria, que aguarda a elaboração de uma proposta de restabelecimento da simetria salarial entre a PCDF e a PF nos termos solicitados pelo sindicato”, frisa o sindicalista.
Enoque afirma que, em razão da falta de resposta e iniciativa dos governos para solucionar essa demanda, a sensação de angústia e desmotivação cresce sem precedentes dentro da categoria.
“Tivemos uma reunião com representantes sindicais recentemente e visitamos diversas delegacias durante o mês de julho. O que escutamos deixa claro que a categoria não suportará mais um mês nessa situação sem uma resposta concreta. Os policiais civis não blefaram no passado e certamente iremos nos mobilizar novamente caso a situação não avance”, destaca o presidente do Sinpol-DF.