Rollemberg sabia que poderia terminar como Agnelo, ao ignorar estudos sobre ações a serem tomadas



Por Hélio Doyle

O governador Rodrigo Rollemberg (PSB) recebeu, em janeiro de 2017, uma extensa avaliação de seu governo, com a sugestão de que fizesse publicamente uma autocrítica dos erros cometidos e corrigisse os rumos da gestão — e que nada tinham de certos, como fazia crer o slogan da propaganda oficial.

A conclusão do estudo era de que, apesar dos inúmeros problemas e desgastes, era possível melhorar o governo nos dois últimos anos, desde que diversas atitudes e medidas fossem tomadas.

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O mesmo trabalho dava a Rollemberg duas opções: “Trabalhar para melhorar a gestão e sua imagem e se candidatar à reeleição, em meio a grandes riscos e dificuldades” ou “trabalhar para melhorar a gestão e sua imagem após desistir publicamente da reeleição”.

O estudo alertava: “Na primeira hipótese, há o risco de terminar como Agnelo, com a atenuante de não haver acusações de corrupção”. Já a renúncia à reeleição teria “a vantagem de desarmar a oposição e mostrar desprendimento à população”.

Segundo o estudo, “em ambas as hipóteses” seria “preciso sinalizar um novo momento, um marco de mudança que inspire um alento”. “Mas só o discurso não convence, tem de ser seguido por ações imediatas”, advertia.

Rollemberg desconheceu o trabalho e não seguiu as recomendações, mantendo a mesma linha e o mesmo estilo de governar e fazer política, apesar da enorme rejeição ao governador e reprovação ao governo já detectada pelas pesquisas. Continuou errando muito e em apenas um rápido momento pensou em não tentar a improvável reeleição.

Um trecho do documento mostra que neste ano eleitoral Rollemberg ainda vivia uma situação descrita pelo documento, que mostrava haver “dois mundos distintos: dentro e fora do governo”:

“Dentro: reconhecimento de imagem ruim e isolamento político e social, mas sentimento otimista, exaltação de feitos e do que será feito pelo governo. Acreditam em grande possibilidade de continuidade.

Fora: imagem ruim do governador e do governo, percepção de inoperância, passividade, falta de iniciativas. Descrédito total na continuidade”.

O diagnóstico era duro: “Há problemas de comunicação, mas decorrentes do que é o problema maior: o político. O governo não tem estratégia política, não tem perfil definido, não tem base política e não tem base social. Não se identifica claramente com nenhum segmento da sociedade e sofre a oposição de todos eles. O partido do governador é fraco, irrelevante e desorganizado. Os administradores regionais não são os representantes do governo nas cidades. Não há rede de comunicação direta com os cidadãos. Por tudo isso é que o governo não se comunica com a sociedade e não conquistou o seu apoio. Não estabeleceu canais de comunicação em sentido amplo, confiando apenas nos canais convencionais da mídia, não criou mecanismos de diálogo.”

Rollemberg não reconheceu os erros que vinha cometendo e acreditou nos que, dentro do governo, diziam que tinha chances de se reeleger. Os irrisórios 13,94% conseguidos no primeiro turno e a derrota feia no segundo turno mostram que todos eles estavam errados. Ele deveria ter se lembrado da frase de Barack Obama: “Livre-se dos bajuladores. Mantenha perto de você pessoas que o avisem quando você erra”.

Fonte: Metrópoles



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