Por Larissa Lustoza
Referência em atendimento de fissurados e queimados, em tratamentos de doenças crônicas, em saúde mental infanto-juvenil, em síndrome de Down e muitos outros setores. A lista de destaques da Região de Saúde Central – que engloba Asa Norte, Asa Sul, Varjão, Cruzeiro, Lago Norte e Vila Planalto – é extensa. Com o atendimento especializado em múltiplas áreas como um diferencial, ela possui papel fundamental para tratamento de casos de média a alta complexidade para toda a população do Distrito Federal.
A presença de profissionais com elevado grau de especialização permite a oferta de serviços interdisciplinares para públicos determinados. É o caso do Centro de Referência Interdisciplinar em Síndrome de Down (CrisDown), que possui pediatras, nutricionistas, terapeutas ocupacionais, ortopedistas, fisioterapeutas, entre outros especialistas.
“Todos os nossos pacientes possuem a trissomia 21 (T21) e recebemos desde a gestante que acabou de receber o diagnóstico do seu bebê até o idoso, que poucas vezes teve acesso a um atendimento especializado”, explica a fisioterapeuta e coordenadora do CrisDown, Carolina Vale.
Larisse Gabrielly, de 12 anos, é paciente por lá e passa por consultas semestralmente. Após enfrentar diversas cirurgias no primeiro ano de vida e correr risco de morte, hoje ela tem a própria rotina e ótima interação. “Eu não sabia o que era a síndrome de Down. Com o tempo, eu e o pai fomos adquirindo conhecimento e, depois que entramos para o CrisDown, tivemos o nosso amparo, acalmou a nossa vida e tudo foi mais fácil, das consultas até o acompanhamento”, conta a mãe, Raíra Jesus Silva, de 36 anos.
O atendimento especializado para pessoas com T21 é essencial para o desenvolvimento em todos os ciclos de vida. Por se tratar de um público que pode apresentar comorbidades específicas, tal acompanhamento é de extrema importância para prevenir, diagnosticar e tratar, antes que complicações significativas possam aparecer. “Se iniciamos as estimulações desde cedo, essa pessoa tem grande possibilidade de alcançar uma vida mais autônoma e independente”, reforça a coordenadora.
Anualmente, cerca de 150 crianças chegam ao CrisDown. No momento, aproximadamente 300 – dentro da faixa etária de 0 a 3 anos – são acompanhadas.
As melhorias no desenvolvimento da pequena Helena, de um ano e sete meses, já são observadas pela mãe, Joelma Magalhães Cavalcante, de 45 anos, que descobriu a síndrome de Down da filha após o parto. “O desenvolvimento dela foi todo por meio do CrisDown. Na época da introdução alimentar, ela não sentava direito e não aceitava nada. Eu achava que fosse rejeição alimentar e aqui vimos que era sensibilidade à textura. Trabalhamos isso e ela se desenvolveu”, exemplifica sobre os benefícios proporcionados pelo serviço de saúde.
Localizado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran), o Centro acolhe qualquer pessoa com síndrome de Down interessada no atendimento. Para isso, basta agendar por meio do número do Whatsapp: (61) 99448-0691.
Equipe multidisciplinar
Hospital porta aberta da Região Central com pronto atendimento em várias áreas – clínica médica, cirurgia geral, cirurgia plástica, queimaduras, odontologia e oftalmologia –, o Hran é formado por equipes multidisciplinares e profissionais altamente capacitadas em diversas especialidades.
Na parte cirúrgica, a Unidade de Queimados é uma referência, com serviço 24 horas. O local recebe, anualmente, cerca de 3 mil pacientes, cuja média de internação é de 10% (cerca de 300 casos ao ano), e conta com equipe de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, nutricionistas, psicólogos, fisioterapeutas e o suporte da assistência social.
Outra especialidade, o ambulatório de atendimento às pessoas com fissuras labiopalatais reúne uma equipe interdisciplinar de 17 profissionais. São cirurgiões plásticos, cirurgiões-dentistas, fonoaudiólogos, psicólogos, médicos pediatras, otorrinolaringologistas, nutricionistas, dentistas, enfermeiros, técnicos em enfermagem e voluntários da área administrativa.
Há ainda a Unidade de Nefrologia do Hran para pacientes internados, principalmente para os submetidos à hemodiálise. A Unidade de Pneumologia oferece polissonografia e ambulatório neuromuscular.
Doenças crônicas
Oito mil pacientes do DF recebem cuidados no Centro Especializado em Doenças Infecciosas (Cedin), que fica na Asa Sul. A unidade é referência para o tratamento de agravos como HIV, hepatites virais crônicas e as formas graves de tuberculose e hanseníase.
