Ponto nevrálgico para Rodrigo Rollemberg, a gestão da saúde pública será um dos grandes desafios para o novo governador do Distrito Federal.
Dados do Conselho Federal de Medicina (Out/14) apontam que o DF conta hoje com 12.198 médicos ativos. Desses 10.476 direcionados à atenção primária (atendimentos preventivos à saúde, como exame pré-natal, vacinações, exames laboratoriais de rotina, etc) e 1.722 à secundária (atendimentos em casos de doenças de tratamento ambulatorial, internações, cirurgias). Esses dados consolidam outra constatação, do Tribunal de Contas da União (TCU) (Abr/14) que o DF tem 4,9 médicos por mil habitantes e o terceiro em números de leitos 2,92 leitos por mil habitantes do país, média acima do estipulado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2,5 leitos por mil pessoas.
Mas nem só de bons números vive o governo. A gestão do governador Agnelo Queiroz (PT-DF), foi um fiasco, fator que atribuiu à Queiroz a segunda pior avaliação de governo do país e a eliminação na corrida à reeleição ao GDF ainda em primeiro turno. O governador passou por grandes desgastes por obras não prioritárias ou até por suspeita de superfaturamento a exemplo do Estádio Nacional Mané Garrincha e do Veículo Leve sobre Pneus (VLP), alvos de críticas da população do DF.
A pasta da Saúde é ponto nevrálgico dessa relação com a sociedade e teve um grande reflexo na derrota de Queiroz. O governador não conseguiu explicar o motivo de, mesmo com tantas contratações de médicos, enfermeiros, técnicos e outros profissionais para a Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF); inaugurações de Unidades de Pronto Atendimetno (UPAs) e de Centros de Atendimentos Psicossociais (CAPs); o atendimento ter piorado. Isso tanto pela falta de médicos, quanto de medicamentos e de equipamentos.
Com a vitória de Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) para o GDF uma boa gestão da SES-DF é estratégica. Embora não haja divulgação oficial, a disputada fica entre dois candidatos: o ex-diretor do Hospital Regional da Asa Norte (HRAN), diretor da Associação Médica de Brasília (AMBr), o médico pneumologista, Paulo Henrique Ramos Feitosa e o atual presidente do Sindicato dos Médicos do DF (SindMédico-DF), médico ginecologista e advogado, Marcos Gutemberg Fialho da Costa.
A Feitosa é atribuída à participação na criação do Plano de Governo de Rollemberg para a pasta da saúde. Feitosa deixou a diretoria do HRAN para se dedicar exclusivamente ao novo projeto para a saúde do DF, o que lhe rendeu perseguição política à Feitosa e tentativa de difamação nas regionais de saúde. Queixas do Diretor nas redes sociais apontam que alguns colegas insistem em fazer atendimento em clínicas particulares quando deveriam dar expediente nos hospitais. Talvez as críticas de alguns servidores do HRAN que consideram Feitosa um ‘linha dura’, justifiquem tais perseguições.
Guttemberg por sua vez, à frente da presidência do SindMédico, desde 2009, sendo que desde 1998 assumiu outras pastas na diretoria do Sindicato. Foi um dos grandes críticos da gestão do governador Agnelo Queiroz, com relação às políticas públicas da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF). Na disputa de uma vaga a deputado distrital, com apenas 8853 votos, mas garantiu a segunda suplência pelo PSB-DF.
Guttemberg é conhecido ainda por participar ativamente da eleição da Chapa Aliança Médica (Chapa 1), comandada pelo ex-presidente da AMBr, doutor, Lairson Rabelo, que disputou em 2013 o comando do Conselho Regional de Medicina do DF (CRM-DF). Na época, a Aliança Médica, de Rabelo, contou ainda com amplo apoio da AMBr, mas principalmente do PT, por intermédio do ex-secretário da SES, Rafael Barbosa (PT-DF).
À Rollemberg cabe a difícil missão de definir à quem dará o comando da gestão do ‘calcanhar de Aquiles’. E ao novo Secretário de Saúde, seja Feitosa, Guttemberg ou outro escolhido, a flexibilidade de negociação com os diversos personagens da saúde, mas, sobretudo, a capacidade de romper com velhos hábitos e práticas nada republicanas para tornar eficiente o sistema de atendimento da saúde pública do Distrito Federal.
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