Pretos e pardos são maioria no Cadastro Único no DF

Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos faz exposição virtual com pinturas de símbolos da cultura africana feitas por famílias atendidas



A maioria dos inscritos no Cadastro Único no Distrito Federal é considerada preta ou parda. De acordo com dados do Ministério da Cidadania, o número corresponde a 348.581 das 457.914 pessoas residentes no DF que estão no Cadastro Único, que, na capital federal, é coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes). Dessas, 317.322 se autodeclaram pardas e 31.259 declararam no ato da inscrição que são pretas. As mulheres pardas e pretas são maioria, 184.837 e 18.955, respectivamente.

“Nosso público é formado, principalmente, por pretos e pardos. Por isso, consideramos importante preparar ações direcionadas para eles no Mês da Consciência Negra. Temos consciência que enfrentar a exclusão social é um dos passos para combater a exclusão racial”, ressalta a secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha.

A chefe do Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do Gama Sul, Flávia Mendes, explica que a equipe tem diferentes metodologias para abordar a temática no trabalho desenvolvido na unidade, mesmo neste período de pandemia. “Temos consciência de todas as desigualdades que afetam esse público. Acreditamos que o Mês da Consciência Negra deve ser celebrado e homenageado como ferramenta de resistência ao racismo e todas as suas formas”, explica.

Publicidade

Escolhemos nove famílias que se autodeclaram pretas ou pardas. Enviamos o material, a tela e as tintas, e apresentamos quatro símbolos e os significados para eles escolherem o que iriam pintar. Temos famílias que têm um histórico de vivência muito difícil, então, foi uma tentativa de trazer esse sentimento de superação

Flávia Mendes, chefe do Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do Gama Sul

Para o Mês da Consciência Negra, o Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do Gama Sul preparou uma atividade especial com os usuários: uma exposição virtual com pinturas de símbolos da cultura africana feitas pelas famílias de crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos atendidas na unidade.

“Escolhemos nove famílias que se autodeclaram pretas ou pardas. Enviamos o material, a tela e as tintas, e apresentamos quatro símbolos e os significados para eles escolherem o que iriam pintar. Temos famílias que têm um histórico de vivência muito difícil, então, foi uma tentativa de trazer esse sentimento de superação, por isso, escolhemos também as famílias negras e pardas para trabalhar, que são maioria. Eu acho que seria importante trabalhar com todas elas, mas, pelo contexto da pandemia, escolhi essas famílias para que elas tivessem esse sentimento de pertencimento”, destaca Flávia Mendes.

Ao mostrar os símbolos, conversar sobre a origem e significado, os usuários tiveram a oportunidade de escolher uma figura e, a partir daquele momento, passaram a receber instruções sobre a pintura. As famílias mandaram fotos das produções pelo whatsapp da unidade socioassistencial.

Chefe de família, dois dos quatro filhos de Maria Jucelia Neves dos Santos, de sete e 11 anos, frequentam há dois anos o Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do Gama Sul. “Aqui em casa todos nós somos negros e vivemos um momento complicado. Para nós foi um aprendizado, porque não conhecíamos esses símbolos. Nós nos reunimos para pintar, foi um momento alegre para a nossa família, os meninos ficaram muito orgulhosos”, conta. “Escolhemos o símbolo do pássaro olhando para trás, que significa aprender com o passado. Eu achei legal o significado porque a gente tem um passado tão difícil e isso foi interessante”.

“Em uma situação sem pandemia teríamos explorado mais esse tema, mas diante da necessidade de manter o distanciamento social, optamos pela exposição virtual com símbolos da cultura adinkra na página temporária do Instagram que criamos para registrar a memória dessa quarentena. Também foi uma forma de tentar amenizar o peso da quarentena, trazer o que teve de positivo, porque é uma situação muito difícil para os nossos usuários, muitos tiveram redução na renda, por exemplo. Então, eu quero que eles vejam com leveza, pelo menos, parte desse processo”, pontua a chefe do Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos.

A exposição virtual está disponível no Instagram no endereço: @memorias.da.quarentena

Centro de Convivência

A unidade do Gama Sul atende 66 usuários, por semana, sendo a maioria idosos, além das crianças e adolescentes entre 6 a 14 anos. Com o atendimento remoto adotado desde março como medida para evitar disseminação da Covid-19, o Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos passou a desenvolver atividades direcionadas não apenas para o usuário, mas para as famílias.

Maria Jucelia, de 37 anos, relata que teve apoio importante do Centro de Convivência no ano passado quando teve câncer e precisou parar de trabalhar. “Sou faxineira e perdi meu emprego no ano passado e neste ano. Tenho recebido um apoio incrível. Eles ajudaram com as crianças, tivemos acesso a benefícios sociais”.

O Centro de Convivência e Fortalecimento de Vínculos é uma unidade pública de assistência social para o atendimento de famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade e risco social. No DF, são 17 unidades gerenciadas pela Secretaria de Desenvolvimento Social.

O objetivo é estimular a integração e a troca de experiências entre os usuários, valorizando o sentido de vida coletiva, de forma a promover o respeito às diferenças, a colaboração, o autoconhecimento, a autoconfiança e a cidadania, além de fortalecer os vínculos com a família e comunidade.


Vale a pena conferir



Política Distrital nas redes sociais? Curta e Siga em:
YouTube | Instagram | Facebook | Twitter










FONTEAgência Brasília
Artigo anteriorCovid-19: com cinco novas mortes, número de óbitos no DF chega a 3.920
Próximo artigoPDAF Nove escolas do DF são beneficiadas com emendas de Jorge Vianna