Por Kleber Karpov
O bilionário Elon Musk proprietário de megaempresas, a exemplo da Space X, Starlink, Tesla e da X (antigo Twitter, desde outubro de 2022), todas empresas de ponta e referenciais nos segmentos em que atuam. Empreendimentos esses que projetam o sul-africano, herdeiro de minas de esmeraldas da Zambia, naturalizado americano em um arrojado ícone do modelo de homem bem sucedido.
Porém, no Brasil, o triionário, a julgar o patrimônio, convertido para a Real, moeda brasileira, começou a levar seres pensantes a questionamentos relevantes em relação ao tempo despendido por Musk para realizar uma série de ataques. Dentre esses, as instituições brasileiras, o regime jurídico, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, Cristiano Zanin e, até mesmo o youtuber, Felipe Neto. Todos esses em comum, atuarem pela manutenção do Estado Democrático de Direito e pela retomada da Democracia no país.
O caso chama atenção, também, o que reforça questionamentos sobre as intenções por trás dos ataques, o alinhamento de Musk com o ex-presidente, Jair Messias Bolsonaro (PL/RJ), familiares e seguidores. Seja por declarações públicas, provocações, manipulações políticas, a exemplo dos ‘twittes files‘ que acabou a levar um grupo de parlamentares a brir espaço no Senado Federal, em audiência pública para ouvir disseminação de fake news, por parte de jornalista que acabou por se ‘retratar’ posteriormente sobre publicações realizadas e ainda por pseudojornalistas, crias, a exemplo, da deputada federal, Carla Zambelle (PL/SP), investigada por uma série de práticas criminosas.
Situações essas que apenas reforçam a necessidade de se questionar, por que um cara, do topo da elite do mundo, que está a mandar foguetes para o espaço, satélites para orbitar a terra, a produzir carros elétricos e outras maravilhas dedica tanto tempo até a se dedicar ao Twitter (ops) X, para fazer ‘firulas conspiratórias’ com investigados por tentativa de golpe de estado, um país hipoteticamente irrelevante, em desenvolvimento, da América do Sul?
Crise no Twitter (ops) X
A julgar o X, uma aquisição por ‘míseros’ 44 bilhões de dólares, sexta maior inserção mundial, estabelecida no Brasil, atrás dos Estados Unidos, Japão, Índia, Inglaterra e Indonésia, segundo informações da plataforma alemã Statista. Isso com um público de 22 milhões de usuários, conforme registrado em janeiro desse ano, conforme aponta o site de análise de sites SimilarWeb. Desses, um total de 9,3 milhões de brasileiros são usuários ativos mensais do X, ao se considerar somente acessos no app de smartphones com o sistema operacional Android.
Uma arma poderosíssima, a julgar que o Twitter é, simplesmente a maior rede social, de uso político do mundo, importante ressaltar que foi por meio da plataforma que a chamada Primavera Árabe publicitou a onda de protestos, em 2011, em vários países de origem árabe. Também foi nessa rede que o mundo deu vida as eleições de nomes a exemplo dos presidentes do Estados Unidos, Barak Obama com o “yes, we can” em 2012, Donald Trump e Joe Biden.
Também já no X, o mundo assistiu e reagiu, em 2020, aos gritos de “I can’t breathe” em reação a morte do homem negro em vulnerabilidade social, George Floyd em 2020, assim como a outros tantos atos. Invasões e assassinatos em escolas, nos EUA e no Brasil também.
Vale uma brecha ao Brasil que assistiu horrorizado e, eventualmente, em compartilhamento no mundo a politização e negacionismo quanto a pandemia SARS-CoV-2, o coronavírus. Os protestos mil em relação as mais de 500 mil mortes evitáveis proporcionadas por Bolsonaro, e tantos atos e desacatos do então presidente para com a população brasileira. Ou ainda das campanhas eleitorais brasileiras, em especial de 2022 e das tentativas de golpes, estampadas em doses ‘homeopáticas’, a cada 72 horas estampadas nas portas de quartéis de todo país.
Não menos grave, em paralelo, o mundo assistiu a União Europeia a apontar tendências do X de manipular algoritmos e estimular relações baseadas no ódio, como meio de alavancagem de consumo, vendas, anúncios e caos social. Constatações essas, com um duro recado, em meados de maio de 2023. Ou revê conceitos ou terá o uso banido no bloco europeu.
