Quem ama quer saúde no Gama: Porque Rollemberg não se levanta como no Hospital da Criança?



SÉRIE DE REPORTAGENS: QUEM AMA QUER SAÚDE NO GAMA

Quando as ‘intenções’ engolem as referências

Por Kleber Karpov

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A transferência da pediatria do Hospital Regional do Gama (HRG) para o de Santa Maria (HRSM) e o caos no Centro Obstétrico do HRG trazem uma série de questionamentos em relação ao tratamento dado pelo governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB) e do secretário de Estado de Saúde do DF (SES-DF), Humberto Fonseca à Saúde Pública do DF.

Recentemente, o DF assistiu o governador vir a público e assumir a falta de competência para gerir o do Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB). Isso para defender a permanência do Instituto do Câncer Infantil e Pediatria Especializada (ICIPE), organização social responsável à frente da gestão do hospital.

Na ocasião, governador e secretário vieram a público e utilizaram o alto índice de satisfação dos usuários pelos serviços prestados pelo hospital. Porém, sem mencionar a existência de bonificação financeira pela qualidade alcançados. Usaram ainda o ‘reconhecimento’ do diretor-geral da Organização Mundial de Saúde, Tedros Adhanom Ghebreyesus, de ser o HCB, um modelo a ser seguido por outros países.

No entanto, olhares mais atentos perceberam, durante o evento amplamente apoiado pela sociedade brasiliense, que a defesa do governador era pela gestão do ICIPE. E, não necessariamente pela continuidade do HCB, uma vez que Rollemberg, publicamente aviltou a possibilidade de fechamento da unidade.

Em outro episódio, o secretário de Saúde, durante a prestação de contas da SES-DF, na Câmara Legislativa do DF (CLDF), foi categórico ao afirmar que “Hoje eu consigo dizer sem nenhum medo de errar que a administração direta é uma forma impossível de se fazer gestão de Saúde, no Brasil”.

Isso após repetir o discurso de Rollemberg, e o mais ‘estranho’ apontar o incipiente sucesso da gestão do Instituto Hospital de Base do DF (IHBDF). O Serviço Social Autônomo (SSA), com quatro meses de existência, que já se tornou palco de algo inédito, centro cirúrgico sem ar condicionado e também a falta de sedativos, para, por exemplo, pessoas internadas com câncer, ou saídas de um pós-cirúrgico, em que os pacientes, geralmente, sofrem com dores intensas.

Intenções questionáveis

Porém, ao se pegar as ações e discursos dos mandatários do Executivo ficam evidentes os contrassensos por trás dos discursos. Um deles é apontado pelo ex-secretário de Saúde, Fábio Gondim, pré-candidato a deputado federal (PSDB). Em um vídeo gravado recentemente, Gondim questiona o discurso de Fonseca e a condução da gestão da Saúde do DF.

No vídeo, Gondim foi contundente ao reafirmar o desmonte da Saúde para tentar se passar a gestão da Saúde para à iniciativa privada. “Não há nem capacidade nem interesse de colocar a saúde funcionado. O que se quer é  fazer com que toda saúde seja passada para uma organização social, um instituto, uma empresa pública em que a gestão deixe de ser controlada pela sociedade.”, disse ao elogiar a competência dos servidores da SES-DF. “Me parece que o problema não é impossibilidade da gestão. O problema é a incapacidade da atual gestão em fazer a administração direta.”, concluiu

Por essa ótica, ex-secretário da Saúde por quatro gestões e pré-candidato Jofran Frejat (PR) questionado por PD foi contundente ao criticar o fechamento da pediatria do HRG. “Já comentei várias vezes sobre a insanidade de fechar a pediatria do Gama. Imagina o sofrimento que vai causar e a dificuldade para recuperar”.

Reconhecimento

O contraste é evidente dos discurso entre Frejat e Rollemberg e seus seguidores são evidentes. Enquanto o ex-gestor lembra e enaltece o modelo copiado por diversos países, inclusive na Europa, com a implantação dos Centros de Saúde no DF na gestão pública. Fonseca, responsável por garantir o funcionamento condena e Rollemberg endossa a condenação referenciando jogos de interesses dúbios com a gestão terceirizada.

Aliás, até pouco tempo, o HBDF era referência em atendimento de alta complexidade. O transplante de rins, em 2014, que teve o procedimento suspenso, por falta de renovação do credenciamento em dezembro do ano passado. Ou ainda o de fígado, que ajudou a colocar o DF na liderança nacional de transplantes realizados.

O próprio HRG, recentemente condenado a ficar sem pediatria pela gestão Rollemberg, como bem o lembrou em 2016, o deputado Chico Vigilante (PT). A unidade ganhou, na gestão anterior, o título recebido na gestão do governador Agnelo Queiroz (PT), a Iniciativa Hospital Amigo da Criança (IHAC), concedido pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (UNICEF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a mesma que endossou o HCB.

Como bem o lembrou, uma servidora do SES-DF, não identificada por PD. “A REFORMA desse pronto socorro infantil foi referenciada pelo UNICEF por já temos o título de hospital Amiga da infância – Banco de leite, berçário, pediatria e Pronto Socorro infantil. Hj só temos o banco de leite.(SIC)”, disse.

Ao se falar em referencias, ignoradas por Rollemberg e Fonseca ainda figuram, entre outros, os hospitais regionais do Paranoá (HRPa), por exemplo, era referencial em cirurgias de coluna, ou de Taguatinga (HRT) de ortopedia, Materno Infantil de Brasília (HMIB) em reprodução humana.  O que essas unidades têm em comum? O sucateamento por parte da gestão de Rollemberg e Fonseca.

Capacidade de gestão

Nesse contexto, entra o questionamento de Frejat, em entrevista recente ao programa Panorama Político (3/Mai), em contraposição ao discurso de Fonseca. “Se nós sempre conseguimos atender, por que de uma hora para outra não somos mais capazes?”, questionou o pré-candidato ao GDF, ao lembrar a falta de gestão de Rollemberg e cia.

O óbvio

Que ao ser confrontado, Rollemberg e Fonseca vão recorrer ao discurso que nomearam quase 10 mil servidores. Mas como bem o lembrou Fábio Gondim, “O problema é a incapacidade da atual gestão em fazer a administração direta.”. Isso porque em outras ocasiões em que discute, por exemplo, o dimensionamento de pessoal na Saúde, por parte do secretario de Saúde, fica óbvio a falta de capacidade.

Falta essa refletida até mesmo no fechamento da pediatria no HRG, como bem o lembrou a deputada distrital Celina Leão (PP) em entrevista ao PD. “Nessa semana o governador do DF realizou ato de posse para 1600 servidores, desses, 108 pediatras e pelo que entendi, 84 neonatologistas. Agora como o governo, que anuncia mais de 100 nomeações de pediatras, em vez de colocar a pediatria do hospital do Gama para dar assistência aos 200 mil habitantes da cidade, fecha a unidade?”, disse Celina Leão.

A pergunta que não quer calar

Mas, se até pouco tempo detinha tantos referenciais, a pergunta que não quer calar é, por que Rollemberg não se levanta, para defender o resgate da Saúde Pública nos hospitais geridos por Fonseca, ou convocou a imprensa e instigou a opinião pública para resgatar a a Saúde Pública do DF, com ampla participação da cúpula do DF, Ordem dos Advogados, Defensoria Pública, etc.

Talvez a resposta seja simples. Ao contratar o secretário de Saúde Humberto Fonseca, que substituiu Gondim por discordar da gestão por meio de OSs, as cargas do governador estavam à mesa. Fica Icipe!

 



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