Uso de equipamentos e adesão a normas previnem acidentes de trabalho

Informe epidemiológico reúne dados dos cinco últimos anos e ressalta a importância das notificações em casos de danos. No DF, foram registrados mais de 3,6 mil atendimentos em 2022



Dores na mão, dormência e formigamentos. Estes são sintomas da síndrome do túnel do carpo, diagnóstico que a ex-operadora de caixa Lucineia da Silva, de 36 anos, recebeu em 2020, decorrente das atividades desempenhadas no trabalho. O atendimento iniciou na Unidade Básica de Saúde (UBS) 3 da Nova Colina, quando a encaminharam ao Ambulatório do Trabalhador, localizado no Hospital Regional da Asa Norte (Hran). “Fazendo o acompanhamento, senti muita melhora e não estou mais com tantas dores”, declara.

Além da síndrome, Lucineia está sob investigação de outros problemas de saúde, como reumatismo. Para indicar processos que evitem situações como essas, no entanto, é preciso considerar inúmeros fatores: frequência, gênero, idade, função e outros. “O que mais temos visto é que a utilização dos equipamentos corretos é uma forma efetiva de prevenção”, avalia o médico Paulo Lisbão, da Secretaria de Saúde (SES-DF). “Em caso de perda auditiva decorrente de ruído, por exemplo, é preciso o uso de protetores auriculares, que já se tornam uma forma de cuidado”, acrescenta.

No DF, uma pessoa que sofre agravos ou doenças relacionadas ao trabalho deve passar pela rede regular de saúde, cuja porta de entrada é a UBS mais próxima da residência

Além de aderir às normas regulamentadoras e às medidas sanitárias, recomenda-se que o trabalhador observe riscos inerentes às suas funções e em como preveni-los. “É importante identificar possíveis situações perigosas no processo de trabalho, assim como manter todas as vacinas em dia. A prática de atividades físicas também traz muitos benefícios”, aconselha a diretora da Saúde do Trabalhador (Disat), Elaine Morelo.

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Saúde em números

Neste ano, a Diretoria de Saúde do Trabalhador da SES-DF elaborou o Informe Epidemiológico em Saúde do Trabalho. O documento reúne dados dos últimos cinco anos sobre agravos, doenças e acidentes no ambiente laboral como: dermatoses ocupacionais, perda auditiva induzida por ruído, câncer relacionado ao trabalho, intoxicações exógenas, pneumoconioses, lesões por esforço repetitivo (LER), dor relacionada ao trabalho (Dort), acidentes de trabalho graves e com material biológico (ATMB), e transtornos mentais.

A análise indica que o DF apresentou uma série histórica de crescimento em casos de ATMB, totalizando 9.255 notificados no período de 2007 a 2022, com estabilização a partir de 2018. O dado mais recente é de que houve 888 casos registrados em 2022.

A Secretaria de Saúde destaca que o uso correto de equipamentos é uma forma efetiva de prevenção de acidentes de trabalho | Foto: Paulo H.Carvalho/Agência Brasília

Já em relação a acidentes de trabalho graves, foi computado um total de 9.004 notificações entre 2018 e 2022, com aumento da incidência dos registros a cada ano. São 3.619 casos em 2022 contra 2.431 em 2021. “O número de acidentes de trabalho graves, incluindo óbitos, é preocupante. Precisamos ficar atentos e desenvolver estratégias para reduzir a incidência”, afirma Lisbão, um dos organizadores do informe.

Os números são mais baixos em casos de LER e Dort. A capital federal registrou 116 situações em 2022, cerca de 9% dos casos nacionais, cujo total, na época, foi de 7.259.

O levantamento realizado identificou ainda um predomínio de indivíduos do sexo masculino (84%) envolvidos em situações de agravos no trabalho. Observou-se também a prevalência das faixas etárias entre 20 a 29 anos (29%), seguida da faixa de 30 a 39 anos (28%) e pela de 40 a 49 anos (23%) que, juntas, correspondem a 90% dos casos de acidentes de trabalho.

Subnotificações preocupam

Para Lisbão, o que mais chama a atenção, contudo, é a alta subnotificação dos casos. “Retiramos os dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação [Sinan], do Ministério da Saúde, no qual são lançados todos os casos de várias doenças e de notificação compulsória.”

O registro adequado dos casos auxilia a tomada de decisões e permite observar quais locais ou áreas precisam de atenção especializada. “Se não há uma notificação correta, não posso, por exemplo, visualizar se há um canteiro de obras com muitos acidentes”, diz o médico.

Serviço

No DF, uma pessoa que sofre agravos ou doenças relacionadas ao trabalho deve passar pela rede regular de saúde, cuja porta de entrada é a UBS mais próxima da residência. São mais de 170 unidades na capital, que podem ser conferidas no site do Infosaúde.

O Hran conta com o ambulatório da Saúde do Trabalhador, que realiza as avaliações de doenças relacionadas ao ambiente laboral e de sequelas de acidente de trabalho. Os agendamentos são realizados pelas UBSs e o atendimento ocorre às segundas e terças-feiras, das 7h às 13h.



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FONTEAgência Brasília
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