Tratamento além dos remédios é tema de jornada em saúde mental infantojuvenil

Evento acadêmico contou com a participação de preceptores e residentes da área



A 4ª Jornada do Programa de Residência Multiprofissional em Saúde Mental Infantojuvenil (PRMSMI) foi concluída nesta quarta-feira (16), com o tema “Dificuldades do desenvolvimento e perspectivas de cuidado desmedicalizantes”. Realizado em Brasília, o evento reuniu agentes de saúde, dentre preceptores e residentes, estudantes de graduação e membros da comunidade.

Terapeuta ocupacional do Centro de Atenção Psicossocial Infantil (Capsi) de Taguatinga e uma das preceptoras do PRMSMI, Giovanna Brunelli enfatiza a participação da comunidade nos debates promovidos durante a quarta edição. “Durante os dois dias de evento, construímos tanto um espaço educativo quanto um lugar de compartilhamento de experiências na rede pública”, diz.

O objetivo das jornadas é atualizar os debates científicos em torno do bem-estar psíquico de crianças e adolescentes do País, e, assim, fomentar práticas de cuidado psicossocial dos pacientes – e não apenas de um tratamento fundado em remédios e internações. Para tanto, foram montadas seis mesas de debate, de forma a discutir a “desmedicalização” nos serviços de saúde mental.

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Marília Carvalho é psicóloga residente do PRMSMI e uma das coordenadoras da jornada. Ela explica que o trabalho psicossocial consiste em tratar integralmente o paciente, considerando o meio em que ele vive, suas relações familiares e questões sociais que possam influenciar sua saúde mental. “Muitas vezes, um transtorno de depressão, de ansiedade, uma falta de vontade de ir à escola vêm de um contexto social, de uma repressão social. E isso reverbera no sujeito, na formação subjetiva dele”, avalia.

As abordagens focadas apenas nos sintomas psíquicos do jovem – e em tratamentos feitos exclusivamente por medicamentos – raramente são eficazes, segundo a profissional. “O debate principal da 4ª jornada é a ‘medicamentalização’ de infâncias e adolescências, tentando também compreender o que podemos fazer de diferente, entender a formação do sujeito, das famílias e dos territórios e como potencializar as capacidades do paciente”, acrescenta.

Ao todo, seis mesas de debate trataram da necessidade de “desmedicalização” nos serviços de saúde mental

Outra participante dos debates foi a jornalista e poetisa Rebeca de Assis. Tendo frequentado um Centro de Atenção Psicossocial (Caps) por quatro anos, ela faz questão de frisar o papel que os profissionais da unidade tiveram em sua vida: “A equipe virou parte da minha família. Criamos um vínculo muito importante e eu agradeço demais. Sempre me ajudou, cuidou de mim, esteve comigo nos momentos em que mais precisei”, conta.

O programa

O PRMSMI foi criado em 2016 pela Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), da Secretaria de Saúde (SES-DF). No projeto, estudantes de pós-graduação conciliam atividades teóricas à práticas de atendimento à população. O programa tem dentre suas premissas a defesa de um modelo de educação que torne o profissional de saúde mental comprometido com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).



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