Por Vicente Nunes
Nos últimos tempos, o que mais temos feito é reclamar dos serviços públicos, da ineficiência do Estado nos momentos em que mais precisamos. Pois hoje, pela manhã, foi possível constatar o quanto a vontade de servidores públicos de atender a sociedade pode superar toda a má vontade e o descaso.
Uma mulher, cujo nome ainda não foi divulgado, recebeu uma ligação logo pela manhã. Um telefonema pelo qual esperava havia sete anos. Era do serviço de transplante. Depois de tanto tempo, o coração que ela tanto ansiava para salvar sua vida havia chegado.
Ela teria, no entanto, apenas 30 minutos para fazer um trajeto entre Ceilândia Sul e Sudoeste, cerca de 40 quilômetros. A pressa tinha justificativa: o coração que ela receberia só aguentaria ficar sem bater por quatro horas. Depois disso, seria descartado. Ao sair de casa, porém, pegou um grande engarrafamento.
Nervosa, pensou que tudo tinha acabado. Mas o marido dela teve uma ideia. Ligou para o Samu e contou toda a história. Em pouco mais de 10 minutos os enfermeiros os encontraram no engarrafamento. Ao mesmo tempo que acalmavam a mulher, pois o transplante exigia muita tranquilidade da paciente, foram abrindo as vias que davam acesso ao Sudoeste.
Fecharam, mesmo sem avisar o Detran, a principal via de saída de Ceilândia, a Elmo Cerejo, por três minutos. Dali, pegaram a via expressa da EPTG, a avenida mais movimentada do Distrito Federal. Em 1o minutos estavam no Instituto do Coração.
Neste momento a mulher que havia esperado sete anos por um coração está na mesa de cirurgia no Instituto do Coração. E tudo conspira a favor dela. Não fosse o Samu, seria mais um coração jogado no lixo. O que estava esperando por ela ainda baterá por muitos e muitos anos.
Fonte: Hamilton Silva