Por Kleber Karpov
O Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IGESDF) optou por dar um passo atrás na escala de evolução na relação com os colaboradores, ao retomar, na terça-feira (9/Abr), a revista privada dos profissionais lotados nos hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) sob gestão do Instituto. O anúncio da retomada das vistoria de pertences dos trabalhadores, foi recebido com críticas por trabalhadores, pelo Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (Sindate-DF), além do deputado distrital, Jorge Vianna (PSD).
Com posição veementemente contrária as revistas em pertences dos profissionais de saúde, Vianna resgatou os constrangimentos, em geral a que são submetidos à categoria da Enfermagem. “Sempre fui contra revistas em bolsas de funcionários, ainda mais que não são todos os abordados, sempre os da enfermagem.”, publicou nas redes sociais.
Técnico em Enfermagem, enfermeiro e sindicalista, egresso do Sindate-DF, o parlamentar resgatou episódios de denúncias também praticado por empresas de saúde da rede privada, que acabaram no enfrentamento, até que acabaram com tais práticas.
“Lembro-me de alguns episódios que enfrentei em alguns hospitais privados, pois lá, homens estavam revistando bolsas de mulheres, e um detalhe, só da enfermagem. Fiz a denúncia e decidiram acabar com isso.”.
Falta de controle
Vianna lembra ainda que imputar o ônus do constrangimento pela revista, aos colaboradores, é uma forma de demonstrar falta de controle interno por parte do Instituto, além de ressaltar o retorno de práticas discriminatórias em relação ao que classificou de “categorias mais fracas” ao se referir a profissionais de saúde, em geral que atuam na ponta.
“Pra mim, revistar bolsas é assumir que não tem controle interno e querem culpar sempre as categorias mais fracas. Existem inúmeras maneiras de controlar bens em um hospital, então por que revistar?”, questionou Vianna ao informar que deve “pedir explicações para o IGES sobre isso.”.
Inadmissível
Na mesma linha, o diretor do Sindate-DF, Newton Batista, também recorreu às redes sociais para protestar contra a medida implementada pelo IGESDF. Para o sindicalista tal prática é considerada “inadmissível que beira o absurdo”.
“A revista de bolsas de profissionais da enfermagem no IGES é uma prática inadmissível que beira o absurdo. Os profissionais de enfermagem não são criminosos! São profissionais dedicados que cuidam da saúde da população com dedicação e responsabilidade. Revistar as bolsas é uma afronta à dignidade e um ataque à nossa categoria.”, publicou Batista.
O sindicalista também questionou a eficiência da gestão do Instituto em relação ao controle interno dos bens ao transferir o ônus aos profissionais de saúde. “Essa medida ineficaz demonstra a falha do IGES em implementar um controle interno eficiente de bens. Além disso, a revista seletiva de bolsas da enfermagem evidencia uma discriminação flagrante e inaceitável. A revista é uma forma de transferir a responsabilidade por problemas de gestão para os profissionais mais fragilizados. Não vamos nos calar!”, concluiu.
Constrangimentos
Maria (nome fictício) de uma profissional de saúde, que pediu para não ser identificada, lotada no Hospital de Base do DF (HBDF), com receio de retaliação, apontou que o retorno das revistas, é totalmente constrangedora para os profissionais.
“Eu escolhi continuar a trabalhar no hospital de Base com a transferência ainda lá na época do instituto Hospital de Base e sinceramente, isso é extremamente constrangedor e humilhante, principalmente para nós mulheres que somos maioria no hospital. Espero que revejam isso o mais rápido possível.”, lamentou Maria.
O que diz o IGESDF
Questionado sob a adoção da medida, por meio da Ascom o IGESDF explicou que a revista deve ocorrer de forma aleatória “em todas as entradas e saídas das unidades de saúde pertencentes ao IgesDF”. Inspeções essas a serem realizadas por vigilantes, para “reforçar a segurança, reduzir riscos e minimizar possíveis perdas financeiras”. Ainda de acordo com o Instituto, “tal parecer foi discutido com o Ministério Público do Trabalho (MPT) para que a decisão tomada fosse a mais indicada possível”.
Confira a posição do IGESDF na íntegra