O governador, Rodrigo Rollemberg (PSB) realizou reunião com a equipe de governo, no sábado (28/Fev), para fazer um mapa de ações estratégicas até 2019. Política Distrital foi questionada por algumas pessoas sobre o encontro com a equipe de governo, com ar de preocupação.
Primeiro porque as estratégias de ações aplicadas à população do DF são consideradas precipitadas e equivocadas no meio político, por especialistas e o principal, por moradores da capital do país. Segundo, com essas ações impopulares, há quem aposte na aposentadoria política de Rollemberg em um futuro próximo. Isso por estar, não repetindo as ações do ex-governador, Agnelo Queiroz (PT), mas metendo os pés pelas mãos na tentativa de resolver esse problema grave.
Promover aumento de arrecadação de impostos para cobrir o rombo deixado pelo ex-governador, Agnelo, não é algo que a população do DF vá engolir, em nome do ‘Pacto por Brasília’. As famílias estão endividadas e mais arrocho apenas cria um ambiente de insatisfação. A Câmara de Diretores Lojistas do DF (CDL-DF) atesta essa condição (23/Jan) ao demonstrar a alta pelo quinto mês consecutivo da taxa de inadimplência do DF.
A estratégia engoliu o estrategista?
A estratégia do chefe da Casa Civil, Hélio Doyle, por emplacou Rollemberg no governo do DF é inquestionável, porém deve ser levada em consideração, com moderação. O cenário político no período de eleições foi propício à Rollemberg, lançado candidato pelo PDT do senador, Cristovam Buarque.
Isso porque o DF, vinha com Agnelo com uma taxa de rejeição altíssima, com desgastes por causa da má aplicação dos recursos públicos, a exemplo do elefante branco, o Estádio Nacional Mané Garrincha, quando pessoas estavam morrendo em unidades hospitalares, por falta de médicos e de medicamentos; o ex-governador, José Roberto Arruda (DEM), foi barrado pela Justiça; o substituto, Jofran Frejat (DEM), além de não ter tempo hábil para uma campanha sólida, ainda recorreu a estratégias equivocadas, a exemplo da passagem a R$ 1. Mas o povo não engoliu.
Rollemberg e Doyle tiveram ainda como aliados, a força do destino com a morte da grande liderança do PSB, Eduardo Campos. A comoção nacional refletiu também nos eleitores do DF e isso somou pontos à campanha de Rollemberg.
Na composição política Rollemberg contou com cabos eleitorais ávidos por mudanças e justiça social ao compor com o PDT, PSD e SD, na coligação em primeiro turno. Embora após vencer as eleições, ações precipitadas e equivocadas, comandadas por Doyle e aceitas pelo Governador, tem provocado o distanciamento do apoio do PDT.
Uma das exceções é a presidente da Câmara Legislativa do DF (CLDF), Celina Leão que tem rebolado para tentar administrar o apoio do Legislativo ao Executivo, mas eventualmente se esbarra com dificuldade. Isso porque as ações sugeridas pela equipe de governo em nome de ‘recuperar’ o DF, podem causar danos colaterais permanentes aos distritais em 2018.
“Volta pra mim, sentimento não sei foi”
Mas o distanciamento do PSB atinge também o PSD e o SD. O primeiro, sedento por promover mudanças profundas para beneficiar a população do DF, a começar com Ceilândia, reduto eleitoral do vice-governador, Renato Santana, cujo partido é um dos poucos do DF a ter se debruçado na prancheta para fazer um planejamento estratégico de gestão do DF.
No entanto a participação da legenda no governo, se mostra tímida. As estratégias de ações adotadas pelo PSB têm como base a ‘garantia’ de governabilidade, o que acaba depredando a base de apoio que garantiu a vitória de Rollemberg.
Esta estratégia de ação gerou ruídos nas relações e pode comprometer a gestão do DF. Isso porque bem como o demonstrou, o jornalista e cientista político, professor Chico, no artigo intitulado Duas fotos, apenas uma medida e uma lista, ‘os amigos da hora’ e ‘a cara do governo’, são entidades que não parecem compor o mesmo projeto.
