Renata Moura, da Agência Brasília
Mais de 5 mil adesivos de carros estão espalhados pelas cidades com o apelo. Profissionais alertam para a importância do isolamento na contenção do número de infectados.
Com os dizeres “Eu estou circulando nas ruas porque trabalho na saúde” estampado no vidro traseiro do seu carro, a gerente da enfermagem do Hospital de Base, Thais Ribeiro, 29 anos, circula pelas ruas. Isolada dos pais idosos, da irmã grávida e de dos sobrinhos há mais de dois meses, a profissional abraçou à campanha, que já conta com a adesão de cerca de 5 mil colegas.
“É um jeito de lembrar as pessoas a importância de ficar em casa neste momento. Só sair em caso de necessidade mesmo”, destaca a jovem enfermeira. Segundo ela, o período ainda demanda muita cautela e responsabilidade por parte de todos. “Quando a população fica em casa, cuida de si e também de todos nós”, diz.
A ideia dos adesivos, segundo ela, surgiu com a constatação de que aumentou o número de carros e pessoas nas ruas. “A Assessoria de Comunicação mandou confeccionar os adesivos e boa parte dos servidores colou nos carros”, conta Thais. “Era um jeito de contribuir com o movimento Fica em Casa, assim como fez o Detran e o DER com aquelas placas luminosas nas vias”, compara.
A enfermeira lembra que tem recebido muita solidariedade nas ruas. “As pessoas quando identificam o adesivo, buzinam, sinalizam positivamente. Isto é muito importante para nós”, destaca. Para ela, o agradecimento maior que a população pode dar nesse momento é algo bem prático: se recolher o máximo possível em casa.
Responsabilidade social
A enfermeira destaca ainda que o isolamento deve ser respeitado por todos. Mas, há casos especiais como o dos pacientes com câncer. “Quem está fazendo a quimioterapia não pode abandonar o barco”, lembra. Segundo ela, ainda há muito receio de infecção entre as pessoas classificadas como grupo de risco. “Neste caso, o doente deve seguir as orientações médicas e não faltar as sessões de quimio”, reforça.
Além dos profissionais de saúde, também estão circulando pelas ruas os trabalhadores envolvidos em serviços essenciais como a coleta seletiva, transporte público e fornecimento de água e luz. “O distanciamento é para quem pode ficar em casa, ficar em casa. Assim, a pessoa protege a si mesmo, a sua família, e ainda ajuda a proteção milhares de outras pessoas que precisam estar nas ruas”, destaca. “É uma questão de responsabilidade social. É o momento de pensarmos não só em nós, mas também no próximo”, completa.
Infecção baixa
A gerente de enfermagem do Hospital de Base conta que alguns profissionais de saúde já estão sendo infectados pelo Covid 19. No entanto, o índice de infecção ainda é bem baixo. “Enquanto no mundo 38% dos profissionais de enfermagem estão se contaminando. Aqui, temos apenas três casos, em mais de 2 mil servidores, entre técnicos e enfermeiros”, comemora.
Para Thais, o sucesso na contenção do novo coronavírus dentro do Hospital de Base é fruto de uma série de ações preventivas. “Investimos em treinamento e capacitação dos servidores para evitar a contaminação. Colocamos isso como prioridade logo no início, foi um cuidado que gerou um impacto muito positivo”.
Fonte: Agência Brasília