Ações essas que levaram o custo do Twitter a uma queda de aproximadamente 71,5% do valor pago pelo magnata, de acordo com análises da Fidelity (Nov/2023), investidora que participou da aquisição da rede social, conforme informações da Axios.
No caso concreto, é importante ressaltar que a fuga de anunciantes está entre a principal causa do declínio do X e, Musk é o grande agente causador da perda de valor da rede social. A exemplo de ter mandado anunciantes boicotadores “irem se foder”, durante entrevista ao New York Times; ou ainda por realizar comentários antissemitas, que desagradou a Casa Branca; Ações essas que resultara na perda de anunciantes de grandes empresas como Disney, Apple, IBM e Warner Bros.
Após os episódios das últimas semanas protagonizados por Musk, além de o empresário se tornar investigado no inquérito das milícias digitais, compostos por nomes ilustres, a exemplo dos bolsonaros e diversos parlamentares ligados ao ex-mandatário do país, o X, acabou por sofrer outras perdas.
Isso em decorrência de mudanças nas diretrizes realizadas pela União, em fevereiro desse ano. As medidas buscam evitar ações publicitárias em plataformas, aplicações e outros meios que possam “danificar a imagem das instituições do poder executivo”. Algo que não coaduna com ataques à democracia, estímulo a prática de violência e a ampla disseminação de postagens vinculadas, por exemplo, a grupos extremistas, neonazistas ou sabiamente, de organizações criminosas.
No contexto, dados do Portal da Transparência, apontam que o Governo Federal gastou, na rede social X, cerca de R$ 650 mil reais, cerca de 150 mil dólares, desde o início do mandato de Lula em 2023, até os primeiros meses de 2024.
No caso com um olhar isolado, as ações pretéritas do X, somado aos ataques recentes acabaram por atenuar, a perda de recursos diretamente vinculados ao governo, porém, irrelevante quanto se percebe a ação de diversos anunciantes brasileiros que pararam de anunciar ou simplesmente descartaram a plataforma como plataforma de marketing viável às empresas.
Crise na Tesla
O caso se torna mais uma incógnita ainda mais confusa, quando o bilionário, enquanto utiliza o tempo para ‘firulas conspiratórias’, resolve demitir, nesta segunda-feira (15/Abr), aproximadamente 14 mil colaboradores da Tesla, cerca de 10% da força de trabalho da empresa com 140 mil funcionários na estrutura global da empresa de carros elétricos.
A demissão, ocorreu por meio de e-mail interno por meio de um e-mail interno encaminhado a todos da empresa. Entre as justificativas apresentadas por Musk estavam a duplicação de funções em decorrência do crescimento exponencial da Tesla em contraponto da necessidade de otimizar processos para reduzir custos e aumentar a produtividade.
Ao longo dos anos, crescemos rapidamente com múltiplas fábricas em expansão em todo o mundo. Com este rápido crescimento, houve duplicação de funções e funções em determinadas áreas. À medida que preparamos a empresa para a nossa próxima fase de crescimento, é extremamente importante analisar todos os aspectos da empresa para reduzir custos e aumentar a produtividade.
Como parte deste esforço, fizemos uma revisão completa da organização e tomamos a difícil decisão de reduzir o nosso número de funcionários em mais de 10% globalmente. Não há nada que eu odeie mais, mas deve ser feito. Isso nos permitirá ser enxutos, inovadores e ávidos pelo próximo ciclo da fase de crescimento.
Gostaria de agradecer a todos que estão deixando a Tesla pelo seu trabalho árduo ao longo dos anos. Estou profundamente grato por suas muitas contribuições para a nossa missão e desejamos-lhe felicidades em suas oportunidades futuras. É muito difícil dizer adeus.
Aos restantes, gostaria de agradecer antecipadamente pelo difícil trabalho que ainda temos pela frente. Estamos desenvolvendo algumas das tecnologias mais revolucionárias em automóveis, energia e inteligência artificial. À medida que preparamos a empresa para a próxima fase de crescimento, a sua determinação fará uma enorme diferença para nos levar até lá.
