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23 nov 2024 10:08


Setembro Verde: a doação de órgãos é um ato de amor ao próximo

Culto ecumênico no jardim do Hospital de Base prestou homenagem a famílias de doadores

Por Bruno Laganá

Seguindo as comemorações do Setembro Verde, mês de conscientização da doação de órgãos e tecidos, a Central Estadual de Transplantes do Distrito Federal (CETDF) e a Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) realizaram um culto ecumênico nesta quinta-feira (19), no jardim interno do Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), em homenagem às famílias de doadores.
Estiveram presentes o superintendente do Hospital de Base, Dr. Guilherme Porfírio; a diretora do Complexo Regulador em Saúde do DF, Dra. Maria Aurilene; a diretora da Regulação da Atenção Ambulatorial e Hospitalar, Dra Talita Epstein; a diretora da CETDF, Gabriela Ribeiro Christmann; e a chefe do Núcleo de Organização de Procura de Órgãos (NOPO) e presidente da CIHDOTT do Hospital de Base, Adriana Cavalcante.
Após o culto, familiares de pessoas que doaram seus órgãos receberam um gesto de amor: uma rosa branca entregue por pessoas transplantadas, que hoje seguem vivendo suas vidas com tranquilidade, graças ao ato de generosidade.
Adriana Cavalcante ressalta a importância de as famílias conversarem sobre a doação de órgãos e expressarem suas vontades. “A conscientização de que a doação é um ato de amor e que pode salvar muitas vidas precisa ser disseminado dentro das famílias brasileiras. É preciso conversar com os familiares que diante de uma situação de morte existe a possibilidade de doar órgãos”, explicou.

Doar órgãos é um ato de amor

Gabriel Henrique tinha apenas 18 anos quando levou um choque fulminante. Com a morte encefálica determinada pela equipe médica, sua mãe, Rita de Kássia de Souza Santos, foi contactada pela equipe responsável e questionada se tinha intenção de doar seus órgãos. “Um dia, no meio de nossas conversas, ele falou que, se algum dia precisasse, que ele seria doador. Eu só respeitei a vontade dele”, conta Rita. O Gabriel acabou sendo um doador de córneas, coração, rins e fígado.
Antônio Pereira Neto faleceu aos 47 anos de forma repentina. Sua irmã, Francineia Pereira Borges, foi contactada pouco tempo depois de receber a notícia, pelo NOPO. “Meu irmão tinha uma vida muito voltada para fazer o bem aos outros, ele se doava muito em ações sociais. Então ele já tinha expressado o desejo de ser doador”, lembra Francineia.
De acordo com Francineia, todos deveriam estar abertos a essa entrega. “Sou cristã e vejo a doação de órgãos como uma continuidade da vida. No sentido de ajudar o próximo, de poder dar vida através da nossa própria vida. Então doar é como trazer vida nova a pessoas que precisam, que necessitam. É um gesto de amor, de solidariedade”.
Robério Melo é portador de uma doença chamada Hemocromatose onde o organismo produz muito ferro e acaba não eliminando. Por conta disso, precisou de um transplante de fígado. “Eu tinha apenas mais três dias de vida. No último dia eu recebi o órgão. Na minha cabeça, foi como se Deus tivesse me dado uma segunda chance”, conta.
“Quando você está na fila de transplante, em um hospital internado, você não sabe se você vai viver para esperar a cirurgia, você não sabe se vai continuar vivo. É essa angústia, um medo misturado com esperança. Todo dia você acorda e agradece por mais um dia até chegar o transplante. Quando chega a doação, você tem uma vida nova, é uma vida renovada no mundo”, explica Robério.
Robério conta que enxergou a vida após o transplante como uma nova missão de vida. “Eu percebi que eu precisava devolver isso de alguma forma e criei o IBTX, Instituto Brasileiro de Transplantados”. Organização sem fins lucrativos, o Instituto oferece apoio aos pacientes transplantados e aqueles que vão fazer um transplante. “Damos suportes com entrega de cestas básicas, ajudamos a família a pagar uma conta de água ou de luz. Quando o provedor da casa fica doente, a família toda fica doente e passa a necessidade. Então oferecemos esse suporte”, conta Robério.
“É muito bom saber que, de alguma forma, alguém vive porque recebeu um pedacinho de quem a gente ama. E saber que agora outras famílias estão felizes é muito gratificante”, conclui Francineia.

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