Não se trata de criticar a equipe de governo. Muitos dos que lá estão têm demonstrado capacidade e interesse em proporcionar mudanças por meio de uma governança. Mas todo trem, e até mesmo os atuais ‘drones’, precisam de um condutor apto a fazer com que o veículo alcance seu objetivo e esse personagem, no governo Rollemberg, embora tenha sido eleito, está faltando.
É realmente necessário?
No marketing é consenso que uma empresa gasta dez vezes mais para conquistar um novo cliente que para manter a fidelidade da carteira. No entanto em relação a estratégia (de um estrategista experiente) de colocar Rollemberg a frente de decisões passíveis de reconsiderações ou depreciação por parte da sociedade, é sinônimos de desgaste do tipo irrecuperável.
Esse é o caso da divisão administrativa da Região Administrativa de Ceilândia; Da possibilidade de ter que rever fusões de administrações, por não dar ouvido à as comunidades que delas fazem parte; de imputar à população do DF aumento de impostos para cobrir um rombo administrativo de um governador, quando o meio político e especialistas apontam vias alternativas para aumentar arrecadação, a exemplo de exploração do turismo, de regularização de condomínios, de estímulo ao consumo; permitir uma série de nomeações de cargos estratégicos com pessoas envolvidas em escândalos ou com interesses escusos; e até mesmo de se pensar, alto, na possibilidade de cancelar reajustes de milhares de servidores.
Em um cenário de 60 dias de governo com tantos desgastes, há que se levar em consideração, pode haver algo de podre no paraíso.
Mostre a sua cara!
A criatividade demonstrada na campanha eleitoral, com elementos como as rodas de conversas, deu lugar ao medo de ‘o buraco é mais embaixo’ com isso, parafraseando um deputado, a equipe de governo de Rolemberg está buscando o caminho mais fácil, do ponto de vista da obviedade, e pode afundá-lo.
O cara que foi colocado no centro da arena para enfrentar e levar esperança ao povo, de repente foi colocado à sobra do estrategista na redoma, blindado pela não exposição, como se popularidade se medisse meramente por quantidade de aparições e não por resultados de ações.
Pelo prisma da exposição a prepotência petista foi obrigada a engolir o ego, ao ver Agnelo se afundar. A mensagem truncada que levou milhões de recursos desitnados à publicidade obteve um resultado pífio nas urnas, ocasião em que foi eliminado em primeiro turno. O erro do PT na ocasião foi acreditar que o povo ainda compra gato por lebre ao ver hospitais e UPAs maravilhosas em propagandas de TV quando eram obrigadas a passar 10 horas em filas de hospitais para tentar receber atendimento médico.
Esse não é o momento de plantar uma árvore ou de tratar de elefante, sem desmerecer a importância de cada um desses atos. As dificuldades estão aí para serem superadas, portanto é o momento de consolidar propostas e projetos, de plantar esperança e o mais especial, tratar do povo. Esse sim presa da atenção do senhor governador do DF, Rodrigo Rollemberg.
Coloque o DF nos trilhos
Saber que Rollemberg está preocupado em garantir que o DF chegue a 2019, de forma planejada, é quase um alívio. Quase porque ao longo desses 60 dias, parte das ações do governo não parece serem pensadas e sim cuspidas.
A percepção é que a estratégia engoliu o estrategista. Quando se espera que o governador eleito, para fazer com que o DF aconteça, saia debaixo da anágua da saia justa de Agnelo, destrua a redoma do sano protetor e mostre ao que veio. Que dê as cartas, sabendo a possibilidade de perder uma ou outra partida, mas com a avidez de quem veio para ganhar o jogo.
Particularmente, ainda acredito no discurso do vice-presidente do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), desembargador, Cruz Macedo: “A geração Brasília chegou ao poder”. Não tenho dúvidas que as pretensões de Rollemberg à frente do GDF seja a melhor para o DF. Mas não me pouco em fazer minhas críticas. Isso por ser um dos que foram para as trincheiras defender a postura de mudanças política de uma coligação com nomes de pessoas capazes de fazer com que o DF, finalmente, ter uma possibilidade de traçar o próprio destino. Somos todos Brasília!