Sem divulgação de dados, número é desconhecido. Mas em três hospitais de São Paulo, 577 profissionais de saúde foram testados positivo para Covid-19
Por Kleber Karpov e Ana Paula
Desde a chegada do coronavírus no país, em que o primeiro paciente teve confirmação de infecção por Covid-19, em São Paulo, no final de fevereiro o Brasil alcançou o número de 5.717 pessoas infectadas. Desses, apenas três grandes hospitais paulistanos apontam que cerca de 10% desse montante são profissionais de saúde.
Tratados como heróis pela população, pelo governo e dentro das repartições hospitalares não se pode dizer a mesma coisa. Isso porque há falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). O resultado? Centenas de pessoas, na luta para salvar vidas em meio a pandemia, passam de profissionais de saúde à pacientes, por serem contaminados com o Covid-19. Médicos, enfermeiros, profissionais de limpeza, recepção e manutenção estão entre os mais afetados.
Nessa segunda-feira (30/03), 104 funcionários do Hospital Sírio-Libanês em São Paulo foram afastados por 14 dias após testarem positivo para o novo coronavírus. Na mesma data, o Hospital Israelita Albert Einstein também informou a contaminação de 348 colaboradores. Desses, 13 estão internados. Já no Hospital das Clínicas, outros 125 profissionais de saúde estão contaminados pela Covid-19. Juntos, os três hospitais contabilizam 10% do total de pessoas com coronavírus em todo país.
Exposição
Na segunda-feira (30/Mar), a Itália noticiou a contaminação de aproximadamente 6,4 mil profissionais de saúde contaminados com o Covid-19, equivale a 6% dos 105,8 mil italianos infectados. Em 22 de março, com 28 mil casos de coronavírus, a Espanha, contabilizava 12%, equivalente a 3,4 mil colaboradores infectados. Atualmente o país, conta com 98,9 mil registros de pessoas com a doença.
O grande vilão da contaminação, além da exposição direta às pessoas contaminadas pelo Covid-19, a falta de EPIs é reclamação comum aos profissionais de saúde mundo afora. A falta de máscaras, luvas, álcool gel, avental impermeável, óculos, tocas, estão entre os principais motivos de reclamação e, consequentemente, são as causas das infecções pelo coronavírus.
De acordo com informações da Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), cerca de 5 mil denúncias foram registradas em todos os estados brasileiros, desde o início da pandemia.
Distrito Federal
No DF, com um total de 333 pessoas infectadas com o Covid-19, e três óbitos, a Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), não divulga dados sobre servidores contaminados pelo coronavírus. A responsabilidade, de acordo com a SES-DF é da Secretaria de Estado de Economia do DF, a qual a Subsecretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (Subsaúde) é subordinada. Porém, segundo a Economia, “os dados sobre afastamentos de servidores estão em processamento não sendo possível afirmar o número de servidores acometidos da doença.”. Porém, a pasta alerta alerta que protocolos nacionais e internacionais impedem o repasse de tais informações.
“Os protocolos nacionais e internacionais proíbem a pasta de informar nomes, raça, classe social, endereço e local de trabalho. Essas medidas também se aplicam aos funcionários da rede pública de saúde.”.
Mas, independente de tais repasses, Política Distrital (PD), recebe constantes denúncias, tanto da falta de EPIs, nas unidades de saúde do DF, além de relatos de casos de servidores contaminados pela Covid-19.
O mais recente recebido, sob sigilo de identidade, ocorreu no Hospital Regional de Sobradinho (HRS), caso em que uma enfermeira, foi testada positivo para o Covid-19, e a gestão, segundo denúncias, em um primeiro momento se negou a submeter colegas próximos a profissional de enfermagem, a serem submetidos a teste para verificar se também não estavam contaminadas.
Nesse contexto, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) recomendou, na segunda-feira (30/mar), aos gestores da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), o imediato afastamento dos profissionais que apresentem sintomas de infecção pelo Covid-19. O documento, assinado por integrantes da força-tarefa que acompanha as iniciativas do GDF no combate ao coronavírus.
A recomendação cumpre o disposto no Decreto Distrital nº 40.520, o qual estabelece que qualquer servidor público com sintomas respiratórios ou que tenha retornado de viagens internacionais nos últimos dez dias deverá permanecer em casa e adotar regime de teletrabalho. A SES deve encaminhar resposta ao Ministério Público em 48h.