Subsaúde: Unidade de atenção ao servidor do GDF trata, com descaso, trabalhadores doentes e pós-cirúrgicos



Criada para centralizar serviço de atenção aos servidores da Saúde, SubSaúde se torna calvário para quem precisa dos serviços da unidade, principalmente, para homologar atestados médicos. Dia 3 de maio unidade fechou as portas, sem aviso prévio, para celebrar chegada de tocha olímpica. E os servidores, que se virem!

Por Kleber Karpov

Somente nas últimas semanas, Política Distrital recebeu denúncias de três servidores do GDF por causa de descaso de atendimento na Subsecretaria de Segurança e Saúde no Trabalho (Subsaúde), vinculada à Secretaria de Estado de Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplag). A Subsaúde absorveu, por meio de assinatura do Decreto nº 36.561/2015, pelo governador, Rodrigo Rollemberg (PSB), os atendimentos de demandas do funcionalismo público do DF.

A pedido dos servidores, que não desejam serem identificados, por questões óbvias, Política Distrital identificará os três servidores do GDF por Servidor A, B e C.

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Servidora A

Em 28 de Abril, A servidora A, lotada na Secretaria de Estado de Saúde do DF (SES-DF), procurou o Blog para reclamar da demora no atendimento.

“Hoje passei na pericia novamente e cheguei as dez horas e só fui atendida as dezessete. Sem lugar para sentar, sem água, sem ter como ir no banheiro, porque tinha medo de me chamar e eu não estar lá e sem comer.(Sic)”.

Servidora A vai além e apontou problemas de logística que comprometem o atendimento de muitos servidores, doentes ou em estado de recuperação, uma vez que o prontuário da trabalhadora não estava na Subsaúde.

“A médica me deu sessenta dias. Quando fui atendida a médica disse que estava sem meu prontuário que não estava lá, que eles guardam no DSOC [Diretoria de Saúde Ocupacional (DSOC)]. Eu disse que já tinha passado lá na pericia [da DSOC] e lá e eles disseram que eles devolveram. Então ela não podia me dar os sessenta dias e nem marcar como retorno. Teria que abonar só os trinta dias e eu teria que ir na medica e pegar outro atestado, além de ir no serviço e  pegar outro encaminhamento. Resultado, um sistema  criado que não funciona, um prejuízo ao servidor doente. Maldição criada por Rollemberg.(Sic)”

Servidora B

Outro relato é de outra servidora da SES-DF que procurou Política Distrital (27/Abr) que também precisou homologar o atestado médico na Subsaúde e se deparou com situação parecida.

“Fiz uma cirurgia na mama com colocação de prótese, no dia 27/04/16. Fui homologar o atestado, cheguei ao local umas 14h, e sai de lá às 18h30, num festival de falta de respeito ao Servidor. Num local apertado, sem assentos suficientes para a quantidade de pessoas que aguardavam a perícia. Peguei a senha de preferencial onde mandaram aguardar, num corredor, fiquei em pé por aproximadamente 1h, depois meu acompanhante conseguiu uma cadeira de rodas e me acomodei. Num ambiente mal iluminado, mal ventilado e com servidores com todas as moléstias possíveis dentro desse local. (Sic)”.

Preferencial?

De acordo com o depoimento de servidora B, até a médica se mostrou “horrorizada” com o descaso,  pois com atendimento preferencial, e com cortes, num pós-cirúrgico, a trabalhadora teve que aguardar o atendimento por quatro horas.

“Quando deu 18h, nos enviaram pra outro corredor, também lotado, daí mais ou menos 30mn fui chamada por uma médica, que perguntou o que eu tinha feito, mostrei a ela e ela ficou horrorizada pela demora do atendimento às pessoas que estavam aguardando, mesmo com a senha de preferencial! Cheguei em casa quase morta sentindo dores fortes nos cortes e desconforto. Tive que retornar ao médico, para ser novamente medicada! (Sic)”.

Saudades da DSOC

Servidora B lembrou a facilidade do atendimento na DSOC, em estrutura oferecida pela SES-DF e recomendou que Politica Distrital fizesse uma visita ‘in loco’ para ver a realidade do péssimo atendimento da Subsaúde.

“Antes homologávamos atestados na nossa regional de lotação, ligávamos, agendávamos o horário e o atendimento era realizado! Me senti um lixo, sem aonde recorrer, o que podemos esperar mais desse desgoverno?! Por favor amigo, faça uma matéria sobre essa falta de respeito, e se puder faça uma visita ao local e poderá comprovar o desalento que se encontra os servidores do GDF. (Sic)“

Servidora C

Mas não houve necessidade de o Blog se deslocar à Subsaúde pois no dia em que a tocha olímpica chegou ao DF, alguns servidores do GDF também não receberam atendimento na SubSaúde. O descaso do órgão que deveria dar atendimento aos servidores foi registrado por outra trabalhadora em um vídeo cedido com exclusividade ao Política Distrital.

