Tolerância zero: Ex-diretor-geral da Polícia Civil do DF Robson Cândido é preso após denúncias de perseguição a ex-amante

Casos de ex-diretor da PCDF, ex-agente socioeducativo e ex-diretor do Hospital de Ceilândia demonstram atuação de instâncias do Executivo e Legislativo para punir assediadores. Mas predadores aprendem?



Por Kleber Karpov

O ex-diretor-geral da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), Robson Cândido, foi preso, na manhã de sábado (4/Out), na residência situada no Park Way. A prisão ocorreu, cerca de um mês após ex-amante denunciar Cândido por prática de assédio e crime de stalking, com Boletim de Ocorrência (BO), também formalizado pela esposa do então delegado, junto a Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM).

A prisão, cumprida pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT), também realizou mandados de busca e apreensão na 19ª Delegacia de Polícia, na casa do delegado Thiago Peralva, além da residência de Robson Cândido. Com acompanhamento da Corregedoria da PCDF, nos locais foram apreendidos celulares, notebooks e pendrives.

Publicidade

As investigações, apontam que Cândido fez uso da estrutura da PCDF, a exemplo de viaturas descaracterizadas, celulares corporativos e carros oficiais, com finalidades ilícitas e particulares. Segundo promotores, os investigados interceptaram ligações telefônicas da ex-amante de Cândido para monitorar localização em tempo real, o que configurou a pratica de stalking e violência psicológica.

Demissão

Foto: Reprodução

Na última semana, um terceiro caso envolvendo práticas de violência contra a mulher, denunciado à Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM), com base nos artigos 216-B (registro não autorizado da intimidade sexual), ganhou repercussão do blog Saúde & Direitos Sociais e por PD. Uma decisão do Tribunal de Justiça do DF e Territórios (TJDFT), obriga o GDF, a indenizar, a pagar indenização, por danos morais, de R$ 10 mil, a uma servidora, agente socioeducativas da Unidade de Internação de São Sebastião. Isso decorrente de denuncia, em fevereiro de 2022, após ser filmada com câmera escondida instalada pelo então servidor Rafael Oswaldo de Carvalho Arantes.

Embora a decisão da Justiça, em relação a indenizações, ocorra somente cerca de um ano e nove meses após o evento, vale observar que Arantes, denunciado por ao menos 16 mulheres, foi indiciado pela PCDF, na ocasião da denúncia, em fevereiro de 2022 e, demitido, em 31 de janeiro desse ano, após decisão da Controladoria-Geral do DF.

Na berlinda

Além do caso de Cândido, Política Distrital (PD),  também abordou na reportagem a denúncia de assédio sexual contra o ex-Diretor Administrativo do Hospital Regional de Ceilândia (HRC), o diretor do Sindicato dos Empregados em Estabelecimento de Saúde do DF (SindSaúde-DF) e também professor do Centro Técnico de Educação Profissional (CETEP), uma escola técnica em Águas Lindas de Goiás, Alcione Pimentel Barros, exonerado em 24 de novembro de 2022, sob a acusação de ter assediado moral e sexualmente uma funcionária terceirizada do HRC. Isso após a trabalhadora pedir ajuda para transferir o avó  para uma Unidade de Terapia.

De acordo com a vítima, que registrou BO na PCDF, Barros, conhecido por “Faca na Caveira” entre os pares do SindSaúde, dentre outros abusos, após se fechar na sala com a trabalhadora terceirizada do HRC, chegou a segurar o braço da vítima, “passando a outra mão em seu pescoço, seios, barriga, bunda e partes íntimas” que tentou se desvencilhar, mas contida com mão na mandíbula da mulher, o então diretor administrativo do HRC, “teria passado a boca e a língua no rosto da servidora.”, ocasião em que a trabalhadora afirmou ter conseguido empurrar o homem e sair da sala. A denúncia aponta ainda que Barros, continuou a chamar a servidora para ir até sua sala; em dar carona à vítima além de enviar “um vídeo do ambiente e a chamava para ‘sextar’” ocasião em que a mulher decidiu procurar DEAM de Ceilândia, onde denunciou o caso.

Prática essa, que em reportagem ao G1/TV Globo (24/11/2022), a defesa alegou inocência do acusado, que trata a todos sempre com “urbanidade e cortesia”. Denúncia essa que, em apuração de PD, junto a SES-DF, a pasta esclareceu que “o referido Processo Administrativo Disciplinar – PAD foi aberto, mas as apurações, bem como os dados do PAD, são sigilosos.”. 

Ocasião, também, em que a Subsecretaria de Relações com a Imprensa explicou ao PD, por questionar números do Painel de Ouvidoria do DF, sobre uma eventual não incidência do caso de Barros nas estatísticas.

“Os dados disponibilizados no Painel de Ouvidoria do DF são de casos registrados no sistema de ouvidoria do Governo do Distrito Federal, Participa DF (participa.df.gov.br), em tempo real. Ou seja, tudo o que é registrado via Ouvidoria do GDF está disponibilizado no Painel de Ouvidoria do DF. No caso de denúncias de assédio moral e sexual, o Decreto 44.701/23 traz o fluxo a fim de proteger o denunciante, garantindo que informações que o identifiquem não sejam disponibilizadas, por isso no sistema os registros não estão vinculação aos órgãos. Sendo assim, não é possível filtrar casos específicos por órgão. Porém, os dados estão disponíveis no Painel de Ouvidoria do DF de forma consolidada, tanto que foi possível realizar o comparativo total dos registros realizados entre 1º de janeiro a 15 de outubro de 2022 e 2023. É importante destacar que a Controladoria-Geral do DF está à disposição para responder a todas as questões dentro de sua competência, inclusive antes da publicação de futuras matérias.”, apontou a Pasta, sobre o caso sob investigação da SES-DF, por meio do PAD instaurado.

Mais assédio Moral no HRC?

Não menos grave que práticas de assédio sexual e outras práticas criminosas sexuais, o assédio moral também é alvo de denúncias recebidas e apuradas. Sob essa ótica, o Hospital Regional de Ceilândia (HRC), parece colecionar casos de práticas, algumas hipotéticamente sem encaminhamentos.

Com algum acervo documental já em mãos, PD apura outro caso que além de diversas denúncias realizadas à Ouvidoria do DF, DEAM e MPDFT em relação a prática de assédio moral a diversos servidores, também envolve suposta negligência por parte de gestor da Pasta. Caso esse que em fase final de apuração que deve ser publicado em breve.

Passou por assédio, relate seu caso

Fostes vítima de algum de assédio no ambiente de trabalho? Lembre-se, PD sempre está aberto a receber denúncias, apurar e abordar o assunto, jornalisticamente, com todo o respaldo jurídico sobre o sigilo e privacidade da fonte.



Política Distrital nas redes sociais? Curta e Siga em:
YouTube | Instagram | Facebook | Twitter










Artigo anteriorDPDF: Mulheres em vulnerabilidade ganham acesso a exames gratuitos de imagens e de sangue
Próximo artigoGDF divulga lista de novembro para castração gratuita de cães e gatos