Servidores da saúde e da Força Aérea se unem para salvar a pequena Eliza

Ação conjunta possibilitou transferência de paciente de 5 meses para hospital de São Paulo, onde ela se submeterá a procedimento de urgência

Transferência da criança para São Paulo foi realizada em parceria entre Samu-DF, Samu-SP e Força Aérea Brasileira


A madrugada da segunda-feira (30) uniu servidores do Hospital Materno Infantil de Brasília (Hmib), do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) do Distrito Federal, da Força Aérea Brasileira (FAB) e do Samu de São Paulo numa só missão: transferir a pequena Eliza Vitória, paciente de Brasília, para o Hospital Municipal Menino Jesus, na capital paulista.

A menina precisa fazer uma reabilitação do intestino, tratamento que pode mudar a vida dela e de sua família. Aos 5 meses de idade, desde que nasceu, a bebê só conhece o ambiente hospitalar, mas, literalmente, já coleciona vitórias.

“Meu coração está a mil, estamos prestes a saber quais serão os próximos passos da Eliza e a expectativa de tê-la em casa, com a família reunida, só aumenta”, falou, emocionada, a mãe da pequena, antes de embarcar. Michele de Paula descobriu a gestação depois de sofrer dois acidentes vasculares cerebrais (AVC). A saúde da bebê não foi afetada, mas o parto ocorreu prematuramente, quando Michele estava com 34 semanas de gravidez.

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“Normalmente, os bebês nascem com uma média de 3 m de intestino. Após tudo o que ela passou, a estimativa é que Eliza tenha em torno de 10 cm do órgão. Ela é mesmo muito guerreirinha, porque o estado dela era gravíssimo”Yanna Gadelha, pediatra e gastroenterologista do Hmib

Vitórias

Eliza nasceu em 31 de dezembro no Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) e, logo nas primeiras horas de vida, apresentou uma secreção estranha. Com o passar dos dias, os sintomas foram aumentando: barriga estendida, infecção, hemorragia. “O médico chegou a me dizer que ela não chegaria viva até o fim do dia”, relembra a mãe. Mas o segundo nome, Vitória, não é em vão: a pequena ainda teria outras, e maiores, batalhas para vencer.

Apenas 15 dias depois de nascer, Eliza enfrentava a primeira entrada no centro cirúrgico. Ela tinha sido transferida para a UTI neonatal do Hmib e a equipe médica constatou necrose no intestino.

“Os cirurgiões e pediatras sempre foram muito atenciosos e nos explicaram tudo detalhadamente para que soubéssemos o que estava acontecendo”, conta Michele. Após três intervenções cirúrgicas e diversos episódios de infecção, o diagnóstico final: Eliza tem o intestino ultracurto.

“Normalmente, os bebês nascem com uma média de 3 m de intestino. Após tudo o que ela passou, a estimativa é que Eliza tenha em torno de 10 cm do órgão”, explica Yanna Gadelha, pediatra e gastroenterologista do Hmib. “Ela é mesmo muito guerreirinha, porque o estado dela era gravíssimo”, completa a médica.

Pela condição, a menina depende da alimentação parenteral para sobreviver, o que a impede de ir para casa e conviver com seus dois irmãos mais velhos, Mikaelly, 13 anos, e Hiago, 7. Apesar de o tratamento não existir no Distrito Federal, a família vê a possibilidade de realizar esse sonho com a reabilitação intestinal oferecida no Hospital Municipal Menino Jesus.

A dificuldade, porém, veio no traslado: como transferir uma paciente tão sensível de uma cidade a outra? Iniciou-se, então, um esforço para unir instituições em prol da saúde da pequena. Pelo menos oito servidores do Samu-DF participaram da transferência de Eliza do Hmib até a Base Aérea de Brasília, onde um avião da Força Aérea Brasileira a aguardava. A aeronave estava preparada com leito de UTI neonatal e equipe médica pronta para assistir a bebê.

O pai, Adalberto Olímpio, se despediu da caçula e da esposa no avião da FAB e estava emocionado. “A situação é muito difícil, mas estamos confiantes de que tudo vai dar certo”, afirma. Ele, que ficou em Brasília a pedido do filho, também não vê a hora de reunir toda a família. “Em breve estaremos todos juntos”, confia.

Já em São Paulo, mãe e filha foram levadas pela equipe do Samu-SP para o destino final: o Hospital Municipal Menino Jesus, que é gerenciado pelo Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês (IRSSL). “Acredito que essa ação, com tantas pessoas envolvidas desde a assistência até a logística, só teve um grande objetivo: salvar Eliza Vitória”, pontua o secretário de Saúde, general Manoel Pafiadache.

Se, após avaliação da equipe médica do Hospital Menino Jesus, a menina estiver apta a fazer a reabilitação intestinal, a família deve se mudar para São Paulo durante o período do tratamento que possibilitará a Eliza receber a alimentação parenteral em casa.

Além da alta expectativa, o sentimento dos pais é de gratidão. “Só temos a agradecer pelo apoio de toda a equipe da Saúde. Enfermeiros, técnicos, médicos… Todos do Hmib foram fundamentais em todo esse processo”, destaca Michele.

A “Missão Eliza”, como ficou conhecida no hospital, envolveu e sensibilizou mais de 15 profissionais do Hmib. “Ver os olhos dos pais brilhando, arrumando a Eliza para o voo, vislumbrando dar à filha uma qualidade de vida melhor ou uma possibilidade de tratamento, nos enche de força para continuarmos sempre na luta para a manutenção de um serviço público de qualidade”, destaca Marina Silveira, diretora-geral do Hmib.

O Hmib é referência na atenção integral à saúde da mulher e da criança e realiza cerca de 7 mil atendimentos de emergência por mês

Atenção integral à saúde da mulher e da criança

O Hmib é referência na atenção integral à saúde da mulher e da criança e realiza cerca de 7 mil atendimentos de emergência por mês. Em abril, a equipe médica da unidade realizou 6.861 atendimentos no pronto-socorro. Em março, foram 7.229 pacientes atendidos na emergência.

“A maior parte da nossa equipe é composta por profissionais que, além da especialidade básica em pediatria, tem subespecializações, de forma que conseguimos assistir as crianças integralmente”, destaca a diretora.

O Hmib é o único hospital que possui enfermaria exclusiva para infectologia e cirurgia pediátrica, além de contar com equipe multidisciplinar que acompanha os pacientes internados. Possui, também, ambulatórios especializados em alergia pediátrica, doenças raras e genética.

Além disso, oferta atendimento de ponta nas áreas de ginecologia, obstetrícia de emergência, medicina fetal, reprodução humana assistida, gestação de alto risco, uroginecologia, psiquiatria perinatal. Também conta com a unidade de prevenção e assistência às vítimas de violência. Por fim, o Hmib também é um hospital-escola. “Seguimos sempre em busca de novos conhecimentos e aprendizado para um atendimento de qualidade e excelência”, completa Marina.

Na quarta-feira (25), o hospital foi homenageado na Câmara dos Deputados com o prêmio Dr. Pinotti – Hospital Amigo da Mulher.



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FONTEAgência Brasília
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