Sistemas de informações da Secretaria de Saúde do DF podem entrar em colapso, novamente



Problemas internos, suporte inadequado do GDF e ataques de vírus comprometem atendimento na rede pública

Por Kleber Karpov

Na atual gestão da Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), um problema até então, inexistente na Tecnologia da Informação (TI) começou a se tornar recorrente na SES-DF. A instabilidade em sistemas de gestão de pessoal, usuários e de suporte ao funcionamento da estrutura de TI da Secretaria. Falta de renovação de licença de uso, para que a SES-DF pudesse ampliar a capacidade de dados de servidores à base de dados, de modo a incorporar os mais de 3 mil novos servidores contratados e atrasos de pagamentos à prestadoras de serviços são alguns casos que resultaram em sucessivas instabilidades nos sistemas Track Care, Forponto, entre outros.

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Antes, um aparte

Nessa semana unidades deixaram de realizar exames, a exemplo do HBDF, por outro problema relacionado, vírus em computadores. Embora o episódio em si, seja reflexo de toda estrutura de TI do GDF, esse ‘pequeno’ problema foi considerado uma demonstração de “total falta de gestão” por parte do governo, com consequências desastrosas, ao impedir atendimento pleno aos cidadãos em unidades de Saúde.

De volta à SES-DF

PD recebeu alerta, em 7 de julho, que a ‘novela’ com o Track Care, sistema de gerenciamento de atendimentos deve voltar a dar ‘dor de cabeça’ aos gestores, servidores e usuários da saúde pública do DF. Naquele dia, o software ‘travou’ toda rede. Segundo fonte, sob sigilo de identidade:  “A área de informática está sem contratos de manutenção importantes e imprescindíveis.”.

De acordo com a fonte, desde abril, a SES-DF não realiza backups do sistema “porque o equipamento que faz está com defeito e não foi consertado por falta de pagamento.” Na ocasião (11/Jul) a SES-DF negou problemas com a rede e com os contratos. “O contrato de manutenção dos equipamentos de Tecnologia da Informação está vigente. As informações estão preservadas e, diariamente, são armazenadas no sítio de contingência.”.

Porém, mensagens trocadas entre um servidor da SES-DF por meio do aplicativo Whatsapp, demonstram que  a história pode ser bem diferente.

Nas semanas seguintes, o sistema voltou a ter instabilidades. De acordo com a fonte, em 13 de julho, cirurgias chegaram a ser desmarcadas em algumas unidades hospitalares, por falhas no Track Care.

No dia 17 o sistema voltou a apresentar novas instabilidades, o que durou por três dias. Dessa vez, por falta de espaço em disco para armazenamento de informações do Track Care. “Como não tem manutenção vira um caos em algo tão simples e básico. Fora estar sem backup, se der pau, não conseguem restaurar”, disse a fonte, ao observar que a SES-DF “tem contrato de manutenção com a IBM, mas ela suspendeu o contrato no final do ano passado por falta de pagamento.”, concluiu.

A boa notícia é que, na manhã do dia 19 a SES-DF, de acordo com a fonte, pagou a IBM, o que permitiu à secretaria, fazer chamados de suporte técnico, para amenizar o problema. “Será que por perceber que se não pagasse, iria travar tudo novamente?”, questionou.

GDFNET

Mas, 20 de julho, outro ‘incidente’ o rompimento do cabo de fibra ótica, segundo informe da Central Especial de Tecnologia da Informação (CETIS)/SES-DF. O incidente atingiu as unidades de saúde em Sobradinho, Planaltina e Paranoá e revelou outro detalhe.

Sem o antigo contrato da operadora de telefonia OI, os sistemas da SES-DF deixaram de contar com redundância – que deveria garantir o funcionamento do sistema em caso de falhas de componentes ou sobrecargas do sistema –, porém, com contrato encerrado em 2015, e posterior migração do sistema para a compreende a “rede lógica, metropolitana, de comunicação corporativa do GDF”, a GDFNET, a Secretaria de Saúde ficou sem tal garantia sobre os sistemas.

Tal transferência no entanto, também repercutiu, negativamente, na gestão dos sistemas nas unidades de saúde do DF. Segundo a fonte de PD, “do ano passado para cá a GDFNET começou a por modens 3g/4g nos postos de saúde onde a OI estava cancelando circuitos. Pense numa bosta que ficou”, disse

Vírus [de computador]

Por fim, semana passada, os computadores de vários órgãos do GDF, foram contaminados com vírus o que causou novas instabilidades nos sistemas e também demonstrou o ‘amadorismo’ e a fragilidade, por parte do governo, no trato da política de tecnologia da informação. Na ocasião (21/Jul), a CTINF recomendou que se desconectassem todos os computadores do GDF, para evitar o alastramento da contaminação das máquinas em rede.

O caso chama atenção pois a solução encontrada pelo GDF, para resolver o problema, foi a instalação de um versão gratuita do AVAST, software antivírus. “Solução óbvia, tem instalar um antivírus. Porém, em se tratando de informações trafegadas por um governo de Estado, o mínimo que se esperaria é que o tivesse aquisições de licenças de uso de antivírus para todos os computadores”, disse o especialista em segurança em tecnologia da  informação, Jorge dos Santos, funcionário de uma grande corporação de TI, que obra no DF.



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