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22 nov 2024 07:03


Saúde do DF depende de Horas Extras para atendimentos nas emergências, mas atraso de pagamento virou rotina

GDF brinca com servidores que esperam por até seis meses para receber para receber pagamentos

Por Kleber Karpov

Por falta de servidores e má gestão, diversos serviços essenciais aos usuários do Sistema Único de Saúde do DF dependem, exclusivamente, do pagamento das Horas Extras (HEs). Esse é o caso dos atendimentos de emergência das Unidades de Pronto Atendimentos (UPAs), dos Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) e ainda de alguns hospitais do DF, a exemplo do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM).

Porém, se de um lado a Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF) necessida da adesão dos servidores para garantir tais atendimentos, de outro, o GDF faz pouco e deixa de priorizar os pagamentos das HEs dos servidores, em alguns casos em até seis meses, quando a prática corriqueira era de apenas dois.

O caso é polêmico e os trabalhadores que ainda insistem um aderir ao banco de horas extras, muitos para complementar a renda, o fazem por conta própria. Isso porque os próprios sindicatos, ao perceberem a falta de gestão da SES-DF e do GDF em relação ao pagamento das HEs, passaram a recomendar que os servidores deixassem de cumprir a carga excedente.

Solução?

Nesse contexto, resta aos servidores, apenas atuar, em ação coordenada, para pressionar o governo a exemplo da mobilização dos servidores em fevereiro, às vésperas do Carnaval. Na ocasião ameaçaram fazer entrega coletiva das HEs, nas 48 horas que antecederam o feriado. Caso que forçou o GDF a retirar recursos hipoteticamente ‘indisponíveis’ de ‘debaixo do colchão’.

Desabafo

Porém, enquanto novas ações coordenadas não acontecem, o desabafo de uma servidora, não identificada por Política Distrital (PD) em decorrência de possíveis retaliações, viralizou grupos do aplicativo Whatsapp (27/Mai). Em um áudio a profissional de saúde demonstra, além da falta de prioridades da SES-DF e do GDF.

“Eu estou entregando todas as minhas horas extras, não farei horas extra enquanto esse governo sem vergonha não honrar esse compromisso com a gente. Esse homem está querendo usar toda a verba que ele tem para fazer alguma coisa e os deputados infelizmente estão parados, aqueles que dizem que estão com a gente. Não estão nem aí mesmo. Quer dizer, sepultaram, tornou-se pizza da CPI da Saúde pelo que eu sei. Tudo com esse homem se transforma em pizza, nem a Justiça dá conta dele, nem os juízes do DF dá conta desse homem. tudo com esse homem se transforma em pizza, porque o desmando que ele faz se torna incabível. Saiu mais uma circular que eu não sei a veracidade, mas inclusive tem mais uma. Quem tem hora negativa que fez greve, não vai receber as horas extras, incabível porque isso aí saiu agora em maio e nós estamos com horas extras atrasadas desde o ano passado.”, emocionada conclama que os servidores sejam corporativistas, que “tenham vergonha na cara e entreguem as horas extras”, sugeriu.

A servidora lembrou a falta de prioridades do GDF, ao publicar,  recentemente no Diário Oficial do DF (25/Mai), a abertura de pregão eletrônico para aquisição de R$ 225,2 mil em capas de chuva, para cerca de 1.200 profissionais do SAMU, quando o serviço conta com cerca de apenas 800 profissionais.

Confira o áudio (editado para retirada do nome da servidora)

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Instabilidade emocional

O desabafo demonstra ainda  outra face, preocupante, porém, não dita. A negligência do governo que pode provocar instabilidade emocional a servidores em um segmento ‘sensível’, nas emergências médicas, o que pode se tornar nitroglicerina pura.

A negligência, por parte dos gestores da SES-DF e do GDF, em relação aos pagamentos das HEs, daqueles que se propõem trabalhar, em geral para complementar a renda, pode provocar instabilidade emocional nos trabalhadores. Essa é a opinião do vice-presidente do Sindicato dos Auxiliares e Técnicos em Enfermagem do DF (SINDATE-DF), Jorge Vianna.

“Os servidores têm sofrido pressão de todos os lados, todo movimento por parte do governo é para tirar benefício ou deixar o servidor em mais arrocho. Esses servidores que ainda fazem horas extras, mesmo com a recomendação do Sindicato de não aderirem ao banco de horas, muitos deles, fazem pois precisam do recurso extra e quando o governo não paga, isso reflete na capacidade profissional, pois como a colega mencionou, é um dinheiro que seria utilizado para comer, para comprar um bem necessário. Então o governo brinca com a vida das pessoas quando levam os atrasos ao extremo. E isso pode sim refletir lá na ponta. Infelizmente, isso pode ser apenas questão de tempo.”, afirmou Vianna.

A outra parte

PD entrou apurou com a SES-DF (27/Mai) sobre a previsão de pagamento das HEs. Por meio da Assessoria de Comunicação, a pasta informou que “A Secretaria de Saúde informa que foram pagas as horas extras referentes até o mês de novembro e que as demais aguardam dotação orçamentária.”

Opinião

Resta saber se a SES-DF ou se o governador do DF, o socialista, Rodrigo Rollemberg (PSB), levam em consideração que esses trabalhadores, atuam diretamente com o suporte à vida de pacientes internados em hospitais, UPAs ou em atendimento pelo SAMU, em geral, nas emergências.

Atualização: 29/5/17 às 11h33 para complementação de informação

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