Seis meses após pedir votos Rollemberg manda derrubar casas em São Sebastião



Por Ascon RCN

“Me sinto roubado, traído e enganado”. A expressão de desabafo e desespero é do calejado cidadão Jose Wilson (51 anos) após assistir a derrubada de sua casa pelos tratores da AGEFIS durante o dia de ontem (01), no Morro da Cruz, zona rural de São Sebastião.

A perda do único bem, sentido por Wilson, com o qual já havia gastado R$ 20 mil na compra do lote e mais R$20 mil para construir a sua moradia de dois cômodos, sintetiza muito bem o mesmo pavor que sentem as mais de 10 mil famílias que no final de setembro do ano passado “fizeram sala” para ouvirem as “rodas de conversas” do então candidato e hoje governador do DF Rodrigo Rollemberg e o então candidato e hoje deputado distrital Ivonildo Di Lira (PHS).

Em troca do apoio traduzido em voto, ambos prometeram regularizar a comunidade e fazer a infraestrutura como a melhoria das ruas, água encanada e energia para todos. A população se sentiu reconhecida. Após 92 dias do novo governo, ao invés das promessas, o governador Rollemberg enviou para o Morro da Cruz uma mega operação com tratores e homens da PM comanda pela Agefis (Agencia de Fiscalização) que derrubou 13 casas, prendeu, arrebentou e humilhou moradores.

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A operação se deu contra as casas da Vila Zumbi dos Palmares que ficam na parte baixa do Morro da Cruz. A Afgefis anunciou que essa é apenas a primeira etapa das operações que se subirão o morro após a Semana Santa, onde existem mais de 10 mil famílias morando. A área foi mapeada pelo governo Rollemberg como “invadida”. A ordem do Palácio do Buriti é “varrer” a área.

Ferimento à criança suspende a operação

1 morroSegundo os moradores, estilhaços de uma casa teriam atingido e machucado uma criança de oito anos. Os trabalhos teriam sido suspensos por causa disso. Os moradores se sentiram abandonados pelo deputado Lira.

Di Lira sabia da operação e desligou o celular

O distrital foi eleito no ano passado com 11.463 votos, cuja maior parte desses votos ele recebeu em São Sebastião, em especial dos moradores do Morro da Cruz. Mas ontem, ele desligou o celular no dia em que a comunidade mais precisou dele. A reclamação era geral. Muitos moradores ligaram para o gabinete na Câmara Legislativa, mas a informação da assessoria era de que parlamentar não havia dado as caras por lá . “Nos traiu”, desabafou enfaticamente o carpinteiro João Carlos.

“Não merecíamos abandono”, disse ao Radar o pedreiro Tiago Barros da Silva, que foi algemado com mais três pessoas, entre eles o presidente da Associação de Moradores do Morro da Cruz de nome Rogério. A prisão se deu pelo fato deles discordarem das derrubadas ilegais por falta de notificação.

Desamparados e desesperados, os moradores pediram ajuda ao Radar e às lideranças do Jardim Botânico, que prontamente participaram de uma grande reunião da comunidade no final da tarde. A pergunta era: o que fazer para preservar as moradias que construíram com muitas dificuldades em cima de lotes comprados de boa fé?

“Nós não somos invasores”, afirmou Tiago, exibindo uma cessão de direito, documento portado por todos os moradores do Morro da Cruz, assinado por corretores de imóveis que desde junho do ano passado negociam lotes através de anúncios nos jornais e stands de vendas espalhados por toda a cidade de São Sebastião inclusive com alvarás de funcionamento dados pela Administração. Um negócio rentável feito com a ajudazinha do poder publico.

“Eles diziam que a área era legalizada e cobravam R$ 20 mil por um lote. Ninguém da fiscalização do governo veio aqui para dizer o contrário. Eu comprei o meu achando que era verdade. Se soubesse que era ilegal não compraria. Acredito que a fiscalização fecha os olhos, certamente em troca da propina”, disse um morador.

Wander Azevedo sugere a criação de associação para proteger moradores

Wander Azevedo, que integra o grupo de lideranças do Jardim Botânico, sugeriu a criação urgente da Associação dos Moradores de Zumbir de Palmares do Morro da Cruz como instrumento de organização da comunidade.

O objetivo da entidade é tentar abrir um canal de negociação junto ao governo para negociar uma saída que contemple os moradores que adquiriram seus lotes de boa-fé. O GDF tem um projeto para a construção de sete mil novas unidades habitacionais denominado de projeto Crixá e Nacional.

A ideia é levar uma proposta ao governo através da associação dos moradores, reivindicando que os moradores do Zumbi de Palmares sejam inscritos na lista de prioridades do programa habitacional .

A associação dos moradores será criada nesta quinta-feira(02), as 15 :35 hs, através de uma assembleia geral que ira aprovar o Estatuto Social e a primeira Diretoria. As lideranças do Jardim Botânico e o Radar estão presentes ao ato.

 Fonte: Radar Condomínios



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