Por Jurana Lopes
Responsável pelo atendimento de moradores das regiões do Gama e de Santa Maria, a Região de Saúde Sul oferece serviços a uma população estimada de 268.301 pessoas. Além disso, tem a característica de absorver a demanda de pacientes oriundos de cidades do Entorno Sul e também da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride-DF).
“Temos uma importância crucial no atendimento a essas populações, em sua maioria SUS-dependentes”, conta o superintendente de Saúde da Região Sul, Willy Pereira da Silva Filho.
Para prestar os serviços essenciais à comunidade, há 21 unidades básicas de saúde (UBSs), sendo 13 no Gama e 8 em Santa Maria. Do total, duas são prisionais e quatro, rurais. A Região de Saúde Sul possui também os Hospitais Regionais do Gama (HRG) e de Santa Maria (HRSM).
Referência em tuberculose
O Hospital Regional do Gama (HRG) é referência no atendimento a pacientes com tuberculose, pois possui o ambulatório de tisiopneumologia para diagnóstico e tratamento da doença. A parte de internação possui funcionamento ininterrupto e o pronto-socorro conta com leito de isolamento para pacientes com suspeita da doença. Já os serviços ambulatoriais estão disponíveis de segunda a sexta-feira, de 7h às 12h e de 13h às 18h.
Eduardo Delfino, de 35 anos, precisou de cuidados extras quando teve o agravamento da doença. Ele tratava em casa, tomando os medicamentos diariamente. No entanto, não conseguia fazer o repouso necessário e precisou ser internado.
“Não conseguia nem ficar em pé sem [o auxílio de balão de] oxigênio. Depois de três meses internado, comecei a ficar a maior parte do tempo sem precisar. Sou muito bem cuidado. Vi muitos casos de cura aqui e isso me tranquilizou bastante”, contou o paciente em outubro, pouco antes de receber alta com a indicação de seguir o tratamento.
O HRG é responsável por leitos de internação e atendimento de tisiopneumologia de toda a rede pública de saúde do DF. O atendimento ocorre por encaminhamento das unidades básicas de saúde (UBSs) e das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).
De acordo com a supervisora de enfermagem do ambulatório de tisiopneumologia, Ketheny Cristina Santos, no local são realizadas provas de tuberculina (teste diagnóstico) com os pacientes encaminhados e agendados. Se o resultado for positivo, é agendada a consulta com o pneumologista para avaliação e prescrição do tratamento. “Muitos pacientes são moradores de rua e, geralmente, ficam internados para finalizar o tratamento, saem curados da tuberculose.”
A internação varia de seis a oito meses, conforme o caso clínico. Neste período, os pacientes recebem as refeições diárias e toda a assistência de uma equipe multiprofissional composta de pneumologistas/tisiologistas, enfermagem, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e assistente social.
“A maioria das internações é ocasionada por questões de vulnerabilidade social. Por exemplo, condições precárias de vida, deficiência alimentar, baixa escolaridade, alcoolismo, uso de drogas e o uso incorreto das medicações em domicílio”, explica a Referência Técnica de Pneumologia do HRG, Benedito Cabral Júnior.
O ambulatório de tisiopneumologia é agrupado ao de pneumologia. Por isso, também atende pacientes com asma, pneumonias, doenças pulmonares obstrutivas crônicas (enfisema e bronquite crônica), derrames pleurais, tumores dos pulmões, entre outras doenças pulmonares.
Linha materno-infantil
O Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), que integra a rede pública do DF, mas é gerido pelo Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF), é o mais novo da rede. Com 15 anos de existência, é destaque por ter uma linha materno-infantil robusta, com serviço de pronto-socorro em pediatria.
A unidade – equipada com maternidade e UTI neonatal – é referência em partos de alto risco. Em 2022, realizou 3.721 partos. Já a UTI neonatal somou 24.066 procedimentos.
