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23 dez 2024 04:25


Receptores e familiares de doadores celebram o Dia Nacional da Doação de Órgãos

Mesmo na pandemia, data comemorada neste domingo (27) não passou em branco

 

Celebrado neste domingo (27), o Dia Nacional da Doação de Órgãos tem como objetivo incentivar o debate sobre a doação e o transplante de órgãos. Apesar dos percalços causados pela pandemia do novo coronavírus, a Secretaria de Saúde, por meio da Central Estadual de Transplantes (CET), promoveu ações pontuais para comemorar a campanha do Setembro Verde, mês destinado à conscientização sobre o assunto.

“Devido à pandemia, foi preciso adaptar a programação de atividades que fazemos anualmente. A preocupação era manter a segurança que o momento exige sem deixar a data passar em branco” explica a chefe do Núcleo de Distribuição de Órgãos e Tecidos da CET, Camila Hirata.

As ações, realizadas desde o dia 23 de setembro, incluíram todas as medidas de segurança para evitar a disseminação do novo coronavírus. Foram realizados eventos no Hemocentro e no Hospital Regional de Ceilândia (HRC) com palestras para os servidores e reconhecimento pelo trabalho fundamental que exercem.

Em outro projeto chamado “Te agradeço de coração”, a equipe da Central de Transplantes foi até a residência de famílias de doadores como um gesto de gratidão pela doação.

“A doação de órgãos é um ato de amor ao próximo e um gesto de empatia por pessoas cuja única chance de viver é um transplante, sendo também uma oportunidade de recomeço. Nós da Central de Transplantes agradecemos todas as famílias que disseram sim a doação. Que disseram sim a vida. A todos os doadores e famílias doadoras, nosso muito obrigado”, agradeceu Camila Hirata.


Agradecimentos

“Eu estou aqui hoje porque uma família, mesmo em um momento muito difícil, disse sim para a doação de órgãos. E eu tenho uma gratidão muito grande por essa família e o meu doador. Eu carrego uma parte dele com muito amor e carinho”, afirma Robério Melo, receptor.

“Eu sou receptora hoje de um rim da minha irmã. Minhas cinco irmãs fizeram os exames, todas elas deram compatíveis, duas delas 100%, e uma delas me fez a doação. Elas não pensaram duas vezes em falar o sim. Eu tenho três anos de transplante renal e vivo tranquilamente”, relata Mariléia Rodrigues Martins, receptora de 42 anos.

Ela conta, ainda, que participou de uma meia maratona no ano passado e se tornou corredora de rua. “As vezes, eu acho que a gente passa a ver a vida com outros olhos, a gente passa a ter mais vontade de viver. E eu só posso dar graças a Deus. A palavra é gratidão à minha irmã, que foi doadora”, agradece. Veja, abaixo, o depoimento de Mariléia:

Felipe Costa conta como foi a decisão da família de doar os órgãos da mãe que faleceu aos 56 anos em janeiro deste ano. “Quando aconteceu, o baque é muito grande e a gente, a família, não tinha passado esse ponto, conversado com ela. E quando a gente recebeu a ligação, no momento a gente até… não é uma coisa que a gente acha ruim, mas a gente não está esperando a ligação de fazer uma doação de órgãos”.

Embora com receio, Felipe conversou com a família e optaram pela doação.

Até o dia 22 de setembro, foram realizados neste ano, no Distrito Federal, 17 transplantes de coração, 74 de fígado, 34 de rim, 135 de córnea e 71 de medula óssea. A lista de espera para transplantes está com 937 pessoas, sendo 21 para coração, 15 para fígado, 548 de rim e 353 para córnea.

Aproximadamente 50% dos transplantes de fígado e de coração feitos no DF são de órgãos vindos de outros Estados. O sistema gerenciado pelo Ministério da Saúde faz um ranking em todo o país e quanto mais compatível, e com mais urgência para o transplante, mais no topo da lista o paciente fica para receber o órgão.

O transporte desses órgãos é feito por aviões de Companhias Aéreas, através de voos comerciais, ou pela Força Aérea Brasileira, numa parceria entre o Ministério da Saúde e Ministério da Defesa. Quando o transporte é entre cidades próximas ao DF, como Goiânia, também é utilizado o transporte o aéreo do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar.


Doação

O Brasil possui o maior sistema público de transplantes do mundo. Atualmente, cerca de 96% dos procedimentos são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O país é o segundo maior transplantador mundial, atrás apenas dos Estados Unidos.

Os pacientes recebem assistência integral e gratuita, incluindo exames preparatórios, cirurgia, acompanhamento e medicamentos pós-transplante, pela rede pública de saúde. Os órgãos e tecidos que podem ser doados após a morte são: rim, pulmão, coração, válvulas cardíacas, fígado, córnea, ossos, pele, pâncreas e intestino.

No Distrito Federal, são realizados transplantes de coração, fígado, rins e córneas de doadores falecidos. Também são feitos transplantes de medula óssea. Os procedimentos, pela rede pública, ocorrem no Hospital de Base, Hospital Universitário de Brasília (HUB) e Instituto de Cardiologia do DF (ICDF).

No Base e no HUB são realizados transplantes de rins e córneas. O ICDF faz transplantes de coração, fígado, rins, córneas e medula óssea.

Pandemia

Contudo, devido à pandemia, o Ministério da Saúde lançou em abril uma nota técnica em que somente doadores de múltiplos órgãos, como coração e rins, poderiam ter as córneas captadas, que são considerados tecidos. Vale ressaltar que essa mesma nota técnica recomendou a realização do teste RT-PCR para detecção do coronavírus para todos os doadores.

Somente em 18 de setembro o Ministério publicou uma nova nota autorizando a retomada da retirada de tecidos em doadores após a parada cardiorrespiratória. Atualmente, a Secretaria de Saúde está em um processo de reajustes para ampliar novamente a captação de órgãos.

“Mesmo com todas as dificuldades da pandemia, o sistema nacional de transplantes não parou. O transplante de córnea foi o que sofreu um maior impacto em todo o Brasil. Aqui no DF já estamos com um plano de retomada para restabelecer essas doações e transplantes”, ressaltou a chefe do Núcleo de Distribuição de Órgãos e Tecidos da CET, Camila Hirata.

Como doar órgãos?

Há dois tipos de doadores. O primeiro é o doador vivo, uma pessoa que concorde com a doação de um dos seus rins ou parte do fígado, da medula óssea e parte do pulmão. Nesses casos, geralmente, os doadores são parentes ou familiares que têm órgãos compatíveis com a pessoa que precisa receber. Tratando-se especificamente da medula óssea, interessados podem se cadastrar na Fundação Hemocentro de Brasília (FHB) para ser um candidato à doação.

O segundo tipo é o doador falecido, um paciente com diagnóstico de morte encefálica ou morte por parada cardíaca, com doação autorizada pela família.

Para ser doador, nos casos em que há o falecimento, basta informar a família da vontade de doar, pois somente ela pode autorizar a doação dos órgãos após o diagnóstico de morte encefálica ou falecimento causado por parada cardíaca. No caso de morte encefálica, cada doador pode salvar até oito vidas.

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