Por Luísa Ágnes
Na noite desta terça-feira (22/10), os cinco candidatos à presidência da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional do Distrito Federal (OAB/DF) participaram do primeiro debate da campanha, promovido pela TV Brasília e pelo Correio Braziliense. O encontro reuniu os postulantes ao comando da entidade, incluindo Cleber Lopes, que lidera a chapa A Ordem com Mais Voz e se posicionou como candidato de oposição.
Durante o debate, Cleber Lopes criticou a forma como a atual gestão da OAB/DF tem conduzido os recursos da entidade e a falta de diálogo com outras instituições, destacando a necessidade de maior transparência e de um relacionamento mais ativo com as esferas de poder. “Estamos aqui para representar a advocacia que está insatisfeita”, declarou em sua apresentação, reafirmando seu compromisso com mudanças estruturais e uma gestão mais próxima dos advogados, focada na defesa das prerrogativas da classe.
Os jornalistas que conduziram o debate abordaram temas como os eventos de 8 de janeiro, buscas e apreensões de advogados, o papel da consultoria jurídica em inteligência artificial (IA) e a relação da Ordem com o Supremo Tribunal Federal (STF). Cleber enfatizou que a OAB precisa ser mais vigilante, especialmente quando se trata de proteger os direitos dos advogados em operações sensíveis, como as de busca e apreensão.
Um dos momentos mais intensos do debate ocorreu quando Cleber questionou Paulo Maurício, candidato da chapa OAB para Todos, sobre a transparência nos gastos da atual gestão. Cleber apontou que o portal de transparência da OAB/DF estava desatualizado desde 2022 e mencionou o aumento de 108% na rubrica de serviços de apoio administrativo, técnico e operacional entre 2022 e 2024. “Eu encontrei um aumento estratosférico em uma rubrica, e gostaria de entender a razão para essa disparidade nos gastos”, cobrou Cleber, exigindo explicações para os advogados do Distrito Federal.
“O tema da transparência não tem sido levado a sério nesta gestão. As informações contábeis que solicitamos não foram plenamente atualizadas e a explicação do senhor não convence”, reforçou o criminalista. Ele defendeu que todos os gastos sejam comunicados de forma clara e que o controle financeiro da OAB/DF seja rigoroso, especialmente em um contexto que demanda transformações na entidade.
Em sua fala, Lopes também reforçou seu compromisso com a independência da OAB/DF. “Na minha gestão, não haverá interferência do Executivo, do Judiciário e muito menos do Ministério Público. A OAB será respeitada, como eu sempre fui ao longo dos meus 25 anos de advocacia”, afirmou, destacando sua trajetória de atuação independente e seu foco na defesa dos advogados.
Cleber enfatizou que presidir a OAB requer mais do que diálogo, é preciso coragem para agir. “Para exercer a advocacia, é preciso ter coragem, e para presidir a Ordem dos Advogados, além da coragem, é preciso ter disposição para resolver os problemas da advocacia. Eu não sou contra o diálogo, mas ele não pode ser um fim em si mesmo. Quando o diálogo não resolve, é preciso tomar providências e mobilizar a sociedade”, defendeu o candidato, sugerindo que a OAB deveria liderar um movimento nacional para sensibilizar a sociedade sobre os desafios enfrentados pela classe.
Em uma interação com o candidato Everardo Ribeiro Gueiros Filho, da chapa Coragem para Mudar, Cleber reforçou a necessidade de uma postura mais proativa por parte da OAB/DF. Ele criticou o que considera uma “zona de conforto” da atual gestão, que se limita a enviar ofícios em vez de adotar medidas mais incisivas. “A Ordem não pode viver em uma zona de conforto, mandando ofícios e esperando que as coisas se resolvam sozinhas. O presidente precisa ir junto, precisa estar presente para resolver os problemas da advocacia”, disse.
O debate proporcionou um panorama das propostas e visões de cada candidato para a OAB/DF. Também participaram do debate Cristiane Damasceno Leite, que lidera a chapa Inovar a Ordem; Everardo Ribeiro Gueiros Filho, da chapa Coragem para Mudar; Karolyne Guimarães dos Santos Borges, que encabeça a chapa A OAB que eu Preciso; e Paulo Maurício Braz Siqueira (Poli), à frente da chapa OAB para Todos. O encontro foi uma oportunidade para que cada candidato apresentasse suas propostas e discutisse temas cruciais para a advocacia do Distrito Federal, destacando a disputa acirrada que se desenha até o dia da eleição.