Outro destaque no Hospital de Santa Maria é o laboratório de excelência, aparelhado com tecnologia de última geração, incluindo um equipamento exclusivo na América Latina. Seguindo o mesmo padrão de laboratórios particulares, os resultados dos exames ficam disponíveis no formato on-line, assegurando que tanto profissionais da saúde quanto os pacientes tenham acesso com facilidade.
O hospital é o segundo maior da rede pública do DF, com 391 leitos hospitalares ativos, sendo 13 de boxes de sala vermelha, 38 leitos de observação, 17 leitos no centro obstétrico, 263 leitos de enfermaria, 40 leitos de UTI adulto e 20 leitos de UTI neonatal.
Aplicativo para consultas
Uma ideia inovadora e encabeçada por servidores da UBS 7 do Gama é um dos diferenciais da Região para os pacientes. Eles criaram um aplicativo para facilitar o agendamento de consultas. “Muitas vezes, os pacientes têm dificuldades de vir até a unidade marcar. Quando o acesso é facilitado, por meio de uma tecnologia em que é possível agendar de casa, eles fazem e ficam satisfeitos”, compartilha a gerente da unidade, Inês de Almeida.
O aplicativo – idealizado por ela em parceria com o odontólogo Cristiano Ktich – é acessado por meio de um link. Apesar de utilizado há pouco tempo na unidade, já faz sucesso entre os pacientes. “Com o agendamento on-line, queremos captar pacientes para fazer o exame citopatológico e as testagens de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)”, destaca a gerente.
Hoje, a UBS 7 do Gama atende cerca de 14 mil usuários e funciona, temporariamente, dentro do Estádio Bezerrão. A unidade passa por revitalização e, em breve, voltará a atender em seu local próprio, no Setor Central.
Descarte de medicamentos
A demanda na UBS 1 de Santa Maria é alta. Por isso, ela possui o maior número de equipes de Saúde da Família: são 11 equipes para acolher cerca de 44 mil pacientes. “Em setembro, por exemplo, foram atendidos 39.736 usuários da região. Fora os pacientes que vão à unidade para retirar ponto, tomar injeção de anticoncepcional, verificar pressão arterial e glicemia, e que não entram na contagem”, explica a gerente, Joelma Batista.
Na unidade, também é possível entregar medicamentos vencidos e inutilizáveis para destinação correta. Com ação inovadora, a UBS foi a primeira a lançar, na Região de Saúde Sul, a campanha de descarte consciente de medicamentos. Os usuários podem entregar os itens na farmácia do local.
Para facilitar o acesso à população, tanto a UBS 1 de Santa Maria quanto a UBS 3 do Gama funcionam de segunda a sexta-feira em horário ampliado, das 7h às 22h. Nos sábados, as UBSs 1,2,4,5 e 6 do Gama e a UBS 2 de Santa Maria funcionam de 7h às 12h. Além disso, há ponto fixo de vacinação nas UBSs 1 de Santa Maria e 5 do Gama aos sábados durante todo o dia.
Atenção secundária
A Policlínica do Gama, localizada dentro do HRG, oferece uma variedade de especialidades médicas. Entre elas, dermatologia, endocrinologia, otorrinolaringologia, pediatria, fonoaudiologia, radiologia, nefrologia, ginecologia especializada, pneumologia, ambulatório de pé diabético, ambulatório de fisioterapia, doenças infecto parasitárias, odontologia.
O processo para acessar os serviços é feito pelas equipes de Saúde da Família (eSF). Portanto, o usuário deve procurar procurar a UBS, onde os profissionais vão avaliar as necessidades de saúde de cada paciente e, se necessário, encaminhá-lo à Policlínica para consulta com especialidade específica.
Na região há também equipamento de saúde para cuidados mentais. O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) AD (Álcool e Drogas) em Santa Maria atende pessoas a partir dos 16 anos em sofrimento psíquico intenso decorrente do uso de álcool e outras drogas. O centro funciona de segunda a sexta-feira em horário comercial em sistema porta aberta para todos os moradores da região. Segundo o superintendente da Região de Saúde Sul, para 2024 está prevista a entrega de uma nova policlínica e o Caps do Gama.