Obrigado,
Elon
Informações antecipadas por meio do site Electrek — revista eletrônica especializada em veículos elétricos — aponta que a demissão em massa era algo esperado. Isso, após solicitarem aos gerentes que identificassem colaboradores ‘críticos’ e ainda por interromper alguns benefícios durante revisões contratuais de alguns colaboradores. A expectativa é que as demissões possam atingir até 20% do efetivo, ou seja, 28 mil trabalhadores.
Nomes de peso
Dentre os que deixam a Tesla chamam atenção nomes de peso, a exemplo do Vice-presidente sênior de trem de força e energia da Tesla, Drew Baglino, e o assistente Especial de Competitividade nos Negócios, e consultor sênior para política climática Rohan Patel. Embora ambos ainda mantenham as identificações dos cargos na rede social X (Antigo Twitter), ambos publicaram mensagens de despedida.
Baglino comentou a “difícil decisão” de deixar a empresa, após com 18 anos de trabalho na Tesla. “Estou muito grato por ter trabalhado e aprendido com inúmeras pessoas incrivelmente talentosas da Tesla ao longo dos anos.”.
I made the difficult decision to move on from Tesla after 18 years yesterday. I am so thankful to have worked with and learned from the countless incredibly talented people at Tesla over the years.
I loved tackling nearly 🤣 every problem we solved as a team and feel gratified…
— Drew Baglino (@baglino) April 15, 2024
Patel, por sua vez, comentou os 8 anos de Empresa, por serem repletos de “emoções” e dp sentimento de gratidão a quem fez questão de pontuar os grupos.
The past 8 years at Tesla have been filled with every emotion – but the feeling I have today is utmost gratitude.
To our unbelievable customers and fans – I’m inspired by your passion and impact on @Tesla and the mission.
To @elonmusk for giving me the chance and…
— Rohan Patel (@rohanspatel) April 15, 2024
Declínio
Se por um lado, Musk fala em otimização de processos, por outro, o bilionário pode estar a lidar com uma econômica no âmbito da Tesla, que aponta uma perda significativa nas estimativas de entregas acumuladas nos últimos anos. Informações essas, baseadas em relatório trimestral da Empresa, cor em queda de 8,5% nas ações da empresa, comparado ao mesmo período do ano anterior, considerado o primeiro declínio nas vendas, desde 2020.
Quedas essas que a empresa atribui a vários fatores a exemplo da atualização de fábrica da Freemont; Os ataques a navios promovidos pelos houthis — milícia ou movimento político que controla a maior parte do território do Iemem — que têm atacado navios no Mar Vermelho desde novembro, em solidariedade ao povo palestino na Faixa de Gaza, sob ataques das Forças de Defesa de Israel (FDI); e ainda um ataque incendiário na Gigafactory Berlin — Fábrica de bateria.
Porém, conforme aponta a Electrek, um outro elemento, não divulgado pela Tesla pode ter contribuído para a queda nos números, a ascensão da China na produção de carros elétricos que podem ter ‘abocanhado’ uma parcela relevante do mercado, tanto internamente quanto para exportação, da até então hegemônica empresa de Elon Musk. Isso porque a principal queda, percebida, segundo especialistas, ocorre justamente na região da Gigante Asiática.
Crise na Space X
Enquanto Musk passa a pautar a imprensa brasileira com ‘firulas conspiratórias’, ao atacar as instituições brasileiras, sobretudo para defender ação de golpistas e corruptos em uma linha tênue de irem parar na cadeia, o bilionário acaba a ter a mídia nacional e internacional a tentar compreender as motivações do megaempresário.
Reportagem da agência Blomberg, publicada por O Globo (12/Abr), aponta inconsistências, ou no mínimo, gestão temerária de outros dois grandes negócios do megaempresário, ao apontar que a Space Exploration Technologies Corp. ou simplesmente Space X, avaliada em dezembro em cerca de US$ 180 bilhões. A empresa privada, mantém contratos com a “National Aeronautics and Space Administration (Nasa) e dá sustentação a colocação de satélites na órbita terrestre, parte relevante de outro negócio à ‘menina dos olhos’ de Musk, a Starlink.
A Starlink baseada no comércio de sinal de internet sinal recebido do espaço é considerada uma das empresas privadas mais valiosas do mundo, responsável nesse ano, segundo alguns investidores, por mais da metade da receita da Space X. Atualmente, mantém uma carteira de 2,6 milhões de clientes, com um total de 5.600 satélites ativos implantados na órbita terrestre em baixa altitude.
