Por Gutemberg Fialho
Certamente, a população do Distrito Federal já ouviu as mais diversas promessas desde o início do período eleitoral. Em especial, por parte do atual governador, que corre contra o tempo em busca de um fio de esperança neste 2º turno. Inclusive, a moda entre seus apoiadores agora é dizer: “Brasília não está à venda”. Claro que não está. Até porque, do jeito que ele deixou, ninguém, em sã consciência, compraria. A verdade é que, do “socialista”, não podemos e nem devemos esperar nada. E vou lembrar principalmente aos servidores públicos do DF o porquê.
Vamos começar, então, pelos proventos de cada servidor. Desde o início de seu governo, Rollemberg, além de não conceder a terceira parcela do reajuste estabelecido por lei em 2013, cortou gratificações, reduziu o valor pago por horas extras de trabalho, não pagou, durante um ano, a Gratificação de Insalubridade em casos de remoção e, para finalizar (era só o que faltava), ameaçou parcelar os salários de aproximadamente 45 mil trabalhadores do funcionalismo público local.
No que diz respeito às aposentadorias, não foi nada diferente. Nos últimos três anos, sempre com a desculpa de não ter dinheiro em caixa, o GDF retirou nada menos do que R$ 1,7 bilhão do Instituto de Previdência dos Servidores do DF (IPREV): sem garantias viáveis de reposição. Isso sem contar com a controversa reforma previdenciária local, que unificou os fundos do Instituto no ano passado. Tais ações, totalmente irresponsáveis, motivaram a perda do Certificado de Regularidade Previdenciária (CRP), o que atesta, ou atestava, o bom funcionamento do sistema financeiro do DF.
Com os salários e, quem diria, até as aposentadorias ameaçadas, fato é que chegamos a 2018 com redução de ganhos, insegurança e endividamento dos servidores; o que fez o setor produtivo encolher. E se você pensa que isso não tem nada a ver com o dominó da economia, está enganado. Nos últimos anos, empresas fecharam as portas e a capital chegou a atingir o maior índice de desemprego do país: hoje 19,5% da população do DF economicamente ativa está fora do mercado de trabalho.
Se formos setorizar, por exemplo, posso dizer, sem medo de errar, por acompanhar de perto as denúncias que chegam ao SindMédico-DF, que, na Saúde, os resultados dos últimos quase quatro anos de gestão Rollemberg são desastrosos. Para se ter uma mínima ideia, em 2015, havia uma média diária de 15,6 óbitos hospitalares. Os dados deste ano apontam uma média que chegou a 19,3 mortes por dia de pacientes internados em hospitais do DF. Isso nunca aconteceu na história do Distrito Federal.
Há ainda outros tantos motivos para não votar em Rollemberg que, por questão de espaço, não poderei citar aqui. No entanto, é importante frisar a você, cidadão, que se há alguma dúvida de que caminhamos rumo ao buraco nos últimos anos, basta tentar ter acesso a algum dos hospitais do DF. Faltam medicamentos, reagentes para exames, materiais básicos, como de limpeza, e até tomógrafos, essenciais para salvar vidas. Além de tudo isso (ou nada), faltam médicos. Com a redução de salários e as péssimas condições de trabalho, em julho deste ano, a rede pública contava com apenas 61 médicos a mais do que havia em 2014.
Não se deixem enganar. Deste Rollemberg que se apresenta a nós hoje, não há nada diferente daquele de 2014. É o mesmo. Com promessas que, sabemos, nem sairão do papel nem alimentarão nossa esperança.
Gutemberg Fialho é presidente do Sindicato dos Médicos do DF