“Os nossos especialistas são todos de referência e os casos mais complexos atendidos na atenção primária são encaminhados ao Cedin. Atendemos, por exemplo, casos de tuberculose multirresistente, hanseníase que causou debilidades e alterações físicas”, pontua o diretor do Cedin, Leonardo Ramos.
A maior demanda é relacionada ao tratamento de HIV. Quase 70% da população do DF com o diagnóstico é atendida no Centro. Na unidade existem várias subespecialidades que cuidam integralmente desses pacientes, como ginecologia, pediatria, urologia e endocrinologia.
M.S.C., de 85 anos, recebeu o diagnóstico de que possuía o vírus HIV há 26 anos, após realizar vários exames para investigar a causa de uma esofagite. Quando os resultados saíram, ela foi encaminhada ao Cedin.
Apesar do choque, o devido tratamento possibilitou qualidade de vida e uma rotina normal repleta de atividades. “Aqui, eles sempre se reciclam, procuram um medicamento novo. A qualquer sintoma ou efeito colateral, trocam a medicação. Me explicaram que [o vírus] não era uma sentença de morte. Quando ficamos doentes, vemos que os médicos estão preparados”, compartilha a paciente.
Na estrutura organizacional do Cedin, há o Núcleo de Testagem e Aconselhamento (NTA), que oferece testes para detectar Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), além de aconselhamento e entrega de preservativos. O espaço atende pessoas a partir de 13 anos e não é necessário agendamento prévio, basta apresentar documento de identificação oficial.
Entre os exames disponíveis estão testes de HIV, sífilis e hepatites B e C, autoteste de HIV e entrega de kit de coleta para detecção de clamídia e gonorreia. O atendimento tem duração de 20 a 60 minutos. Caso haja diagnóstico positivo para alguma IST, a equipe orienta o paciente para o início do tratamento.
O Cedin também sedia o Ambulatório de Diversidade de Gênero, conhecido como Ambulatório Trans, que disponibiliza tratamento e orientação para quem deseja fazer a redesignação sexual. “Somos um ponto de referência. Atendemos uma população muito vulnerável e temos expertise com a população LGBTQIAP+. Os pacientes se sentem muito acolhidos, porque são atendidos livres de qualquer preconceito”, reforça o diretor.
Saúde mental infanto-juvenil
Localizado na 605 Sul, o Adolescentro é a unidade de saúde de referência do Distrito Federal para o atendimento de adolescentes com transtornos mentais ou que façam uso eventual de substâncias psicoativas. O público-alvo vai de 12 anos a 17 anos, 11 meses e 29 dias.
Os profissionais acolhem – tanto de forma individual quanto em grupo – aqueles em sofrimento emocional, por exemplo, com ansiedade, depressão e dificuldade de controle dos impulsos e nos relacionamentos interpessoais; vítimas de violência sexual; e ainda adolescentes em sofrimento devido à orientação sexual e/ou identidade de gênero. Também é ofertado suporte às famílias (pais e responsáveis) e Práticas Integrativas em Saúde (PIS).
De acordo com a enfermeira e diretora do Adolescentro, Fabiane Souza Oliveira de Castro, um tratamento integrado com os familiares que convivem com o paciente é o que norteia o trabalho no local. “O paciente tem acesso a todas as terapêuticas, assim como os pais e os irmãos. Não adianta cuidar dele e deixar as suas famílias doentes, porque, muitas vezes, o adoecimento daquele jovem é causado por um adoecimento já existente na família”, explica.
Para ter acesso ao serviço, é preciso ser encaminhado pela Unidade Básica de Saúde (UBS) de referência, via Sistema de Regulação. A média de atendimentos é de 5 mil pacientes por mês. No InfoSaúde, é possível buscar a UBS mais próxima, por meio do CEP residencial.
Alta complexidade
Para casos de mais complexidade, o Hospital de Base (HB), com 54 mil metros quadrados de área construída e mais de quatro mil colaboradores, é referência para atendimento em politraumas, emergências cardiovasculares, neurocirurgia, cirurgia cardiovascular, atendimento onco-hematológico e transplantes.
São 634 leitos, divididos nos setores de pronto-socorro, internação, unidade de terapia intensiva (UTI), assistência multidisciplinar, serviços de apoio diagnóstico e terapêutico, psiquiatria e ambulatório.
Para gestações e partos de risco, a Região de Saúde Central e todo o DF contam com o Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib). Além dos setores de neonatologia, UTI neonatal, salas de pré-parto, parto e pós-parto e banco de leite, há uma Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal (Ucin) Canguru.