Secretário de Saúde do DF apadrinhou a presidente do SindSaúde-DF ou categoria foi vendida?



“A ordem veio de cima para baixo e partiu do Secretário, a pedido da Marli”

Por Kleber Karpov

Em 16 de julho Política Distrital publicou matéria sobre um pedido da presidente do presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde do DF (SINDSAÚDE-DF), Marli Rodrigues ao vice-governador do DF, Renato Santana (PSD). A sindicalista, para garantir que poderia montar uma nova chapa para tentar a reeleição para a presidência do Sindicato, pediu a ‘cabeça’ do técnico em Radiologia da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), Antônio Aristeu Torres Vianna, por estar lotado em uma unidade de Saúde do Cruzeiro.

A matéria foi publicada, após a divulgação do áudio da reunião, gravada por Marli Rodrigues, sem o conhecimento do Vice-Governador, vir a público, pelo jornalista da revista Isto É, Ary Filgueira e divulgado por Metrópoles. Embora o foco fossem denúncias de suposto esquema de pagamento de propina envolvendo a Secretaria de Estado de Fazenda do DF (SEFAZ). A Sindicalista deixou claro a necessidade de uma intervenção divina para garantir a manutenção da presidência do SINDSAÚDE-DF.

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Isso porque para compor a chapa era necessário manter uma certa quantidade de servidores ligados a Sindicalista, em cada regional, o que não ocorria na unidade de Saúde do Cruzeiro. Para resolver a questão, Marli Rodrigues, pediu uma ‘forcinha’ ao vice-governador.

“Não, lá tem sete [servidores filiados ao SindSaúde, aptos a participar do processo eletivo], só que ele [Antônio Aristeu] já ‘trabalhou’ todos eles. Nós precisamos tirar ele de lá e botar o nome de uma menina lá… ”.

Após um curto diálogo sobre o tema, a sindicalista ouviu, por parte do vice-governador,o pedido de “matrícula, nome e lotação” de Antônio Aristeu e deu a entender que atenderia o pedido.

Confira o diálogo:

MARLI RODRIGUES: Tem um  outro assunto que você [Valdecir] falou pra mim.

VALDECIR: Não. Tem um assunto aí, que esse aí eu tinha esquecido.

MARLI RODRIGUES: Isso aí é uma outra coisa, também, que a gente precisa.

VALDECIR: A gente precisa mesmo transferir um cara do Cruzeiro. Ele não pode continuar lá no Cruzeiro trabalhando. Estou com o nome dele e a matrícula dele. Ele está lotado no Centro de Saúde do Cruzeiro e ele tem que sair de lá. Por quê? O sindicato, quando ele monta uma chapa de eleição ele tem diretores em umas regionais de saúde, que se a chapa não conseguir colocar esse diretor, ele não registra a chapa.

MARLI RODRIGUES: É tipo assim, um no copo, dois na xícara, três no pires, quatro no porta guardanapo. e aí são 140. Você monta 139 e se você não tiver o do pires.

VALDECIR: E esse cara, o que acontece…

RENATO SANTANA: A chapa está irregular?

VALCECIR: Tá irregular. Esse cara é inimigo nosso aí. Esse cara é irmão do Agamenon [Antonio Agamenon Torres Viana, atual tesoureiro do SindSaúde-DF]. Irmão do Agamenon. O que acontece.

MARLI RODRIGUES: Nós não podemos pedir isso pra não [Incompreensível]. Mas não existe irregularidade, porque o cara é técnico em radiologia, lá não tem Raio X, tá pagando hora extra [incompreensível]

RENATO SANTANA: Qual que é a situação, me dá logo aí o [Interrompido].

MARLI RODRIGUES: Tem que tirar o cara de lá, arranjar um lugar que tem Raio X, pra ele trabalhar.

VALCECIR: Tirar de lá e colocar onde tem Raio X para trabalhar. No HRAN [Hospital Regional da Asa Norte], por exemplo, que é Regional Norte.

RENATO SANTANA: E estando lá hoje, ele atrapalha em quê?

VALCECIR: Ele é o único lá, que, que, pra quando se registrar uma chapa?

RENATO SANTANA: Como é que é?

VALCECIR: Ele é o único que você tem que por ele na chapa, e a gente não pode por ele na chapa.

RENATO SANTANA: Porque que ele é o único?

VALCECIR: Porque ele é o único sindicalizado que está lá, lotado lá.

RENATO SANTANA: Não tem uns velhos lá, sindicalizados?

MARLI RODRIGUES: Não, lá tem sete, só que ele já ‘trabalhou’ todos eles. Nós precisamos tirar ele de lá e botar o nome de uma menina lá.

VALCECIR: Que é a menina que vai ser a nossa, da chapa lá.

RENATO SANTANA: E quando que é isso?

MARLI RODRIGUES: Seria quando esse vagabundo desse Rollemberg pagar a nossa. as nossas, os nossos, os nossos reajustes. Quando ele vai pagar eu… Tem que ser em fevereiro.

VALCECIR: Tem que ser até fevereiro. Mas tem que sair antes, porque a chapa tem que… Registro da chapa é antes.

RENATO SANTANA: E qual que é a estratégia pra tirar esse [incompreensível] de lá?

MARLI RODRIGUES: Qual a estratégia? Qual é?

VALCECIR: Não tem radiologia lá. O cara é técnico de radiologia. Ele está lá, sem função. Botar ele para trabalhar, não tem radiologia. 

RENATO SANTANA: Arrumar uma necessidade do ‘José’ ir para um lugar…

VALCECIR:  No HRAN.

