Após se reunir com membros do governo e parlamentares da base governista, Rollemberg tenta minimizar escândalo dos áudios gravados pela presidente do SindSaúde-DF
Por Kleber karpov
O governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), se reuniu na manhã deste domingo (17/Jul) com secretários e os deputados Telma Rufino (sem partido), Roosevelt Vilela (PSB), Rodrigo Delmasso (PTN), Chico Leite (Rede), Juarezão (PSB) e Sandra Faraj (SD). O objetivo era discutir o impacto dos áudios gravados pela presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimento de Saúde do DF (SindSaúde-DF), Marli Rodrigues, em encontro com o vice-governador do DF, Renato Santana (PSD) e o Ouvidor do GDF, Valdecir Medeiros e em segunda reunião da Sindicalista com o ex-secretário de Saúde Fábio Gondim.
Na reunião a principal conclusão colocada à mesa foi que Marli Rodrigues quer desestabilizar o governo para impedir a instituição das Organizações Sociais no DF. “Está bem claro que não existe nenhuma denúncia específica, o que existem são somente bravatas para tentar desestabilizar o governo”, afirmou o secretário de Estado de Saúde, Humberto Fonseca.
A julgar que a SES-DF, na gestão de Fonseca, tem dado declarações oficiosas e equivocadas, a exemplo, do projeto de redução do banco de horas extras, que após estar sob análise da Governança do GDF, se descobriu que de fato sequer foi enviado para estudo.
Eureca
Explicação simplista e, eureca, o GDF achou a solução ao problema, Rollemberg anuncia que mandou investigar o propinoduto na Secretaria de Estado de Fazenda do DF (Sefaz-DF) e que deve entrar com uma queixa-crime contra a presidente do SindSaúde. Está tudo resolvido.
Será?
Vale observar que o vice-governador, tanto no áudio, quanto na nota pessoal à imprensa e ainda na Nota do PSD, são enfáticos em deixar claro que Renato notificou Rollemberg sobre o propinoduto. O governo por sua vez, se limitou a dizer que vai investigar e quer resultados em 30 dias.
Nesse caso chama atenção o parecer do controlador-geral do DF Henrique Moraes Ziller. Ao G1, Ziller diz que por “falta de elementos mínimos”, não se instaurou processo à época.
“A única informação concreta que havia era o nome do funcionário que seria da Secretaria de Fazenda. Ele não foi encontrado no quadro do órgão e não houve prosseguimento da investigação.”
O GDF brinca com a inteligência da população do DF? Se o vice-governador, afirmou, no áudio, que empresários passaram tal informação, o que tais informações foram passadas à Rollemberg. Como o GDF não tinha informações mínimas para instaurar processo? Acaso os empresários não conseguiriam identificar as pessoas envolvidas na tentativa de extorsão?
Falando em OSs
Embora o GDF afirme não ter encontrado os ‘servidores’ nos quadros das SES-DF, não é de se espantar a afirmação do Controlador-Geral. Afinal, na última semana o GDF fez algumas descobertas interessantes. O diretor geral do Instituto do Câncer e Pediatria Especializada (ICIPE), Organização Social que gere o Hospital da Criança de Brasília José de Alencar (HCB), o ex-secretário adjunto de Saúde, de São Paulo, Renilson Rehem de Souza é presidente do Instituto Brasileiro das Organizações Sociais.
E o mais grave, tal informação acabou por revelar que Renilson Rehem, ex-gestor do Fundo de Saúde do Ministério da Saúde (MS), Sady Carnot Falcão Filho, o ex-Secretário de Estado de Saúde de Mato Grosso e o consultor, Luiz Eduardo Luiz Conceição Bermudez, foram nomeados, pela Secretaria de Estado de Saúde, fazem parte de um grupo de sete designados para compor o Grupo de Trabalho destinado a “analisar o modelo de gestão do SUS-DF e o modelo de atenção à saúde analisar o modelo de gestão do SUS-DF e o modelo de atenção à saúde, bem como para propor mudanças com vistas à descentralização da gestão em saúde e organização das Redes de Atenção à Saúde.”.
O problema é que a portaria nº 204, de 19 de agosto de 2015, publicada no Diário Oficial do DF de 21 de agosto de 2015, colocam os quatro consultores de saúde na condição de servidores da Secretaria de Saúde do DF, o que não condiz com a realidade.
Ao divulgar o caso na matéria intitulada Diretor de OSs que gere Hospital da Criança do DF é presidente do Instituto Brasileiro das Organizações Sociais (9/Jul), o ex-secretário de Saúde, Fábio Gondim, explicou que não tinha conhecimento que os quatro nomeados não faziam parte dos quadros da SES-DF, por estar, na ocasião, há 20 dias à frente da pasta.
Estranhamente…
O SindSaúde-DF também não fica fora dos questionamentos, ao aguardar mais de 24 horas após a explosão do escândalo para responsabilizar o jornalista, Suzano Almeida, ex-funcionário do sindicato e atual Metrópoles, pelo vazamento do áudio(16/Jul).
Nesse caso chama atenção, que antes de Metrópoles publicar a matéria, a revista Isto É, por meio do jornalista, Ary Filgueira, trouxe o caso a tona (15/Jul). Nesse caso vale a ressalva que Isto É entrou em contato com Marli Rodrigues que não mencionou a responsabilidade de Almeida e deixou claro que apenas se pronunciaria na Justiça. Será que a sindicalista não tinha chegado a tal conclusão?
Também não se pode deixar de observar que no próprio áudio, da reunião com o vice-governador, Marli Rodrigues relata ser cautelosa com jornalistas, em relação a algumas demandas do Sindicato, embora também afirme ter informações roubadas por outra jornalista que trabalhou na entidade. A sindicalista deixou informações tão importantes expostas?
Pobre o assunto em questão, Política Distrital, tentou contato com Almeida, mas não obteve retorno.
Câmara Legislativa
Quem talvez não engula tantas pérolas seja os demais deputados distritais na Câmara Legislativa do DF (CLDF), que devem se reunir na segunda-feira (18/Jul), em reunião extraordinária da CPI da Saúde e da mesa diretora para tratar do escândalo ‘minimizado’ pelo GDF.
Com informações de Correio Braziliense, G1, Metrópoles e SindSaúde