Trégua da natureza: Casos de dengue devem diminuir com a chegada da seca



Circulação de um novo sorotipo da doença contribui para o aumento dos registros

Por Luciene de Assis

A chegada do período de seca deve favorecer a queda no número de casos de dengue no Distrito Federal. A circulação de um novo sorotipo do vírus causador da doença, o tipo 2, elevou a incidência de casos, o que torna praticamente toda a população do Distrito Federal susceptível à dengue, já que, até então, havia predominância do sorotipo 1.

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A comparação do quadro de casos de dengue do mês de abril para maio, de acordo com o último Boletim Epidemiológico, apresenta diminuição na força de propagação da doença. Desde janeiro, ações intersetoriais têm sido implementadas no trabalho de combate à dengue, ao mosquito e na conscientização da população, realizadas em parceria com técnicos da secretaria, homens do Corpo de Bombeiros, do SLU, militares do Exército, administrações regionais, Novacap, Adasa, secretarias de Educação, das Cidades e da Agricultura, e Casa Civil.

O diretor de Vigilância Epidemiológica da secretaria, Delmason Carvalho, confirma que, das 606 amostra coletadas nas últimas semanas, dois terços (443) são do sorotipo 2 do vírus da dengue, cuja predominância não tinha se observado até então no DF. “A curva de ascendência demonstra um platô entre as semanas epidemiológicas 14 e 18, podendo indicar que a incidência está estacionada”, explica ele.

Agravante

Delmason Carvalho lembra que, em 2016, foram registrados 17.718 casos prováveis da doença e identificados sete casos do sorotipo 2 do vírus da dengue. “Hoje, no entanto, o sorotipo 2 é predominante na transmissão. E quem já teve dengue, se tem contato com o sorotipo diferente daquele que o acometeu, apresenta uma possibilidade maior de desenvolver dengue grave. No caso de alguém que nunca teve a doença, desenvolver dengue pelo sorotipo 2, esta pessoa tem uma probabilidade maior de desenvolver a dengue grave”, alerta. 

Em 2019, no período mais crítico, já somam 17.304 casos prováveis da doença. A média de incidência acumulada foi de 557,97 casos por grupo de  100 mil habitantes no DF. O patamar de baixa transmissão é menor do que 100 casos por 100 mil habitantes.

De acordo com Fabiano Martins, da Gerência de Vigilância das Doenças Transmissíveis da secretaria, a situação epidemiológica, hoje, está associada a dois fatores – a introdução do novo sorotipo, agravado pelo fato de que, nos últimos 20 anos, houve predominância da dengue do tipo 1, e as condições climáticas.

Chuvas

“No quadro atual, além de termos o novo sorotipo circulando, tivemos uma condição climatológica atípica, com mais chuva e temperaturas mais elevadas, o que facilitou a proliferação do vetor transmissor da doença”. Fabiano lembra que, normalmente, no Centro-Oeste, a chuva termina em abril, mas, neste ano, se estendeu até maio, “um fato complicador”, reforça o técnico da Saúde.

A Secretaria de Saúde alerta que é preciso manter os cuidados preventivos e vai aguardar os próximos boletins para confirmar a tendência de diminuição nos casos de dengue. “Estamos vivendo uma situação nova de dengue. E se não tivéssemos feito nada, a situação poderia ter sido muito pior”, reforça Delmason Carvalho.

Durante o período sazonal de manifestação da doença, a pasta mobilizou, além dos 542 agentes de Vigilância Ambiental, mais 400 militares do Corpo de Bombeiros e 138 homens do Exército somados aos servidores dos outros órgãos que colaboraram nas diversas ações de combate ao Aedes aegyptirealizadas em todas as regiões administrativas do DF. Foram inspecionados 389.264 imóveis, o fumacê foi aplicado em 453.250 imóveis, e houve a instalação de 653 armadilhas no Gama, Recanto das Emas e Estrutural.

No início de 2019, o governador  Ibaneis Rocha declarou estado de emergência na saúde do Distrito Federal “e a resposta a essa situação emergencial está se dando desde janeiro”, lembra Delmason Carvalho.

Fonte: Agência Saúde DF



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