Rosso se firma como candidato dos partidos do “centrão” e teria bênção de Temer, mas recomenda cautela
Millena Lopes
Com o afastamento do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) do mandato e, por consequência da presidência da Câmara, um nome sai com força para a sucessão do peemedebista: o ex-governador e deputado Rogério Rosso (PSD-DF). Embora ele minimize as apostas, aliados do agora ex-presidente tentam emplacar o condutor do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff na Casa.
Em decisão inédita e histórica, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, suspender Cunha do exercício do mandato. A sessão nem tinha acabado quando aliados começaram a discutir a proposta para emplacar imediatamente o sucessor.
Os partidos do “centrão” – PP, PR, PTB, PSD e PRB – articulariam para que Rosso desbanque o vice-presidente, Waldir Maranhão (PP-MA), que ontem mesmo ocupou a vaga e também é investigado pelo STF. Isolado no PP, ele votou contra a admissibilidade do impeachment, contrariando determinação do partido.
A partir de um acordo com o provável próximo presidente da República, Michel Temer, Rosso cumpriria o mandato tampão no comando da Casa até janeiro de 2017 e, em seguida, assumiria um ministério do governo Temer.
Sem pretensões
Rosso rechaça as especulações e diz que não tem sido procurado para tratar do assunto, “pois os colegas sabem o que penso sobre o tema”. Ele sustenta que não é momento de se falar em candidatura.
“Não tenho a menor pretensão de concorrer à sucessão da Mesa e entendo que existem parlamentares mais experientes e preparados para tal situação, caso ela venha a ocorrer.
O momento, observa o ex-governador , exige serenidade e equilíbrio. “Quero apenas exercer com humildade minha atribuição parlamentar em defesa do DF e do País”, reitera.
Ao lado de Rosso, começaram a ser citados Jovair Arantes (PTB-GO), relator da comissão do impeachment, e Jarbas Vasconcelos, considerado pouco competitivo por ter perfil moralizador. Maranhão também já deu sinais de que gostaria de competir.
Oposição quer que a eleição seja imediata
Os partidos de oposição da Câmara propõem que a Casa realize imediatamente uma nova eleição para se escolher quem substituirá Eduardo Cunha na presidência da Casa. A questão se coloca porque Cunha não perdeu o cargo, mas teve apenas mandato suspenso..
Em nota, PSDB, DEM, PPS e PSB afirmam que, como o Supremo não fixou prazo para o retorno de Cunha e para a conclusão da ação penal a que ele responde, eles consideram que o cargo de presidente da Câmara está vago e exigem a escolha imediata de um novo presidente para que “se restabeleça a normalidade e seja retomada a atividade parlamentar na Casa”.
Líderes da oposição, dos partidos do chamado centrão e do PMDB estão reunidos nesta noite na Câmara para se tentar chegar a acordo sobre a escolha de um novo presidente.
Manifestação
Opositores de Cunha fizeram uma ruidosa manifestação diante do Supremo e na Península dos Ministros, comemorando seu afastamento. O protesto teve direito a muitos rojões e coros hostis a ele.