“Esse vídeo mostra o desespero dos servidores, doentes, operados, sem condições financeiras, dependendo de carona, ou de quem possa dirigir. Na junta médica agora, superlotação, pois estão, saúde e educação, no mesmo local. Os atendentes sem saber como atender tanta gente, perdidos e desorganizados não sabiam oque fazer. Devido a passagem da tocha olímpica, de uma hora pra outra sem avisar, colocaram um papel na porta junta médica por volta das 16h, dizendo que poderiam fechar as portas. E fecharam, deixando de fora, sem avisar servidores doentes, que vieram de longe, incluindo operados, sem homologar atestado. Servidores desesperados com medo de cortar os pontos por vencer os atestados sem apreciei dos peritos. Servidores tratados como lixo. Doentes e humilhados. Ninguém divulgou que fechariam a junta médica.  Foi de repente.  Nem mesmo funcionários da própria junta sabiam. (Sic)“.

Confira o vídeo

Na mira da Câmara Legislativa

O deputado distrital, Raimundo Ribeiro (PPS), criticou (22/Set/15) o gasto de aproximadamente R$ 130 mil mensais por locação situada no 1º Subsolo do Edifício Parque Cidade Corporate, em uma das áreas mais nobres de Brasília. À época a Seplag explicou que o contrato, foi firmado na gestão do ex-governador, Agnelo Queiroz, desde 4/4/2014, por 36 meses, com as empresas:  Estrutural Empreendimentos Ltda , Polis Participações e empreendimentos Ltda, RVA Construções e Incorporações  e Cedro Participações e Empreendimentos  Ltda.

Em pesquisa no site Siga Brasília, Política Distrital não encontrou referências de despesas com o Grupo Sarkis, mas em relação às empresas mencionadas pela Seplag em novembro de 2015, foi possível constatar que, somente em 2016, a título de aluguel:

  • A Estrutural Empreendimentos recebeu cerca de R$ 597 mil. Desses, R$ 109 mil do Instituto de Previdência dos Servidores do DF (IPREV-DF), sendo R$ 65 mil a título de aluguel; R$ 326 mil da Seção de Orçamento da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), a título de alguel e taxa de condomínio (valor em único lançamento) e, R$ 161 mil da Seplag, sendo R$ 64 mil relativos à alugueis neste ano;
  • Polis Participações e empreendimentos recebeu R$ 107 mil da Seplag sendo R$ 42,9 mil de alguel e R$ 43 mil do IPREV-DF, sendo R$ 32,4 mil a título de alguém.
  • RVA Construções e Incorporações recebeu cerca de R$ 226 mil, sendo, R$ 161 mil do Iprev, desses, R$ 64,4 a título de aluguel e R$ 64,9 mil do Iprev, R$ 48,6 mil de aluguel;
  • Cedro Participações e Empreendimentos recebei R$ 450 mil, desses R$ 353 mil da Seplag, sendo R$ 85,9 mil a título de aluguel e R$ 97,34 do Iprev, desses, R$ 86,6 a título de aluguel.

Vale observar que além dos custos de locação do imóvel, o portal Siga Brasília aponta, pagamentos, de taxa condominial, água e energia elétrica, repassados as empresas. Embora em pesquisas diversos resultados sejam retornados à partir da palavra chave Sarkis, ao consultar especificamente “Grupo Sarkis”, não há retorno, o que inviabiliza avaliação sobre  o último nome repassado pela Seplag.

O que diz a Segad

Política Distrital questionou a capacidade de atendimento da Subsaúde à Seplag sobre os serviços de atenção à Saúde do Trabalhador e as denúncias dos trabalhadores. Por meio da Assessoria de Comunicação (Ascom), a Secretaria informou que atende cerca de 600 trabalhadores diariamente, desses, uma média de 250 da Secretaria de Educação, e entre 150 a 200 da SES-DF e o restante de outros órgãos da administração direta.

Ainda de acordo com a Pasta, diversos serviços são prestados na Subsaúde, a exemplo de : homologação de atestados, avaliação de capacidade laborativa, realização de admissionais para candidatos a cargo público, atendimento de demandas judiciais diversas, apreciação de processos administrativos para aposentadoria por invalidez, isenção do imposto de renda e outros. Além do trabalho realizado em medicina preventiva pela equipe da medicina do trabalho, compostas por equipes multiprofissionais.

Em relação aos problemas de atendimento da Subsaúde a Seplag informou que toma previdências para aprimorar o atendimento aos servidores.

“A Subsaúde, da Seplag, está tomando medidas para solucionar as questões que emergiram com o processo de unificação, aprimorando, ainda mais, o atendimento aos servidores. A Secretaria está empreendendo esforços para melhorar a qualidade do atendimento prestado ao servidor, e, se preciso, poderá ser realizada mudança do atual local de funcionamento.”.

Em relação ao fechamento da SubSaúde no dia da chegada da tocha olímpica no DF, a Seplag tentou se explicar.

“Nesta terça-feira (3/5) houve um convite aos servidores – que tivessem disponibilidade e interesse – para assistir à Celebração da Tocha Olímpica, a partir das 16h. Para tanto, uma circular foi enviada às unidades do governo – que deveriam deliberar, levando em conta a natureza de suas atividades, sobre a liberação dos servidores e dar publicidade interna sobre a decisão.”.



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