Por Otávio Augusto
Uma parcela do funcionalismo centraliza a atenção de autoridades de saúde: 68.238 servidores públicos acima de 60 anos são considerados integrantes do grupo de risco para o coronavírus. Atualmente, são mais de 600 mil servidores na ativa.
A idade é o limite utilizado pelo Ministério da Saúde para recomendar que não saiam de casa, justamente pelo risco maior à saúde caso sejam infectados pelo vírus.
O grupo de risco representa 12,3% do quadro do governo federal. Os dados foram levantados pelo Metrópoles, com base na plataforma Painel Raio-X Economia, que compila informações da União.
Espalhados por todo o país, esse grupo é o mais vulnerável aos efeitos da Covid-19, doença causada pelo coronavírus. Com o agravamento da situação, o Ministério da Economia tem endurecido as regras de afastamento do trabalho. Além disso, viagens foram canceladas.
O médico Leonardo Weissmann, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), alerta que a aglomeração de pessoas em repartições públicas e escritórios, por exemplo, aumenta os riscos de contágio. Cada doente infecta de duas a quatro pessoas, em média.
“Quanto mais as pessoas puderem ficar em casa, melhor. Esse é o ideal. Toda a aglomeração é extremamente arriscada neste momento. Podemos estar interagindo com pessoas no período de incubação ou que estão infectados e não apresentam sintomas e estão transmitindo o vírus”, explica o especialista.
Ele defende que o teletrabalho ou o rodízio não se trata de férias ou licença remunerada, mas, sim, de uma medida de emergência em saúde pública. “Isso sem dúvidas diminui o contágio pelo vírus e poderemos controlar a disseminação mais rápido”, concluiu.
Desde o agravamento da pandemia, uma série de órgãos públicos adotou funcionamento diferente, como suspensão de atendimentos presenciais, redução de jornada, teletrabalho e afastamento do grupo de risco. Segundo o Ministério da Economia, até o momento, não houve registro de contágio de servidores.
Governo amplia medidas
Nesta terça-feira (17/03), o Ministério da Economia endureceu as regras para conter a transmissão do coronavírus no funcionalismo público. Esta é a terceira instrução normativa editada pela Secretaria de Gestão e Desempenho de Pessoal em duas semanas.
Viagens internacionais estão suspensas enquanto durar a pandemia; servidores com mais de 60 anos, gestantes, lactantes ou doentes crônicos farão trabalho remoto; funcionários terão turnos alternados de revezamento e alguns, teletrabalho; e empregados públicos com filho em idade escolar serão dispensados.
As viagens nacionais também sofreram alterações. Órgãos e entidades deverão “reavaliar criteriosamente a necessidade de realização de viagens domésticas a serviço enquanto perdurar o estado de emergência de saúde pública”.
Terceirizados
O Ministério da Economia orientou órgãos e entidades da administração pública federal para que seja analisada a situação dos trabalhadores terceirizados que estão no grupo de risco do coronavírus.
O objetivo é avaliar a necessidade de suspensão ou substituição temporária na prestação dos serviços de funcionários com doenças crônicas, idade acima de 60 anos ou histórico de contato com suspeito ou confirmado para o Covid-19 nos últimos 14 dias.
“Esta é uma das medidas com o objetivo de combater a doença. As empresas contratadas terão, ainda, de adotar medidas para intensificar a higienização de áreas com maior fluxo de pessoas e superfícies mais tocadas”, explica o Ministério da Economia, em nota.
Versão oficial
Segundo o Ministério da Economia, servidores ou empregados públicos federais com 60 anos ou mais deverão realizar suas atividades remotamente, enquanto perdurar o estado de emergência de saúde pública em decorrência do coronavírus.
O governo recomenda que órgãos e entidades organizem campanhas de conscientização dos riscos e das medidas de prevenção para enfrentamento da emergência de saúde pública.
“As orientações a seguir [veja abaixo] foram encaminhadas para todos os servidores e empregados públicos federais e estão constantemente sendo reforçadas aos servidores públicos federais”, conclui o texto.
Medidas para o controle do coronavírus em órgãos públicos:
Lavar frequentemente as mãos com água e sabonete;
Higienizar as mãos com álcool em gel;
Cobrir com lenço de papel o nariz e a boca ao espirrar ou tossir;
Evitar tocar o rosto com as mãos não lavadas;
Evitar aglomerações, dando preferência à realização de reuniões virtuais;
Manter os ambientes bem ventilados;
Não compartilhar objetos pessoais.
Fonte: Metrópoles