Nesta quarta-feira (13), o Brasil celebra o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Visual, uma data estabelecida desde 1961 com o objetivo de combater o preconceito, a discriminação e promover a inclusão dessas pessoas na sociedade. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 2022 apontam que o Brasil tem 18,6 milhões de pessoas com deficiência (PcDs), cerca de 8,9% da população a partir de dois anos de idade. Desse quantitativo, 3,1% têm dificuldade para enxergar, mesmo usando óculos ou lentes de contato.
O assessor da Secretaria da Pessoa com Deficiência (SEPD-DF), Igor Carvalho, 27, tem cegueira total desde recém-nascido. Para ele, a data é importante também para ampliar a compreensão daqueles que não enxergam, promovendo a consciência de que ver vai além dos olhos. “Enxergar não é somente ver com os olhos humanos, mas também com os olhos da dignidade, da percepção e da sensibilidade. A partir do momento que conseguirmos isso, estaremos construindo uma sociedade mais justa, pluralista e mais atenta à necessidade das pessoas com deficiência visual”, afirma.
A deficiência visual, caracterizada pela perda total ou parcial da visão mesmo com correção óptica, pode ser ocasionada por doenças, acidentes ou má formação. No Brasil e no mundo, as principais causas de cegueira, especialmente entre os idosos, são a catarata, a degeneração macular relacionada à idade (DMRI) e o glaucoma. Esta última, por exemplo, pode causar cegueira irreversível se não tratada.
“É uma doença que causa aumento da pressão ocular e comprometimento do nervo óptico. Por ser silenciosa, o paciente não realiza as consultas de rotina e o diagnóstico pode vir tardiamente, com perda da visão definitiva”, explica a referência técnica administrativa (RTD) de oftalmologia Larissa Friggi. Segundo o relatório do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), estima-se que mais de 1,5 milhão de pessoas sejam cegas no país.
Atendimento
A Secretaria de Saúde (SES-DF) oferece assistência especializada na área de oftalmologia em diversos hospitais regionais da capital, como o da Asa Norte, do Gama (HRG), do Guará (HRGu), de Ceilândia (HRC), de Taguatinga (HRT), além do Hospital Materno-Infantil (Hmib), do Hospital de Base (HBDF) e do Hospital Universitário de Brasília (HUB) – ligado à administração federal, mas que atende pacientes da SES-DF.
O Hran é a unidade de saúde referência no atendimento a crianças que precisam de cirurgias oftalmológicas. Já o HRT é o que mais faz procedimentos de catarata; e o HBDF é o que mais realiza atendimentos de emergência no setor.
Para avaliação de grau de óculos, laudos médicos ou encaminhamentos, a orientação é procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) como porta de entrada. O mesmo vale a pessoas com deficiência visual que desejam solicitar a bengala longa para a identificação de sua condição. Elas são avaliadas por uma equipe multiprofissional e encaminhadas à Oficina Ortopédica da SES-DF para receber o dispositivo.
Especialistas ressaltam que a prevenção é essencial, visto que muitas doenças, se não tratadas, podem resultar na cegueira total. “Precisamos conscientizar a população a realizar exames oftalmológicos de rotina precocemente, para que as doenças sejam diagnosticadas nos estágios iniciais, e solucionadas conforme a indicação, com melhora da qualidade de vida do paciente evitando assim danos visuais irreversíveis”, alerta Friggi.
Balanço
Neste ano, a SES-DF lançou editais de credenciamento para intervenções oftalmológicas e estabeleceu contratos com a rede complementar visando a realização de cirurgias eletivas. Três instituições de saúde dessa rede, devidamente credenciadas, conduziram um total de 1.106 procedimentos oftalmológicos a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Os contratos, divulgados em agosto deste ano, representaram um investimento total superior a R$ 2,8 milhões, abrangendo 350 cirurgias de catarata, 104 de estrabismo, 649 vitrectomias e três retinopexias.