Saúde Pública se faz com decisão política



Por Maria Fátima de Sousa e Maria José Maninha

O artigo subscrito pelo secretário adjunto de Assistência em Saúde do GDF, publicado no Correio Braziliense (30/1), demanda algumas correções para que a população de Brasília não seja levada ao erro. O programa Saúde em Casa, implantado em 1997, foi de fato um feito que revolucionou a assistência em Saúde do DF. Ressalte-se que sempre esteve sob o comando do poder púbico. Nunca foram terceirizados o seu planejamento e a sua gestão.

O Saúde em Casa superou a marca dos 70% da população, mais de 1,5 milhão de habitantes, quando a cidade chegava a 2 milhões de moradores. Ação que demonstrou êxito nos indicadores de Saúde, notadamente nos índices de mortalidade infantil e materna. Ele mostrou que o caminho certo é investir em mais e melhores profissionais de Saúde.

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O que os dirigentes atuais da Saúde do governo Rollemberg não compreendem é que defendemos para o DF outra forma de organizar as ações e os serviços de saúde. Nela não cabem slogans, discursos demagógicos, com o claro interesse em manipular ou agradar à população do DF, que sofre os danos de desgovernos de um conjunto de partidos, que, historicamente, não resolveram os problemas de saúde dessa cidade.

O poder político que queremos é para governar com todas as forças progressistas e democráticas dessa cidade. Ombro a ombro, de forma respeitosa, dialógica e transparente. Nosso interesse é defender um Plano de Desenvolvimento Humano Integrado, para o bem-viver de cada pessoa, de cada família que escolheu Brasília, a cidade da esperança, para exercerem sua cidadania.

Cidadania que não faltará às filhas e filhos dessa cidade, a coragem para se reencantar com outras formas de fazer política. De se reencontrar com políticos coerentes com a ética, a moral e a probidade em administrar os bens públicos. E, assim, reencenar os tempos da “poeira e batom”, aparecendo, antes, durante e depois das eleições, para exigirem a renovação das velhas práticas políticas e suas vestimentas esgaçadas. O povo do DF não é ingênuo, sabe diferenciar a verdade dos discursos ufanistas, autoenaltecedores do não feito, das propagandas ilusórias, de baixa e pouca condição de realização, da campanha eleitoreira enganosa.

Verdade é que a primeira atitude a ser tomada por um gestor público do Sistema Único de Saúde (SUS) é construir, com as forças sociopolíticas sanitárias e a população, um projeto civilizatório para a saúde do Distrito Federal, e, para isso, faz-se necessário entender que o foco é a saúde e não a doença. O modelo atual não promove a saúde, muito menos trata as doenças. As pessoas devem ser colocadas em primeiro lugar. E não devem ser tratadas como mercadorias, frutos para lucros de terceiros no complexo mercado médico industrial.

Verdade, é, que o DF necessita, urgentemente, arquitetar uma rede integrada de atenção à Saúde cujo eixo estruturante tenha início em casa, com a presença dos agentes comunitários de Saúde. Interconectando a rede básica de saúde aos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), aos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), aos Serviços de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e sobretudo a definição do perfil dos hospitais regionais. Ou seja, voltar os valores que nortearam o Saúde em Casa. Por onde anda a coragem de gerir com ousadia, inovação e qualidade?

Afinal, temos capacidades de sobra. A SES/DF tem a vantagem no Sistema Único de Saúde (SUS) de ser, ao mesmo tempo, uma secretaria estadual e municipal, o que viabiliza recursos adicionais; dispõe da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), de relevada qualidade. Verdade é a nossa capital da República necessita, urgentemente, voltar aos noticiários anunciando as boas novas dos resultados de saúde e vida de sua gente, não apenas sobre as mazelas.

Passados quase quatro anos de governo, é urgente trocarmos o grito da dor e do sofrimento das pessoas nos processos de adoecimento por rodas alegres em ambientes saudáveis, cuja sintonia seja a defesa da saúde e da vida. Fora disso, é, sim, deixar a população à mercê das falsas promessas, em plena campanhaem vez de governar.

Maria Fátima de Sousa é Diretora da Faculdade de Ciências da Saúde da UnB e professora do Departamento de Saúde Coletiva; e Maria José Maninha, ex-secretária de Saúde do Distrito Federal

Fonte: Cremep/Correio Braziliense



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