GDF brinca com servidores que esperam por até seis meses para receber para receber pagamentos
Por Kleber Karpov
Por falta de servidores e má gestão, diversos serviços essenciais aos usuários do Sistema Único de Saúde do DF dependem, exclusivamente, do pagamento das Horas Extras (HEs). Esse é o caso dos atendimentos de emergência das Unidades de Pronto Atendimentos (UPAs), dos Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) e ainda de alguns hospitais do DF, a exemplo do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM).
Porém, se de um lado a Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF) necessida da adesão dos servidores para garantir tais atendimentos, de outro, o GDF faz pouco e deixa de priorizar os pagamentos das HEs dos servidores, em alguns casos em até seis meses, quando a prática corriqueira era de apenas dois.
O caso é polêmico e os trabalhadores que ainda insistem um aderir ao banco de horas extras, muitos para complementar a renda, o fazem por conta própria. Isso porque os próprios sindicatos, ao perceberem a falta de gestão da SES-DF e do GDF em relação ao pagamento das HEs, passaram a recomendar que os servidores deixassem de cumprir a carga excedente.
Solução?
Nesse contexto, resta aos servidores, apenas atuar, em ação coordenada, para pressionar o governo a exemplo da mobilização dos servidores em fevereiro, às vésperas do Carnaval. Na ocasião ameaçaram fazer entrega coletiva das HEs, nas 48 horas que antecederam o feriado. Caso que forçou o GDF a retirar recursos hipoteticamente ‘indisponíveis’ de ‘debaixo do colchão’.
Desabafo
Porém, enquanto novas ações coordenadas não acontecem, o desabafo de uma servidora, não identificada por Política Distrital (PD) em decorrência de possíveis retaliações, viralizou grupos do aplicativo Whatsapp (27/Mai). Em um áudio a profissional de saúde demonstra, além da falta de prioridades da SES-DF e do GDF.
“Eu estou entregando todas as minhas horas extras, não farei horas extra enquanto esse governo sem vergonha não honrar esse compromisso com a gente. Esse homem está querendo usar toda a verba que ele tem para fazer alguma coisa e os deputados infelizmente estão parados, aqueles que dizem que estão com a gente. Não estão nem aí mesmo. Quer dizer, sepultaram, tornou-se pizza da CPI da Saúde pelo que eu sei. Tudo com esse homem se transforma em pizza, nem a Justiça dá conta dele, nem os juízes do DF dá conta desse homem. tudo com esse homem se transforma em pizza, porque o desmando que ele faz se torna incabível. Saiu mais uma circular que eu não sei a veracidade, mas inclusive tem mais uma. Quem tem hora negativa que fez greve, não vai receber as horas extras, incabível porque isso aí saiu agora em maio e nós estamos com horas extras atrasadas desde o ano passado.”, emocionada conclama que os servidores sejam corporativistas, que “tenham vergonha na cara e entreguem as horas extras”, sugeriu.
A servidora lembrou a falta de prioridades do GDF, ao publicar, recentemente no Diário Oficial do DF (25/Mai), a abertura de pregão eletrônico para aquisição de R$ 225,2 mil em capas de chuva, para cerca de 1.200 profissionais do SAMU, quando o serviço conta com cerca de apenas 800 profissionais.
Confira o áudio (editado para retirada do nome da servidora)
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Instabilidade emocional
O desabafo demonstra ainda outra face, preocupante, porém, não dita. A negligência do governo que pode provocar instabilidade emocional a servidores em um segmento ‘sensível’, nas emergências médicas, o que pode se tornar nitroglicerina pura.
A negligência, por parte dos gestores da SES-DF e do GDF, em relação aos pagamentos das HEs, daqueles que se propõem trabalhar, em geral para complementar a renda, pode provocar instabilidade emocional nos trabalhadores. Essa é a opinião do vice-presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (SINDATE-DF), Jorge Vianna.
“Os servidores têm sofrido pressão de todos os lados, todo movimento por parte do governo é para tirar benefício ou deixar o servidor em mais arrocho. Esses servidores que ainda fazem horas extras, mesmo com a recomendação do Sindicato de não aderirem ao banco de horas, muitos deles, fazem pois precisam do recurso extra e quando o governo não paga, isso reflete na capacidade profissional, pois como a colega mencionou, é um dinheiro que seria utilizado para comer, para comprar um bem necessário. Então o governo brinca com a vida das pessoas quando levam os atrasos ao extremo. E isso pode sim refletir lá na ponta. Infelizmente, isso pode ser apenas questão de tempo.”, afirmou Vianna.
A outra parte
PD entrou apurou com a SES-DF (27/Mai) sobre a previsão de pagamento das HEs. Por meio da Assessoria de Comunicação, a pasta informou que “A Secretaria de Saúde informa que foram pagas as horas extras referentes até o mês de novembro e que as demais aguardam dotação orçamentária.”
Opinião
Resta saber se a SES-DF ou se o governador do DF, o socialista, Rodrigo Rollemberg (PSB), levam em consideração que esses trabalhadores, atuam diretamente com o suporte à vida de pacientes internados em hospitais, UPAs ou em atendimento pelo SAMU, em geral, nas emergências.
Atualização: 29/5/17 às 11h33 para complementação de informação