Superintendente ‘atrolepa’ controle social e comunidade reage para tentar impedir suspensão de serviços
Por Kleber Karpov
Na noite de quarta-feira (25) lideranças comunitárias e membros do Conselho Regional de Saúde de Santa Maria (CRSSM) se mobilizou em frente ao Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) para tentar impedir a suspensão da realização de partos na unidade. Por meio de Memorando, sob argumento da falta de neonatologistas, o supervisor da unidade suspendeu, temporariamente, o serviço no HRSM.
Embora as justificativas recaiam sobre a falta de neonatologistas, Ata de reunião de quinta-feira (26/Jan) aponta diversos motivos, relacionados a falta de estrutura, de profissionais e, também, à falta de gestão, comuns a diversas unidades de saúde do DF.
Estrutura
Dentre os tópicos levantados na reunião estão questões relacionadas à capacidade de atendimento em decorrência da falta de servidores e de superlotação das unidades: Lacunas em escalas com períodos sem pediatras ou, apenas com um plantonista para cobertura de leitos nas Unidades de Cuidados Intermediários (UCINs); de alojamentos; Atendimento a Recém Nascidos (RN) de Risco habitual e alto risco na sala de parto; Permanência na sala de parto de vários RNs graves, com patologias indicativas de internação em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) ou internações em UCINs;
Mais especificamente em relação a falta de pessoal, a unidade aponta a necessidade de suspensão dos serviços até que o HRSM receba os médicos provenientes de contratos temporários, para as especialidades de nas especialidades de Neonatologia, Pediatria e Medicina Intensiva Adulto. A SES-DF está em fase de contratação, conforme consta em o Edital Normativo nº 14/2016 – SES/DF, publicado no Diário Oficial do DF (DODF) n. º 223, de 28 de novembro de 2016.
Porém em divulgação preliminar da SES-DF, dos contratos temporários classificados apontam que a rede deve receber seis neonatologistas, 59 pediatras e 10 médicos intensivos estão classificados para assumir uma das vagas em toda rede.
Falta de Gestão
Mas problemas diretamente relacionados à gestão da unidade de saúde também são apontados, a exemplo de: Falta de equipes especializadas, compostas apenas por pediatras gerais; Perda de 180 horas, equivalente a nove médicos de 20 horas, em decorrência de exonerações, retratações de horas, motivadas por más condições de trabalho com equipes reduzidas, suspensão de pagamento de titularidade e insalubridade, ambos impactando diretamente na remuneração, licenças médicas sem previsão de retorno devido a patologias graves e licenças gestantes;
Mudanças
Ao apurar com a SES-DF sobre a suspensão da realização de partos no HRSM, a Secretaria, por meio da Assessoria de Comunicação (ASCOM) informou que as gestantes de baixo risco devem ser encaminhadas aos hospitais regionais da Asa Norte (HRAN) e do Gama (HRG) em casos simples. As de alto risco, por sua vez, devem ser transportadas para o Hospital Universitário de Brasília (HuB).
“Para absorver a demanda durante este período, a Superintendência da Região de Saúde Sul traçou plano de contingência. Gestantes de alto risco serão referenciadas para o Hospital Universitário de Brasília, via regulação de leitos. As grávidas de baixo risco serão encaminhadas para o Hospital Regional do Gama e para o Hospital Regional da Asa Norte.”
Controle Social
As decisões tomadas no entanto revoltaram a população e as lideranças locais que acusam o superintendente da Região de ignorar o controle social ao realizar as reuniões e definirem mudanças, sem a participação de representantes do Conselho Regional de Saúde de Santa Maria (CRSSM).
“O conselho Regional de saude não participou das reuniões, pois não convidaram. Reuniões pelo qual este órgão deveria participar, é ter conhecimento? Posso mencionar?”
Em áudios publicados no aplicativo Whatsapp, as lideranças acusam os gestores da Unidade de perseguição à presidente do CRSSM.
Esvaziamento do HRSM
Outra denúncia também chegou ao blog, atribuída ao senhor Allan, prefeito comunitario de Santa Maria que questiona os excessos de transferências de médicos e enfermeiros e sugere um possível aproveitamento, por parte da direçao do HRSM, da crise na neonaotologia para tentar esvaziar o hospital.
“Você não acha estranho isso, estão passando tudo lá para o gama? Veja o que recebi aqui: Como a escala de vcs ja estava desfalcada pelas folgas de feriado e recesso tivemos que definir por mandar diariamente o nosso administrativo de segunda a sexta, no fim de semana será enviado alguém para realizar esse serviço mais administrativo. Os demais só serão enviados quando houver possibilidade na escala. O critério de início utilizado, foi o seguinte: 1- As pessoas que não estavam ou não foram no último fechamento para o HRG. 2- Fizemos uma lista de rodízio para que não repita as mesmas pessoas. 3- Ao final da lista inicia tudo novamente. 4- Isso será realizado até o dia 13. 5- As escalas já irão sair da chefia sinalizando quem irá para o HRG. 6- Os servidores escalados para ir para o HRG deverão bater o ponto no HRG de entrada e saída. 7- Os servidores que estiverem escalados no HRG deverão procurar a chefia do setor ou o Enfermeiro e se apresentar. 8- A partir de segunda os servidores da atenção básica tbm irão cumprir as escalas no HRG. 9- Ninguém até o momento está sendo remanejado ou lotado em outro setor. Por isso peço calma e se eu tiver mais informações estarei convocando vcs para uma reunião. Espero a compreensão de todos Obrigada!”.
Além disso eles estão transferindo obstetras e ginecologistas para o HRAN e o hospital do Gama. “Se o problema é só o neonatal para quê essas transferências desses profissionais se o Hospital de Santa Maria está com falta de médicos?”, questionou.
Embora possa ser apenas parte do “plano de contingência” da SES-DF, Política Distrital teve acesso a documento emitido pelo superintendente da Região de Saúde Sul, Ismael Vitorino na quinta-feira (26/Jan), em que é possível se constatar que as afirmações relacionadas aos obstetras e ginecologistas podem ser constatadas em previsões de deslocamentos desses profissionais do HRSM para as unidades do HRAN e HRG.
Opinião
O HRSM desde os escândalos da gestão por meio de Organização Social (OSS) Real Sociedade Espanhola, se tornou uma ‘divina comédia humana’, no entanto, na gestão do governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB) evoluiu para ‘novela mexicana’.
Vale observar que a neonatologia do HRSM permaneceu fechada entre julho de 2015 a março de 2016, à época ao anunciar a reabertura, o governador afirmou que a reestruturação de carga horária e escala dos servidores permitiram a reativação do serviço naquela unidade.
Porém, desde que o atual secretário de Saúde, Humberto Fonseca assumiu a ‘gestão’ da SES-DF, o que se percebe é uma total falta de controle. No entanto, essas não apenas a expressão de opinião de um veículo de imprensa, mas palavras ouvidas, diariamente, de servidores que vão desde os corredores das Unidades Básicas de Saúde, passam pelas hospitais e terminam, nas mesas ao lado da sala do secretário.