Porém, segundo a reportagem publicada por O Globo, altos executivos relatam que a Starlink por diversas ocasiões acaba por eliminar o alto custo de enviar seus satélites ao espaço para que os números não tornaram públicos pareçam melhores para os investidores. Algo que classificam, em relação a prática contábil, como “mais uma arte do que uma ciência”, o que torna questionável a lucratividade da empresa.
Importante ressaltar que ao contrário da rede social X, com capital aberto e ações na bolsa de valores, a Starlink X permanece com capital fechado, com isso, permanece desobrigada a publicitar as finanças da Empresa.
A preocupação veio à tona, segundo fontes ouvidas pela reportagem, que apontam que embora seja um das empresas mais valiosas do mundo, a Starlink eventualmente gasta centenas de dólares em cada um dos milhões de terminais terrestres. Algo que coloca em xeque alegações de Musk e de altos executivos da empresa de o negócio estar em “terreno lucrativo”.
Mas com os quase US$ 200 bilhões de valor agregado da Space X e o potencial de captação de 8 bilhões de clientes as serem explorados pela Starlink, conforme lembrou a presidente da Empresa, Gwynne Shtwell, com o negócio de sinal de internet da Starlink, definitivamente, Musk não parece estar preocupado com ciência contábil quando se tem a ambição de popular Marte.
Por que?
Dado o cenário, sobretudo de crises certas, de médio para longo prazo, as perguntas que ficam são: Por que Elon Musk, está a perder tanto tempo com ‘firulas conspiratórias’ com tantas questões relevantes do conglomerado de empresas do bilionário a serem administradas? Musk está a disseminar ódio e atacar as instituições com algum propósito? Será uma forma de pressionar o governo, ou criar uma imagem negativa perante a opinião pública internacional para inviabilizar Lula e ‘resgatar’ Bolsonaro?
Sob esse contexto, analisar o panorama isoladamente, pode apenas aumentar a onda de especulações pois hipoteticamente, não faz sentido, o ‘apego’, de Musk a Bolsonaro e seguidores, por puro inconformismo. Porém, a proposta que alguns analistas começam a fazer é tentar enxergar o cenário como um todo e compreender que a rede social X é parte, talvez a menos importante, de um projeto maior do multimilionário.
Nessa semana, o colunista da Exame, Aluizio Falcão Filho, publicou o artigo “Moraes precisa entender a cabeça de Musk se quiser briga” (12/Abr), em que sugere uma abordagem pragmática e compreender que o bilionário não mede esforços quando o está em causa os frutos de seus dois grandes negócios, ou fruto de obsessões de adolescência: carros elétricos e viagens espaciais.
A questão no entanto permanece meio desconexa, quando a rede social X é o que hipoteticamente está em voga, no que tange aos ataques de Musk. Porém, a reportagem de Lucas Pordeus León publicado pela Agência Brasil, intitulado ‘Níquel, lítio e satélites: conheça interesses de Musk no Brasil‘ (15/Abr) foge ao caráter especulativo e pode revelar as reais intenções do empresário, por trás dos ataques a políticos, magistrados e as instituições brasileiras.
Níquel, lítio e satélites
Tais ações, de acordo com a reportagem, podem estar diretamente relacionadas aos negócios mantidos no Brasil, para além do X. E, nesse contexto, à sugestão e colocações de Filho podem ser totalmente pertinentes, uma vez que Musk mantém ao menos dois grandes negócios no país relacionados a níquel, satélites e o interesse no lítio.
Segundo a reportagem, a Tesla, fabricante de carros elétricos, firmou contrato, “de longo prazo” em maio de 2022, com a mineradora brasileira, Vale, para o fornecimento de níquel extraído do Pará, mas a partir de operações da empresa no Canadá.
Especialistas ouvidos pela reportagem apontam também o interesse do bilionário, no lítio brasileiro, considerado o ‘ouro branco’ ou ainda o ‘petróleo do século XXI’ por ser considerado um mineral ‘crítico’, em decorrência da escassez, e de importância central para a transição energética e para baterias dos carros elétricos.
