Três, de alguns elos: Mãe e filha, uma Enfermeira e um paciente, policial militar, todos do DF refletem o drama de milhões de brasileiros



Desespero, desgaste emocional, desabastecimento, desinformação são alguns dos dilemas enfrentados por profissionais de saúde, familiares e paciente. Três, de alguns elos que resultam em cerca de 12 milhões de casos confirmados e mais de 294 mil óbitos por coronavírus no país

Por Kleber Karpov

Nesta semana, três vídeos, de uma mãe com a participação de uma filhinha, uma enfermeira do Hospital Regional de Taguatinga (HRT) e um paciente do Hospital Regional de Ceilândia, um policial militar, todos do Distrito Federal, chamaram a atenção poder demonstrarem, sobre óticas diferentes, os dramas de milhares de famílias brasileiras, perante o impacto da segunda onda do coronavírus (Covid-19).

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Profissional de saúde

No primeiro, divulgado na terça-feira (16/Mar) no microblog Twitter de Douglas Protázio, criador de Diário de Ceilândia (Veja aqui), um relato emocionado da enfermeira, Tatiane Campos, do HRT (11/Mar), sobre a angústia de lidar diariamente, com a pandemia. No vídeo, a enfermeira aos prantos, narra as dificuldades, decorrente da falta de medicamentos, equipamentos e insumos.

Tatiane Campos, evidenciou ainda, a pressão em que os profissionais de saúde, que atuam na linha de frente contra o Covid-19 atuam, para tentar vencer uma batalha, enquanto lidam com cargas emocionais de estresse e angústia, ao verem colegas e parentes morrerem, vítimas do coronavírus.

“Sai do plantão, extasiada, chocada, cansada, sem saber o que fazer. Ver a mãe de uma colega de profissão falecendo, e a gente tentar fazer o que pode, a esposas de outro, 40 anos entubado por essa doença. Ver as pessoas precisando de oxigênio, 27 pacientes, todos no oxigênio, todos graves, barra de oxigênio acabando e a gente não consegue, ver porque, não temos pessoal suficiente, estrutura adequada, material, recurso nenhum para aguentar essa situação, é desesperador.”, disse aos prantos, ao observar que após um ano, a situação se complica.

Família

Também em 16 de março, Natália Serrão, esposa do cuidador de idosos, Vanderson Alves Ferreira Costa, 35 anos, internado no Hospital Regional do Guará (HRGu), em estado grave, relatou o drama da família a espera de um leito de UTI.

Natália Serrão, explicou em um vídeo publicado nas redes sociais, que o marido, internado no dia anterior com tosse e falta de ar, teve uma piora progressiva no quadro de saúde e passou a precisar de um leito de UTI, porém, sem sucesso. A esposa do cuidador de idosos, relata que o esposo chegou a avisar sobre a necessidade de intubação, dado a dificuldade respiratória.

A esposa de Costa também relatou a piora do quadro de saúde do marido, a necessidade de ser transferido para um leito de UTI, além de se queixar, desesperada, da falta de informações, em relação ao marido internado no HRGu, sem o devido suporte médico.

O vídeo chama atenção, em trecho onde Costa, avisa à esposa a necessidade de intubação, e afirma amar Natália e a Lecca, a filha Rebecca Luiza Serrão Alves, de 8 anos, filha do casal, expressa a falta do pai “Oi pai, tudo bem com o senhor? Eu estou com muita saudade do senhor.”.

Paciente

Ofegante e com dificuldade respiratória, o sargento da reserva, integrante da banda de música da Polícia Militar do DF (PMDF), Wesley Pereira de Andrade, internado no Hospital Maria Auxiliadora, no Gama, pouco antes de vir a óbito, pediu por ajuda.

Embora não se saiba do nível de lucidez no momento da gravação, o PM, em uma mensagem enviada à família, fez um apelo ao Policial Militar, Totó, que integra o Batalhão de Trânsito da PMDF, pede para acionar os deputados distritais Hermeto (MDB) e Roosevelt Vilela (PSB), egressos da PMDF e do Corpo de Bombeiros do DF (CBMDF), respectivamente. Andrade faz uma acusação grave, ao afirmar ser diabético e reclamar que estavam “empurrando doce”, e sem receber medicamentos, após 11 dias de internação no hospital.

“Totó, meu amigo, me salva cara, aqui no Maria Auxiliadora, eles estão me matando, entra daí no site do Hermeto, do Roosevelt, manda geral, mas não deixa eles me matar, aqui estou sendo tratado igual cachorro, cara desde ontem que eles não me dão medicamento. Foram me dar medicamento hoje Totó, me ajuda. Entra em contato com o governador, com o Hermeto, com o diretor da Policlínica. Pelo amor de Deus Totó. Você é um cara bom, eles estão me matando aqui, eles não dão medicamento. Desde ontem, Totó, pela sétima vez [incompreensível] que eu sou diabético, [incompreensível], cara eles estão me empurrando doce.”, disse ao voltar a pedir ajuda.

Três, de alguns elos

Os casos em questão, apontam os dilemas sofridos por três elos, que protagonizam a luta contra o coronavírus no país. Em comum, o desespero de lidarem com a pandemia, seja no ambiente de trabalho, na família, ou no leito de um hospital.

Por outro lado, esses três, são acompanhados por outros elos, a exemplo da política, que no Brasil, se tornou sinônimo de omissão, negacionismo, sabotagens, negociações de cargos e ministérios, intrigas e disputas eleitorais. Situações essas que acabaram por colocar estados e municípios, como reféns, conforme apontam estudiosos, de uma possível política do governo federal para disseminar o Covid-19 no país. Elos esses a serem abordados por Política Distrital (PD), em uma série de reportagens.



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