Por Pedro Paulo Rezende
A direita israelense e o Hamas são os dois lados de uma mesma moeda. O terrorismo de Estado contra o terrorismo religioso. Não há bons e maus neste caso. Todos são bandidos. Não há justificativa para ações deliberadas contra a população civil, seja em ataques a raves em kibutz ou em bombardeios maciços e indiscriminados contra a Faixa de Gaza, onde vivem 2,3 milhões de habitantes. O objetivo dos dois lados é um só: a permanência do caos ao impedir um acordo de paz com a formação de um Estado palestino.
Para os radicais judeus, a ideia é incorporar a totalidade da Cisjordânia, que, desde 1996, deveria servir de alicerce para um Estado palestino. Em Gaza, apesar dos inúmeros recursos tecnológicos a sua disposição, Israel, desde 2009, usa apenas uma tática contra os militantes do Hamas, que não possuem armas antiaéreas efetivas: o bombardeio indiscriminado da área urbana pela Força Aérea de Israel inclusive com armas proibidas como bombas incendiárias de fósforo branco, aliado ao total isolamento da região.
A alternativa definitiva e correta seria a ocupação de Gaza por forças terrestres israelenses e a entrega do território à Autoridade Palestina, mas os governos de direita, populistas por natureza, preferiram uma alternativa de baixo risco político. Em lugar de arriscar a vida dos seus soldados optaram pelo terrorismo de Estado punindo civis. A questão é que, hoje, a tarefa de eliminar o Hamas é imensamente mais difícil do que em 2009. O braço militar do movimento tem 40 mil homens bem treinados e equipados. Os bombardeios da Força Aérea de Israel, ao contrário do que possa parecer, vão dificultar a situação. Escombros fornecem ótimos esconderijos e dificultam a localização das tropas invasoras.
Nada disto ocorreria se a Força Aérea de Israel, em lugar de disparar 6 mil bombas (total usado entre os dias 7 e 14 de outubro), usasse sistemas de precisão. Em quatro ocasiões, entre 2002 e 2004, líderes do Hamas foram eliminados com pouquíssimas baixas humanas por mísseis Hellfire, de fabricação estadunidense, lançados por helicópteros de ataque AH-64. Hoje, outros equipamentos extremamente precisos, como munições vagantes (ou drones assassinos) estão disponíveis no arsenal do Estado judeu. Ou seja, há tecnologia para atuar cirurgicamente. (leia mais aqui)