Com o mercado em plena ascensão, projeção da Agência Internacional de Energia aponta que a demanda de lítio deve crescer em mais de 40 vezes, até 2040. O mercado por sua vez, que a do níquel deve expandir 19 vezes, até 2040, muito embora, o cenário de escassez possa começar a ser percebido ainda em 2026.
Nesse contexto, algumas informações são relevantes, primeiro que Musk sabe da realidade no que tange a escassez do lítio, conforme aponta o jornalista Pedro Reis de Portal Energia na reportagem ‘Em breve não será possível fabricar baterias para carros elétricos‘
(Mai/2019), ao revelar que em “conferência de imprensa à porta fechada em Washington realizada com empresas mineiras, reguladores e legisladores”, que a gerente mundial de fornecimento de minerais da Tesla, Sarah Maryssael, anteviu, em 2019, “uma escassez dos minerais chave para os carros elétricos, isto já num futuro próximo”. Segundo analistas, decorrente da falta de investimentos no segmento da mineração, a resultar no setor despreparado para as atuais demandas do mercado.
Sob esse aspecto, embora não sejam as maiores reservas do planeta, e haja estimativa de, 53% do lítio na a América Latina estar concentrada em países a exemplo do Chile, Bolívia e Argentina, o U.S. Geological Survey — Serviço Geológico dos Estados Unidos — aponta que o Brasil tem a 15ª maior reserva de lítio, com 800 mil toneladas do minério estimadas. Muito embora, o Ministério de Minas e Energia (MME) do governo brasileiro sustenta que o país seja dono da 7ª maior reserva de lítio do mundo, com 1,23 milhão de toneladas, o 5ª maior produtor mundial.
Com a ressalva, positiva, segundo o MME, ter uma alta concentração de lítio, em Minas Gerais, “de alta pureza, facilitando seu uso na fabricação de baterias mais potentes”. Em especial, na região do Vale do Jequitinhonha.
Terreno fértil
Com todos os elementos, começa a clarear as intenções de Musk de ensaiar uma eventual sobrevida a Bolsonaro ao tentar subjugar a Justiça brasileira à leis americanas. Afinal, foi em 2022 que o bilionário começo a desfrutar de ‘terreno fértil’ no Brasil. Inicialmente, em janeiro daquele ano, com a aprovação, por parte da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), ao uso dos satélites Starlinks da Space X. Segundo informações da Agência reguladora, atualmente a Starlink Brasil detém 149 mil das 398 mil, equivalente a 37,43% do total de contratos assinaturas de banda larga de internet via satélite no país.
Quatro meses após a Starlink receber autorização da Anatel, Musk visitou o Brasil, ocasião em que foi recebido pessoalmente por Bolsonaro, além de ser condecorado com a medalha da Ordem do Mérito da Defesa pelo Ministério da Defesa. A premiação é dada a personalidades que prestam “relevantes serviços” às Forças Armadas.
A Starlink tem, desde então, avançado no mercado brasileiro, em especial, nos locais de difícil acesso da região amazônica. Em fevereiro de 2023, a Anatel prorrogou os direitos de uso da companhia estadunidense por entender que ela contribui “com o progresso de nossas telecomunicações”.
Tiro no pé… ou farpa
Porém, se de uma ponta, Musk atua para tentar desqualificar as instituições brasileiras e aposta na desestabilização do país e em uma eventual recondução de Bolsonaro para garantir amplo atendimento às demandas da Space X, Starlink e Tesla, o uso da rede social X como meio pode representar um verdadeiro tiro no pé, muito embora o articulista da Exame discorde quanto ao método.
Isso porque, se de um lado o STF, hipoteticamente, pode impor apenas sanções facilmente contornáveis por Musk, a exemplo das multas, por outro, ações a exemplo do Ministério Público do Tribunal de Contas da União (MPTCU), que pede o fim das atividades das empresas de Musk no país, se endossado pelo Tribunal de Contas da União (TCU), pode resultar na perda de uma fatia relevante de todo o target de consumo do milionário.
Muito embora, dentro do espectro de um público alvo de 8 bilhões de clientes em potencial de sinal de internet da Starlink, a perda de uma fatia de 280 milhões seja totalmente irrelevante para o multimilionário que, talvez, não se intimide em dobrar a aposta, quando conta com um patrimônio de cerca de US$ 200 bilhões.
Que vença, a democracia!