Por Maria Eduarda Portela
A Justiça Federal do Pará aceitou uma denúncia contra o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), acusado pelo Ministério Público Federal (MPF) de facilitar regras para exploração de madeira quando ainda era ministro do Meio Ambiente do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A acusação de Salles foi apresentada no âmbito da investigação da Polícia Federal (PF) que investiga um suposto esquema de exportação ilegal de madeira da Amazônia. Além do ex-ministro, o ex-presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) Eduardo Bim e outros servidores foram denunciados pelo MPF.
Segundo o Ministério Público, as investigações indicaram a existência de “grave esquema de facilitação ao contrabando de produtos florestais”. O órgão destacou uma série de apreensões de madeira de origem brasileira nos Estados Unidos que estavam sem a documentação adequada para exportação.
Em meio às apreensões, um conjunto de empresas do setor madeireiro buscou apoio de servidores do Ibama para liberar a carga. De acordo com o MPF, os funcionários do órgão ambiental teriam emitido certidões e um ofício sem valor jurídico com o intuito de liberar a madeira apreendida.
A denúncia do MPF ressalta ainda um encontro de Ricardo Salles e representantes de empresas envolvidas no suposto esquema em fevereiro de 2020. Depois da reunião, a investigação aponta que o ex-ministro atendeu de forma integral e “quase que imediato” o pedido das companheiras, com parecer técnico “legalizando, inclusive com efeito retroativo, milhares de cargas expedidas ilegalmente entre os anos de 2019 e 2020”.
Pareceres manipulados
“A mais alta cúpula do Ministério do Meio Ambiente e a alta direção do Ibama manipularam pareceres normativos e editaram documentos para, em prejuízo do interesse público primário, beneficiar um conjunto de empresas madeireiras e empresas de exportação que tiveram cargas de madeira apreendidas nos Estados Unidos”, apontou a investigação.
O ex-presidente do Ibama Eduardo Bim foi denunciado por corrupção passiva, dificultar a ação de fiscalização do Poder Público em questões ambientais e promover, construir e financiar ou fazer parte de organização criminosa.
Além de Salles e Bim, outras 20 pessoas foram denunciadas por delitos contra a flora, corrupção passiva e organização criminosa.
Ricardo Salles informou ao Metrópoles que a ação é absurda e que contraria o relatório parcial da Polícia Federal. “Tenho certeza de que o judiciário recolocará as coisas no seu devido lugar”, declarou o ex-ministro.
O Metrópoles entrou em contato com Eduardo Bim, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.