Para servidores do HRSM, exoneração pode ser um ‘start’ ao processo de remoções de gestores, considerados opressores, vinculados a gestão de Rollemberg
Por Kleber Karpov
O Diário Oficial do DF (DODF) de quinta-feira (28/Mar), trouxe a publicação da exoneração do diretor do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM), Igor Silveira Dourado, mantido pela atual gestão da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), ainda da gestão do ex-governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB). A substituição de Dourado, foi motivo da comemoração, por parte de servidores do HRSM, a conivência com as constantes práticas de assédio moral dentro da unidade.
Um dos maiores e, melhor estruturado hospital do DF, ao longo da última gestão o HRSM coleciona problemas com a superlotação, falta de servidores, relação tensa com profissionais de saúde, medicamentos, insumos, limpeza e conservação. Ainda se soma a absorção, pelo hospital, de atendimentos, provenientes do Gama, a exemplo da pediatria. Em 2018, Rollemberg transferiu todo atendimento pediátrico do Hospital Regional do Gama (HRG) para a unidade de Santa Maria.
Esses ingredientes, ao longo dos últimos anos, resultaram em diversas reclamações por parte de servidores, seja pela sobrecarga, ou por pressão por parte dos gestores, por diversas ocasiões, refletidas em práticas de perseguição e assédio moral. Porém, há relatos de casos mais críticos, de profissionais de saúde, em quadros de depressão e ainda de tentativas ou anúncios de vontade de se cometer autoextermínio.
Avaliação
PD teve acesso a cópia de um relatório de avaliação dos servidores do HRSM que apontam, em grande maioria, o desapontamento dos profissionais de saúde. Mas, tais manifestações ultrapassam as fronteiras das avaliações e chegam, também, nas redes sociais.
Um desses casos veio a público nessa semana, encaminhado ao PD, por dois servidores do HRSM. Em uma troca de mensagem que circulou no aplicativo Whatsapp, uma profissional de saúde da unidade, manifestou pensamento de autoextermínio, em decorrência do clima para se trabalhar naquela unidade. “Acredita que no último plantão eu estava pensando num jeito de pular do 5 andar.”, diz após observar a falta de capacidade psicológica de continuar no hospital.
Assédio Moral
Atualmente, sob gestão do Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do DF (IGESDF), o HRSM, deve entrar na lista de promessa de “humanização” de atendimento aos usuários. Consequentemente, a exoneração de Dourado, também pode representar a extensão para os servidores. Também há que se lembrar, que uma das principais demandas dos profissionais de saúde da SES-DF, no início da gestão do governador, Ibaneis Rocha (MDB), estava diretamente relacionada a retirada de gestores assediadores ligados a era Rollemberg.
Isso por representarem, e praticarem, um dos períodos de maior perseguição aos profissionais de saúde, que se tem conhecimento na história da Secretaria. Isso, muitas vezes, demonstrado, estimulado, praticado por parte da cúpula da Saúde e do próprio governo do DF.
Sob nova direção
Se de um lado a substituição do diretor do HRSM é considerada positiva, por outro, a nomeação, para o cargo, do médico, traumatologista e ortopedista Fabiano Duarte Dutra, então gerente de Medicina Cirúrgica do Hospital de Base do DF (HBDF), voltou as manchetes da imprensa.
Dutra chegou a ser preso em investigação da Operação Mister Hyde, deflagrada, em setembro de 2016, pela Polícia Civil do DF e pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), que investigou a colocação de órteses e próteses sem necessidade, vencidas e superfaturadas em pacientes. Mas, em agosto de 2017, foi absolvido no inquérito, por falta de provas, pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT).
A outra parte
Sobre as manifestações dos servidores e a exoneração, o ex-diretor do HRSM, em contato com PD, encaminhou uma nota com o seguinte esclarecimento. Dourado encaminhou também, dezenas de manifestações, com o resguardo dos respectivos remetentes, em solidariedade por ter deixado o direção do hospital.
O médico Igor Silveira Dourado esclarece que durante os 2 anos e 7 meses que esteve como diretor do Hospital Regional de Santa Maria, atuou de maneira honesta, íntegra, transparente, acessível e humana.
Jamais incentivou qualquer tipo de assédio aos servidores, muito pelo contrário, trabalhou junto com as gerências, chefias de núcleos e coordenadores no sentido de valorizar os servidores, pois sabe que servidores valorizados e motivados prestam melhor assistência aos pacientes, com mais dignidade e humanidade, colocam-se no lugar dos pacientes e se compadecem com o sofrimento de seu próximo.
Os servidores estão adoecidos, com sobrecarga de trabalho e precisam ser valorizados.
Precisam ter seus diretos garantidos e condições para que cumpram seus deveres.
Foram dias e noites intensas, mediando conflitos, remediando por vezes o considerado irremediável, não medindo esforços para que a população tivesse o mínimo de dignidade no atendimento.
A busca sempre foi pelas melhores condições de trabalho aos servidores e melhores condições de atendimento à população que tanto precisa.
Sempre prezou pela capacidade técnica e não por questões políticas. Sempre considerou seus princípios e valores éticos e morais, bem como os da Instituição Secretaria de Saúde, acima de qualquer indicação política.
Cargos vem e vão, são de livre nomeação e exoneração, mas o RESPEITO, a ÉTICA e o CARÁTER, esses são só pra quem os tem.
Despede-se com a consciência tranquila, com a cabeça erguida e com a sensação de dever cumprido por cada momento vivido durante esse período.
Certamente nesse período observou-se muitas melhorias no HRSM, mas o Hospital ainda tem um grande potencial.
Espera que o atendimento à população melhore ainda mais, assim como as condições de trabalho, a assistência à saúde no HRSM e no Distrito Federal.
Deus no Controle acima de tudo!
Atualização: 30/03/2019 às 0h33