MARLI RODRIGUES: A Secretaria de Saúde paga hora extra para técnico de radiologia,  com um técnico de radiologia lá, para fazer Raio X. Vê quem resolve isso ai.

RENATO SANTANA: Eu resolvo com ela [?].

VALCECIR: É só isso, ai ele vai para o HRAN, por exemplo, que é Regional Norte também, vai trabalhar no HRAN, vai ser lotado. Só que tem que ser lotado. Não pode sair emprestado. Tem que mudar a lotação dele para poder colocar a menina lá do HMIB [Hospital Materno Infantil], que não é técnico em radiologia. Né?

RENATO SANTANA: Ele é irmão de quem?

VALCECIR: Do Agamenon. Antônio Aristeu Torres Viana. Eu estou com o nome dele e a matrícula aqui. E ele é técnico em Radiologia, eu te mando depois no Whatsapp, pode ser? Não tem problema não né?

RENATO SANTANA: Nome, Matrícula e Lotação [incompreensível].

MARLI: [Incompreensível]

VALCECIR: É o centro de Saúde do Cruzeiro. Qual o Centro de Saúde, você sabe?

MARLI: Nove

VALCECIR: Nove né? Que aí quando for registrar a chapa, ela tá limpinha.

RENATO SANTANA: A gente, não fala. Deixa eu te dizer aqui. Se o problema é a faixa de pedestre e vai tentar passar na faixa de pedestre na hora que o carro passou e atropelou alguém, eu não vou estar na faixa de pedestre. Tô puto com esse negócio.

[incompreensivel]

VALCECIR: Agora o que ele falou, vai acontecer, na hora que eles sonharem com esse negócio, eles vão vir pra cima e não vai dar tempo.

MARLI RODRIGUES: Só se vocês falarem alguma coisa.

 

Quatro meses e possíveis manobras depois…

aristeu

Estranhamente, na terça-feira (1º/Nov), Aristeu foi exonerado do cargo que ocupava de Supervisor Administrativo da Gerência de Serviços de Atenção Primária n° 1 do Cruzeiro. Em apuração, o ‘X’ da questão era descobrir quem estava por trás e qual o motivo da exoneração.  Isso porque o atendimento de tal pedido por parte do vice-governador parece estar superado, pois com o vazamento dos áudios a relação de Marli Rodrigues com Renato Santana, construída pela cúpula do PSD-DF ao longo dos últimos anos, definitivamente ‘azedou’.

Na cortina de fumaça

Se Marli Rodrigues, não pôde contar com Renato Santana e ambos entraram em rota de colisão com o governador, Rodrigo Rollemberg (PSB), ao colocarem a gestão do chefe do Executivo olho do furacão das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde na Câmara Legislativa do DF (CLDF).

Por que cargas d’água Rollemberg permitiria a exoneração de Aristeu para permitir que Marli Rodrigues pudesse montar a chapa para tentar reeleição?

“De cima para baixo”

A resposta, se confirmado, pode estar em informação passada ao Política Distrital, nesta segunda-feira (7/Nov). Uma fonte procurou o blog e, por questões óbvias pediu para não ser identificada, foi taxativa ao afirmar:

“Marli Rodrigues pediu ao secretário de Saúde [Humberto Fonseca], que acionou a superintendência regional-norte encaminhar. O resto você deduz. A ordem veio de cima para baixo e partiu do Secretário, a pedido da Marli.”.

Mas como assim?

A revelação, embora não surpreenda quem conhece a sindicalista, não deixa de ser intrigante e cria mais perguntas.

Sem entrar no mérito do merecimento, por que o Secretário de Saúde atenderia ao pedido de Marli Rodrigues, se ela além de atuar na CPI da Saúde, ainda pede o impeachment do governador? Será que Rollemberg sabe do acontecido? Será que a sindicalista negociou a adesão à greve para garantir a perpetuação à frente do SINDSAÚDE-DF? Será que a cabeça de Antônio Aristeu foi colocada em uma bandeja e entregue à Sindicalista?

Em tempos de greve

Estranhamente fato é que o Sindicato, até o momento, não aderiu ao movimento de greve e não demonstrou a intenção de fazê-lo. Outro ponto interessante é que, recentemente, em entrevista à TV Record, embora não tenha mencionado nomes, Humberto Fonseca, acenou que tem conversado com alguns sindicatos.

Nem só de suposição vive o homem

Uma vez que jornalismo não se baseia na linha de suposições, mas de fatos, Política Distrital, entrou em contato com o Vice-Governador do DF, que não respondeu aos questionamentos. O Blog contatou a SES-DF nos dias quatro e 11 de novembro, para tentar obter informações sobre o motivo da exoneração de Antônio Aristeu, porém, também não deu retorno aos questionamentos.

E, finalmente, em relação ao SINDSAÚDE-DF, o sindicato informou não ter tal informação e, embora seja contrassenso para quem conhece a atividade daquele sindicato, explicou: “Não é papel e nem função do Sindicato discutir lotação de servidores.”.

Tá dominado

Recentemente o Sindicato também realizou uma assembleia, no Hotel Nacional e a pauta foi a mudança estatutária que nega aos sindicalizados, que tivessem ocupado cargo em comissão, com tempo inferior a dois anos, de participar do processo eletivo para a presidência do SINDSAÚDE-DF.

Com as devidas garantias

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O SINDSÁUDE-DF, publicou, na segunda-feira (7/Nov), no Jornal de Brasília, o edital de convocação de Assembleia Geral para escolha da Comissão Eleitoral das Eleições. Viva a democracia!

Confira o diálogo:

Diálogo da matéria a partir dos 60 minutos  (Fonte: Metrópoles)



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