Servidora alerta para perigo da falta de antibióticos em unidades de Saúde do DF



Saúde do DF aumenta custo, tempo de internação de pacientes, além de transformar hospitais e UPAs em criadouros de superbactérias, por falta de antibióticos de baixo espectro

Por Kleber Karpov

Preocupada com a falta de antibióticos, convencionais, nas unidades de Saúde, uma enfermeira de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do DF, encaminhou à parlamentares da Câmara Legislativa do DF (CLDF) e ao Política Distrital (PD), uma lista dos medicamentos em falta na Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF).

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Entre outros medicamentos em falta na SES-DF, a enfermeira informou que os antibióticos Ceftriaxona, Piperacilina+tazobactam, Ciprofloxacino 2 mg/ml 100ml e Ampicilina + Sulbactam pó para solução injetável estão em falta nas unidades de Saúde.

De acordo com a servidora, por falta desses medicamentos, nas unidades, os profissionais de Saúde estão administrando antibióticos de amplo espectro – mais potentes. Porém, o que aparentemente serve de paliativo, pode oferecer perigo aos pacientes. Isso por aumentar o risco de surgimento de novas bactérias multirresistentes.

“Há tempos está em falta diversos antibióticos na SES, e com isso o uso de antibióticos de amplo espectro (‘mais potentes’ – normalmente utilizados no tratamento de infecções hospitalares e de bactérias resistentes) têm sido usados para tratamento de infecções comunitárias (onde geralmente são bactérias mais ‘fracas’). Isso compromete muito a saúde da população em geral, uma vez que aumenta o risco de surgimento de novas bactérias multirresistentes!”, informou a servidora.

Risco iminente

Ao PD, sob sigilo de identidade, a enfermeira explicou que o uso irrestrito de antibióticos, sobretudo os de amplo espectro, favorecem ao surgimento de cepas multirrestentes. Motivo esse que levou a Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA), a restringir “fortemente” o uso indiscriminado de antibióticos.

“Nós temos uma portaria do Ministério da Saúde (MS), a Portaria MS 2616/98, e a Nota técnica da ANVISA a 1/2013, que regulamentam o uso de antibióticos. O uso irrestrito, especialmente de antibióticos de amplo espectro, favorece o surgimento de cepas multirresistentes.”, explicou.

A Portaria MS 2616/98 estabelece diretrizes e normas para prevenção e o controle das infecções hospitalares, além de ações mínimas necessárias, a serem desenvolvidas, deliberada e sistematicamente, com vistas a redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções dos hospitais, por meio do Programa de Controle de Infecções Hospitalares (PCIH). Entre as normas estabelecidas está o uso racional de antimicrobianos, germicidas e materiais médico-hospitalares. A Nota Técnica da ANVISA 1/2013, por sua vez, trata das medidas de prevenção e controle de infecções por enterobactérias multirresistentes.

Antibióticos

Também sob sigilo de identidade, um farmacêutico da SES-DF explicou ao PD, que os antibióticos, utilizados para tratar infecções bacterianas, servem para matar ou inibir o crescimento dos microorganismos.

“Os antibióticos de amplo espectro atuam contra uma diversidade de espécie de bactérias enquanto os de baixo espectro em poucas espécies de bactérias. Cada tipo diferente de antibiótico afeta bactérias distintas e de maneiras diferente. Então, muitos pacientes que deveriam ser medicados com antibiótico de baixo espectro para matar um tipo de bactéria específico, ao receber a de amplo espectro, o medicamento pode não ser eficaz, além de aumentar a resistência e possibilitar a criação das superbactérias.”, disse o profissional de Saúde.

Tempo de recuperação e prejuízos

Segundo a enfermeiro, com as soluções ‘paliativas’ adotadas pela SES-DF, o tempo de permanência nos pacientes internados nas unidades de saúde, aumentam, consideravelmente. “O tempo de internação aumenta e consequentemente os gastos, já que o paciente poderia tomar uma dose, ficar em observação por 24 e, terminar o tratamento com antibiótico oral em casa. No caso dos antibióticos disponíveis hoje, todos têm que ficar internados por no mínimo 7 dias.”, explicou

A outra parte

Questionada sobre o problema, a SES-DF se limitou a informar que os antibióticos de baixo espectro Ceftriaxona, Piperacilina+tazobactam, Ciprofloxacino 2 mg/ml 100ml e Ampicilina + Sulbactam pó para solução injetável “estão com ata de registro vigente ou com processo de licitação agendado”.  Porém, a Pasta não deu previsão de quando as unidades de saúde devem ser abastecidas com os medicamentos.



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