Quantas donas Marias Abadias devem morrer até que o GDF resolva tratar a Saúde com seriedade?



Com dois meses internada no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), Dona Maria Abadia, 88 anos, morreu no sábado (20/Jun), após ter quatro cirurgias adiadas. De acordo com a reportagem, no último cancelamento, a paciente aguardou por seis horas, no centro cirúrgico, porém o procedimento foi cancelado para se atender outra pessoa ‘mais jovem’. A notícia foi veiculada pela Rede Globo no DFTV desta segunda-feira (22/Jun).

O atestado de óbito apontou por causa da morte, infecção generalizada, pneumonia, fratura da perna e problema de coração de doença de chagas, mas familiares de Maria Abadia observam que Dona Maria Abadia deu entrada no HRSM saudável, apenas com uma fratura no fêmur.

Ao se analisar friamente o cenário da saúde pública do DF, pode-se perceber o descaso dos gestores da Saúde do DF para com a vida dos usuários do Sistema Único de Saúde do DF (SUS-DF). E isso imputa ‘omissão do Estado’ como mais uma possível nova ‘causa mortis’ que pode começar a figurar nos laudos do Instituto Médico Legal (IML).

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Basta lembrar que há menos de um mês, outra senhora, Luzia Quintino Rocha, de 79 anos, entrou para a lista de obituários do novo governo. Isso após contrair superbactéria KPC, no Hospital Regional de Taguatinga (HRT) também por ter dado entrada no Hospital por ter quebrado um fêmur. Aos 79 anos a longa espera dentro de uma unidade de saúde, fez com que dona Luzia, que segundo relatos de familiares ao blog Política Distrital, gozava de plena saúde também se tornasse estatística. A assim como Dona Luzia e Maria Abadia, outras três idosas vieram a morrer aguardando tratamento em unidades de saúde do DF, por contraírem a KPC.

Tentáculos da omissão?

Para entender os tentáculos da omissão do Estado, na Saúde, não basta compreender a SES-DF apenas por meio da deficiência de atendimento na atividade fim, ou seja, aos pacientes. Os problemas vão desde o desperdício de recursos humanos, atingem o uso da estrutura de forma ineficiente e até na condição de cabide de emprego, gastos exacerbados com horas-extras e contratos emergenciais. Problemas esses que foram comuns aos governos anteriores, estão nas entranhas da Secretaria e parecem estarem longe de serem estancados, mesmo na atual gestão.

Na manhã desta segunda-feira (22/Jun) Política Distrital foi abordado por três especialistas em Saúde Pública que, embora prefiram não serem identificados, foram unânimes em refutar a exoneração do Subsecretário de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde (SUGETES/SES), Luiz Eduardo Fontenelle de Vasconcelos. Não em defesa de Vasconcelos, mas por afirmarem que a pessoa nomeada não tem competência técnica para administrar a pasta.

Segundo um dos especialistas: “A odontóloga nomeada caiu na pasta de paraquedas. Péssima escolha. Só vai acabar de afundar o Secretário (Sousa) que com certeza não a conhece.”, afirmou ao observar: “A doutora já obteve ‘carta de recomendação’ de um parlamentar na Câmara Legislativa do DF (CLDF) para assumir a Diretoria de Atenção Básica.”, concluiu.

O outro, com trânsito nos corredores do Buriti, foi enfático: “O negócio foi de mal a pior. Extremamente rejeitada, difícil relacionamento, incompetente e pior, assume a subsecretaria por indicação política.”, afirmou.

Enquanto isso o GDF e a SES-DF cria Mártires

A julgar pela forma com que a Saúde do DF tem sido conduzida, o comentário do jornalista, Alexandre Garcia, mesmo em momento tráfico, foi muito feliz. “Dona Abadia morre como uma mártir para denunciar essa retaguarda administrativa que não dá solução para a crise da saúde. De excesso de gente e falta de meios. Afinal administrar é administrar crises.”, afirmou.



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