Por Gutemberg Fialho
“Os que mandam não só não se detêm diante do que nós chamamos absurdos, como se servem deles para entorpecer as consciências e aniquilar a razão”. A frase é do escritor português José Saramago e, embora tenha sido escrita em 2004, no livro Ensaio Sobre a Lucidez – cujo principal enredo é a democracia – define bem o que acontece hoje no Distrito Federal. São tantos os absurdos da gestão de Rodrigo Rollemberg que a oposição não consegue se organizar: está entorpecida. Ela assiste à proximidade das eleições do ano que vem, sem definir um candidato ao Buriti comprometido a tirar Brasília da mediocridade e da falta de projetos.
Ao transformar a capital do Brasil em um verdadeiro caos, sem saúde, educação e segurança, Rollemberg conseguiu também degradar a política, transformando-a em palco da inércia. Ninguém sabe para que lado vai. Qual é a prioridade? São tantas as falhas e as queixas da população que, até o momento, a oposição não conseguiu formar consenso em torno de um nome. Por outro lado, com as poucas gambiarras que ostenta, incluindo um deck milionário próximo a uma estação de tratamento de esgoto, o atual governador segue firme rumo às eleições de 2018.
O que Rollemberg fez e faz, na verdade, é a exata fórmula que muitos encontram para ter mais chances de manter-se no poder, pois sem oposição não há democracia. E a falta de democracia é uma das marcas desta gestão. Sem diálogo com a população, com os trabalhadores e seus representantes. Trocando em miúdos, a autocracia é o regime escolhido por esta gestão do GDF para governar: ele decide, negocia, distribui cargos, troca favores e toca em frente suas propostas que só atrasam e comprometem o futuro da cidade.
A população precisa enxergar a face da oposição. Os eleitores precisam saber que ali, no fim do túnel, após quatro anos de desmandos e desmontes no serviço público, há uma luz. E eles têm pressa. Têm pressa porque não querem reeleger Rollemberg. Aliás, diga-se de passagem, 72% deles o rejeitam. Não é, portanto, apenas uma questão de fazer oposição.
Uma oposição frágil fortalece um governo ruim. Na situação em que estamos hoje no DF, o mais preocupante “não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”, como afirmou o ativista político Martin Luther King. Por isso, já passou da hora de a oposição mostrar a Rollemberg que a reeleição não é uma possibilidade.