Seminário debate saúde mental de moradores das repúblicas LGBTQIA+

Acolhimento, escuta ativa e monitoramento de forma humanizada auxiliam no acompanhamento dos jovens

Seminário foi realizado no Museu da República


Dhankam Lopes é natural de uma pequena cidade do Rio Grande do Sul e passou por situações embaraçosas por ser diferente dos habitantes da região, em função de sua orientação sexual. Diante de casos como esse, a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) tomou a iniciativa de organizar um debate com psicólogos e psicanalistas sobre a importância da saúde mental dessa comunidade. O encontro ocorreu nessa segunda-feira (30), no Museu da República, e reuniu moradores das três repúblicas LGBTQIA+ do Distrito Federal.

“Foram anos me sentindo anormal; sofri abusos sexuais, tive depressão e tentei suicídio por algumas vezes na cidade em que morava”, relata Dhankam. “Fui acolhida, ouvida e fiz terapia com psicólogos. Depois dessa caminhada, hoje estou bem.”

Para o psicólogo Nikolai Sousa, um dos idealizadores do II Seminário das Repúblicas LGBTQIA+ do DF, a saúde mental não é apenas a ausência de doenças, mas o bem-estar pleno.

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“O objetivo do encontro foi debater a saúde mental no cotidiano, orientar as pessoas sobre seus direitos e sua cidadania, ouvi-los. Muitos chegam até as repúblicas fragilizados. O atendimento se dá não apenas individualmente, mas também no coletivo. Acompanhamos, acolhemos e monitoramos de forma humanizada, além de trabalhos psicoterapêuticos que realizamos para promover a autoestima e o protagonismo”, explica Nikolai.

Na avaliação do psicólogo e psicanalista André Bizzie, do Instituto InveRso, a população LGBTQIA+ carrega um estigma patológico, como se a diferença fosse uma doença ou um distúrbio de ordem psicológica. A intenção do seminário é orientar sobre a despatologização. “As pessoas LGBTQIA+, por vezes, passam por rupturas de vínculos familiares, passam a ter uma vida social empobrecida, até o ápice de não exercer a própria cidadania de maneira plena, o que pode acarretar sérios danos mentais”, alerta.

A secretária de Desenvolvimento Social, Mayara Noronha Rocha, lembra que as repúblicas visam garantir direitos e proteção à comunidade. “Não se trata de mudar o passado, mas oferecer um lugar de acolhida e promoção da cidadania para mudar o futuro”, afirma.

Repúblicas LGBTQIA+

As três repúblicas do DF são lares para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Os moradores são acompanhados por profissionais das áreas de assistência social e psicossocial e podem ficar na república até o período de um ano.

Para fazer parte, é necessário ter acima de 18 anos e cumprir os requisitos estabelecidos – informações que podem ser acessadas por meio de contato direto pelo e-mail [email protected].



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FONTEAgência Brasília
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