Por Thaís Miranda
Quase cinquentona, a rodovia DF-095, popularmente conhecida como Via Estrutural, está prestes a ser reinaugurada mais moderna e capaz de atender as expectativas dos mais de 100 mil motoristas que circulam por ela diariamente. Após 12 meses de trabalho, uma das principais vias do Distrito Federal terá todo o seu asfalto substituído por pavimento rígido de concreto, se tornando a primeira do DF a ter essa tecnologia em toda sua extensão, de 26 km.
Para transformar a Estrutural, o GDF investiu R$ 80 milhões, oriundos da Agência de Desenvolvimento (Terracap) num trabalho desenvolvido pelo Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF). O objetivo é garantir mais mobilidade entre importantes regiões do DF com uma vida útil do pavimento mais duradoura.
São milhares de motoristas que transitam entre algumas das maiores cidades do DF. A DF-095 é a principal via de ligação entre o Plano Piloto e Ceilândia, Taguatinga, Águas Claras e Vicente Pires, Samambaia e Cidade Estrutural, indo até Águas Lindas de Goiás. Essa intensidade não tinha acompanhado, até então, o crescimento das regiões ao redor da rodovia local, criada em 1974 como a mais nova via expressa da capital. Nesses quase 50 anos, nenhuma obra completa de reconstrução asfáltica foi feita no local, que castigava carros e motoristas com desníveis e ondulações típicas de diferentes ações de recapeamento ao longo do tempo.
O que muda
Com 150 mil toneladas de concreto — o equivalente a cerca de 10 mil caminhões betoneiras cheios —, os buracos e as irregularidades na rodovia deram espaço para um tapete de concreto estruturado em camadas de 21 cm pelos 13 quilômetros de cada sentido. A expectativa é que a vida útil da pista seja de aproximadamente 20 anos.
“Utilizamos a tecnologia chamada whitetopping, que consiste em colocar o concreto de 21 cm de espessura por cima do pavimento asfáltico já existente. Estamos atentos às tecnologias disponíveis no mercado para aumentar a vida útil da via e diminuir os transtornos para a população do Distrito Federal”, afirmou o presidente do DER-DF, Fauzi Nacfur Junior.
Após a liberação da pista, serão feitas novas etapas na via, como a instalação de meios-fios e de defensa metálica, além da sinalização horizontal e vertical e o plantio de gramas.
Dinheiro bem investido
A Estrutural é um dos percursos mais recorrentes na vida da empresária Mayrla Moniz, 35. Ela mora em Vicente Pires há aproximadamente 20 anos, e reconhece que a obra era mais do que necessária. “Para mim, é uma das principais vias de acesso ao Plano Piloto. Tinha muito desnível, com muitos remendos de buracos. Dava para ver que tudo era medida paliativa”, pontuou.
“A primeira sensação que tive quando passei aqui pela primeira vez depois da concretagem foi de surpresa. Eu uso a Via Estrutural desde a minha infância, antes mesmo de morar em Vicente Pires. Esse sempre foi o nosso trajeto e eu não me lembro de uma obra desse tamanho. Então, agradeço por estarem utilizando muito bem os nossos impostos naquilo que realmente deve ser feito”, destacou Mayrla.
Transtornos necessários
Assim como em outras obras importantes e essenciais para a mobilidade do DF, a exemplo do Túnel Rei Pelé, em Taguatinga, e do Viaduto do Sudoeste, a obra da Via Estrutural também causou transtornos para que os benefícios sejam colhidos pela população em breve.
Funcionária de uma loja de cosméticos no centro de Taguatinga, Maria Francisca Silva, 22, conviveu com a obra do início ao fim, uma vez que a região foi a mais afetada com as obras do túnel. “Durante as obras, era muita confusão e trânsito demais. Eu chegava atrasada quase todos os dias. Às vezes eu descia do ônibus antes da parada porque era mais rápido ir caminhando”, compartilhou a vendedora.
De acordo com ela, a estrutura viária trouxe mais conforto e segurança para quem transita na região. “Hoje em dia eu estou achando tudo maravilhoso. Estou amando porque eu realmente vi mudança. O Túnel de Taguatinga representa, para mim, conforto, segurança e muita qualidade. Valeu muito a pena esperar as obras serem concluídas”, avaliou Maria Francisca.
A aposentada Marli Oliveira, 72, reconhece que transtornos das obras viram benefícios ao falar da inauguração do Viaduto Luiz Carlos Botelho, no Sudoeste. “Realmente gerou muito transtorno, isso acontece em toda obra. Mas a gente precisa passar por isso para depois colher os benefícios. Esse viaduto ficou maravilhoso, o trânsito flui muito melhor.”