Desempregada e obrigada a acompanhar filho por 24 horas, mãe se diz com “corda no pescoço” pois precisa pagar alugue; de R$ 800 e demais despesas da casa
Por Kleber Karpov
Na última semana, o que era uma ameaça se tornou realidade. A Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) suspendeu o fornecimento do suplemento MSUD.B, indispensável à alimentação de Felipe Augusto da Páscoa Sousa, de 14 anos. Portador de leucinose, uma doença metabólica denegerativa, o garoto era assistido pela mãe, Maria Aureni da Páscoa, 47 anos, em sistema de Home Care. Mas, sem o MSUD.B, Felipe Augusto teve que ser internado no Hospital Regional de Ceilandia (HRC), para ser mantido vivo.
“No final de Abril a Record [Veja Aqui] fez uma matéria sobre a falta do leite. Eles disseram que o leite seria fornecido até o dia 23 de Maio. Mas a uma semana estou com meu filho no hospital porque não tem leite. É um absurdo, falta de respeito.”, disse.
Naquela ocasião, Maria Aureni também recorreu ao Política Distrital (PD)(3/Mai). Isso após ser informada pela nutricionsita do Núcleo Regional de Atendimento Domiciliar de Ceilândia (NRAD), sobre possível suspensão de fornecimento do MSUD.B. Um dos três suplementos indispensáveis à alimentação de Felipe Augusto, que a mãe passou a ter dificuldade de acesso junto à Farmácia de Alto Custo da SES-DF.
SES-DF
À época, PD chegou a questionar a SES-DF sobre o risco de suspensão do fornecimento do suplemento para garantir a alimentação de Felipe Augusto. O que segundo a SES-DF: “o processo de aquisição da fórmula MSUDMED B PLUS está em andamento.”.
A secretaria chegou a explicar que, “o processo para aquisição desse produto foi autuado em 2016 e o pregão eletrônico foi agendado para março de 2017, contudo, foi suspenso pelo TCDF [Tribunal de Contas do DF] e, após sanada as pendências, ocorreu em junho do mesmo ano [2017].”.
Também na ocasião, a SES-DF esclareceu que, “caso a fórmula acabe antes da finalização do processo licitatório; a equipe que acompanha o paciente pode utilizar a fórmula indicada a outra faixa etária ou internar o paciente para receber a fórmula até a reposição dos estoques.”.
Maria Aureni, explicou que conta com decisão judical proferida pelo Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), ainda na gestão do ex-governador, Agnelo Queiroz (PT), que garante a assistência e a alimentação.
Com a corda no pescoço
Se para Maria Aureni a situação já era difícil por ter que sustentar a casa, sozinha, e cuidar de Felipe Augusto, com a internação a situação piorou. “Eu estou com a corda no pescoço só esperando alguém puxar”, disse ao observar que paga aluguel de R$ 800, além das despesas com água, energia elétrica, IPTU e mais a alimentação.
“Eu estava trabalhando fazendo uns ‘bicos’, mas tive que sair para ficar com ele [Felipe Agusto] aqui no hospital. Ele tem que ter acompanhamento pois tem que fazer aspiração e eu fico noite e dia com ele.”, dissse angustiada.
Questionada sobre previsão de quando a SES-DF deve voltar a fornecer o suplemento, Maria Aureni demonstra mais uma vez a preocupação. “Ele é paciente do NRAD, então eu fui lá na quarta-feira para pergutar, mas eles disseram que ainda não há nenhuma previsão.”, desabafou.
Opinião
Após um ano, após a SES-DF, resolver as pendências do TCDF, Maria Aureni sofre, praticamente ao longo do mesmo período, enquanto aguarda a ‘boa vontade’ da SES-DF em garantir o fornecimento dos suplementos de Felipe Augusto.
Um episódio em que a gestão do governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB), faz sofrer o filho, ao ser retirado do conforto do lar, mesmo que em ambiente de Home Care, como também a mãe, impedida de garantir a sobrevida e o custeio da estrutura para manter a si e ao filho.
Nova Posição
Após publicação da matéria, a SES-DF encaminhou novo posicionamento sobre o caso de Felipe Augusto. De acordo com a pasta, “o MSUMED B já foi comprado, mas a entrega pelo fornecedor está atrasada, devido a problemas na fabricação. O processo de compra está concluído e a Secretaria aguarda a entrega, que deveria ter ocorrido dia 19 de maio. Em documento enviado à SES, o fabricante estima que a completa regularização dos estoques, em todo Brasil, será possível ainda este mês. Enquanto o abastecimento não volta ao normal, o paciente não fica desassistido. A direção do Hospital Regional de Ceilândia informa que F.A.P.S foi internado para ter acesso à fórmula que usa para alimentação. No HRC o paciente recebe toda assistência necessária, com atenção especializada, das equipes medica e de enfermagem.”.
Atualização: 2/6/18 às 18h38