Por Adriana Izel e Jak Spies
A última equipe do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) regressou a Brasília na tarde de quinta-feira (11). Após atuar em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Sistema de Comando de Incidente (SCI) em resposta à emergência ambiental que atingiu o estado do Rio Grande do Sul, seis militares estão de volta.
Durante as duas últimas semanas, os bombeiros agiram em colaboração com o órgão ambiental federal para implementar operações de resgate da fauna e da flora afetadas pela tragédia das enchentes. “Nosso trabalho em conjunto com o Ibama é uma demonstração do compromisso do CBMDF com a proteção ambiental e o cuidado com todas as formas de vida. A dedicação de nossos militares durante esta missão no Rio Grande do Sul é motivo de grande orgulho e reforça a importância da colaboração em momentos de emergência”, declarou o comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Sandro Gomes Santos da Silva.
As ações de resgate de fauna e de garantia de bem-estar de animais que vinham sendo desempenhadas pelo SCI ficarão a cargo da Superintendência Estadual do Ibama, no Rio Grande do Sul, de modo que os atingidos pela tragédia continuem a receber o apoio necessário.
Durante a participação do CBMDF foram realizados 284 voos com drones nas ações de mapeamento da área afetada. Nas operações foram resgatados 1.319 animais silvestres, 116 animais domésticos, além da distribuição de mais de três toneladas de insumos veterinários como vacinas, medicamentos e ração aos mais de 10 mil animais domésticos que estão em abrigos.
Ao todo, desde o início da missão humanitária do Distrito Federal no Rio Grande do Sul, 53 bombeiros militares do DF foram empregados nos municípios mais atingidos pelas enchentes em abril deste ano. “Nós mandamos um efetivo especializado, com militares com cursos de salvamento à altura, de mergulho, de salvamento aquático. Foi uma tropa muito capacitada que ajudou a salvar muitas vidas lá no Rio Grande do Sul”, completou o comandante-geral da CBMDF.
Auxílio das forças do DF
Os primeiros profissionais foram cedidos pelo Governo do Distrito Federal (GDF) em 3 de maio, seis dias depois do início das chuvas no estado. Além dos bombeiros, a missão humanitária contou ainda com seis agentes da Defesa Civil, 35 policiais militares e 11 policiais civis lotados no Departamento de Atividades Especiais (Depate). Na mesma missão, quatro papiloscopistas policiais da PCDF atuaram em abrigos do Rio Grande do Sul, onde fizeram a abordagem social para a confecção de carteiras de identidade para a população desabrigada.
Os mais de 100 integrantes das Forças de Segurança que participaram da missão humanitária no RS foram homenageados nesta última semana na Câmara dos Deputados. Em uma solenidade no Auditório Nereu Ramos, os profissionais foram reconhecidos com certificados pela atuação de busca, resgate, salvamento e apoio operacional nas cidades de Porto Alegre, Canoas, Guaíba, Eldorado do Sul, São Leopoldo e Bento Gonçalves.
Uma das homenageadas foi a tenente-coronel Paula Tiemy do Corpo de Bombeiros Militar. Ela esteve na primeira equipe da corporação a desembarcar no Rio Grande Sul. Foram 19 dias de trabalho que resultaram no resgate de 150 adultos, 30 crianças e bebês e vários animais. “Foi uma experiência diferente de tudo que já passei. Trabalhei na operação do Haiti, que foi terremoto, entretanto o desastre do Rio Grande Sul teve inundações e a questão do deslizamento de terra. Retiramos inúmeras vítimas dos bairros alagados e simultaneamente outra equipe atuava nas áreas de deslizamento”, lembrou.
O sargento Marílio Costa, da Polícia Militar, contou que atuar em ações humanitárias traz o sentido real da profissão. “A sensação é de que estamos sendo úteis. Prezamos sempre por servir e proteger. Então, a partir do momento que a gente pode servir alguém, estamos alcançando o objetivo de existir como policial militar”, definiu. A equipe em que Marílio Costa atuou fez socorro a 57 pessoas que estavam ilhadas na região, com auxílio de um helicóptero e uma aeronave, além do transporte de materiais às vítimas.
Sobre o reconhecimento, o sargento definiu como uma valorização a mais ao trabalho da corporação. “O nosso maior reconhecimento é ver as pessoas recebendo as doações e sendo resgatadas, mas ser reconhecido pela população do DF e pelos nossos representantes é muito gratificante”, defendeu.