O governador aproveitará a reestruturação para balancear as alianças
Por Francisco Dutra
Fontes do Executivo revelam que o governo planeja equilibrar a influência dos distritais. Parlamentares com excesso de cargos perderão espaço, enquanto distritais com baixa presença ganharão mais posições na máquina pública. Os critérios palacianos para a redistribuição serão o peso político e capacidade de resultados administrativos de cada grupo.
Dentro deste rearranjo, o governo buscará reduzir zonas de atrito. Parte das administrações regionais é partilhada por dois ou mais grupos políticos e por isso passam por guerras veladas. Na leitura do Buriti, estes conflitos estão travando ações importantes para a agenda. Por exemplo, há relatos de embates entre os grupos de Rodrigo Delmasso (PTN) e Celina Leão (PPS) na administração do Guará.
Questão de equilíbrio
A tendência é que os espaços sejam ocupados no modelo de porteira fechada. Rollemberg estava segurando o rebalanceamento a espera do final da janela de transferência, fechada ontem. Nas últimas semanas o governador acompanhava com lupa cada movimento, não apenas de distritais, mas também de suplentes e potenciais candidatos para 2018.
O novo mapa de forças no DF será determinante para a definição do braço político do GDF. Rollemberg deverá delegar ao assessor especial José Flávio a definição das estratégias com a Câmara. Para esta função ele poderá ocupar o posto de secretário adjunto de Relações Institucionais e Sociais ou a chefia de gabinete. Destinada ao PSB, a nova pasta das Cidades, cujo objetivo é coordenar as administrações, está próxima do administrador do Plano Piloto, Marcos Pacco.
A secretaria de Justiça passará as mãos do grupo da distrital Sandra Faraj. O futuro secretário será um pastor envolvido com projetos sociais.
Expectativa: 16 votos
Após a reacomodação de espaços, o Buriti calcula o apoio de 16 deputados distritais nas votações. Neste final de semana, o GDF prepara uma reunião com os parlamentares. Segundo o líder do governo na Câmara, deputado distrital Julio Cesar (PRB, foto), a formação de uma base sólida é crucial para a agenda governista em 2016.
A derrubada dos vetos do governador na semana passada, foi um sinal político claro que Rollemberg ainda não tem o apoio necessário no Legislativo. “Poderíamos ter conseguido muito mais. Mas não temos uma base tão sólida. Precisamos fortalecer ela, para conseguir um ambiente favorável para as votações”, ponderou.
Cesar considera que a nova base “deve ser fiel, mas não precisa ser xiita”. Pensamento semelhante é cultivado pela cúpula do Buriti. Em sintése, o governo espera ter a certeza que consiguirá a aprovação da maioria das votações, tendo em mente que poderá sofrer derrotas pontuais. Atualmente o cenário é outro, e o Executivo precisa suar a camisa em praticamente todos os projetos.
“Essa dificuldade tornou-se tradicional. Lembra no governo Agnelo? Ele dizia que tinha 22 deputados e toda votação era um parto para ele”, recordou Cesar. No cálculo governista para a nova base, está incluso o nome do deputado distrital, Raimundo Ribeiro (PPS). A cúpula do Buriti, considera que há espaço para a uma reaproximação com o distrital.
Sobre o assunto, uma fonte do Buriti declarou: “Não queremos jogar Ribeiro para a oposição. Ele perdeu uma secretaria, mas continuou com a administração de Sobradinho. Queremos recuperar a aliança com ele”.
Opções para Tokarski
1 – O secretário de Relações Institucionais, Igor Tokarski, também está cotado para novo posto, caso deixe o atual. Bem articulado dentro do governo e no PSB, Tokarski poderá ir para a chefia de gabinete ou para a administração do Plano Piloto, conforme as movimentação de peças. Sendo um nome potencial para 2018, neste cenário é mais provável que ele opte por uma administração.
2 – Em uma enquete informal com vários deputados da base sobre quais seriam as secretarias cujas relações com a Câmara estão mais fragilizadas, as principais foram: Gestão do Território e Habitação, Saúde, Obras e Segurança. A queixa dos parlamentares é a lentidão destas pastas para o envio de projetos.
3 – A crise política e econômica nacional também está pesando na redefinição das pontes entre GDF e a Câmara Legislativa. Afinal os desdobramentos do turbilhão nacional afetarão 2018.
Fonte: Jornal de Brasília