Por Michelle Horovits
Profissionais de saúde mental do Distrito Federal reuniram-se nesta sexta-feira (15) no Fórum do Projeto de Supervisão Clínico-Institucional na Rede de Atenção Psicossocial. O objetivo foi trocar experiências bem-sucedidas e usá-las como exemplo para aprimorar os serviços da rede. O evento faz parte das ações previstas no convênio firmado entre a Secretaria de Saúde (SES-DF) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em maio de 2022.
Entre os casos de sucesso na capital estão aulas de fotografia no combate à depressão, de culinária e cultivo de hortas terapêuticas. O sucesso do grupo “Corrida Pé na Estrada” e do “Papo de Homem” no Centro de Atenção Psicossocial Álcool e outras Drogas (Caps AD) II de Sobradinho II também renderam várias perguntas. Este último busca debater a violência de gênero, com foco na saúde mental.
Para a secretária de Saúde, Lucilene Florêncio, o convênio possui o potencial de não só melhorar os serviços como também promover a continuidade do atendimento, especialmente em um contexto marcado pelos desafios impostos durante a pandemia. “Esse trabalho conjunto busca a qualificação da atenção em saúde mental. As pessoas em sofrimento têm o direito de receber cuidado e tratamento sem abrir mão do seu lugar de cidadã, de sua liberdade.”
Qualificação
Ao longo de todo este ano, equipes dos serviços especializados de saúde mental do DF terão a supervisão clínico-institucional de oito profissionais com expertise na área. Eles contribuirão com o aperfeiçoamento da rede de Atenção Psicossocial Especializada por meio da discussão de casos e de novas ideias de atendimentos e tratamentos. A iniciativa terá impacto direto em 504 profissionais de saúde, servidores dos Caps.
A Rede de Atenção Psicossocial (Raps) do DF conta com 18 centros psicossociais distribuídos pelas regiões de saúde da capital, em pleno funcionamento. Atualmente, são 316 psicólogos e 100 psiquiatras na ativa, além de profissionais de outras carreiras.
Feira de ideias
O fórum reuniu usuários, familiares, profissionais de saúde, gestores, representantes de redes intersetoriais, supervisores clínicos institucionais e equipes da SES-DF e da Fiocruz Brasília para debater os desafios e avanços em suas respectivas áreas de atuação.
“Nossa expectativa é que as equipes dos Caps do DF sejam fortalecidas e que este evento seja uma grande feira de compartilhamento, encontros e celebração do cuidado integral, de qualidade, inovação e compromisso com o bem-estar da comunidade”, explicou a diretora de saúde mental da SES-DF, Fernanda Falcomer.
Segundo a representante da Fiocruz Brasília Anna Pontes, o fórum está estruturado em torno de três eixos temáticos: Inovações em práticas de Promoção da Contratualidade no Território; Inovações em Estratégias para o Atendimento Domiciliar; e Práticas Inovadoras para a Articulação de Redes Intra e Intersetoriais. “Estamos focados no fortalecimento da rede intersetorial de saúde mental dentro do DF”, afirmou.
Uma das participantes, a assistente social Waleska Batista destacou o que aprendeu sobre articulação em rede e como os serviços têm desenvolvido essa atividade. “Essa troca foi importante para conseguirmos tirar novas estratégias, como uma rede que não tem transporte e pode conseguir articulação entre as redes para resolver um problema e se apoiar.”
Centros da rede
Os Caps são pontos de atenção estratégicos de caráter aberto e comunitário, formado por uma equipe multiprofissional que atua sob a ótica interdisciplinar. Os atendimentos são prioritariamente voltados às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial.